“A defesa da terra não tem outra finalidade senão a defesa da vida”
(Papa Francisco, 19/01/2018)
Nós, Irmãs Catequistas Franciscanas ouvindo os clamores do povo e, em fidelidade ao carisma, assumimos como opção congregacional ser presença junto aos povos originários, nas diversas regiões e países onde estamos inseridas, num processo de mútuo aprendizado. Reafirmamos o compromisso de continuar, a missão assumida em 2012, junto ao povo Guarani Kaiowá, que clama pela defesa da vida, da terra e dos direitos. Os Guarani Kaiowá somam uma população de aproximadamente 50.000 pessoas e se concentram na região Sul, do estado Mato Grosso do Sul.
Defender a vida dos povos indígenas significa para nós, na perspectiva da vida em abundância prometida por Jesus Cristo, defender a demarcação e a proteção de seus territórios, garantindo lhes o usufruto exclusivo dos bens naturais que neles se encontram, sem outras interferências ou interesses alheios.
Os povos originários são mestres na resistência e guardiões no cuidado da Casa Comum. A terra, para os povos originários, é eixo fundante para os processos de relação e pertença a um determinado espaço. Neste espaço sagrado são tecidas todas as relações cotidianas, entre os indivíduos e com todo o universo numa interconexão de sentimentos, ações e cuidado. É preciso “cuidar” da terra, ela é herança sagrada do Criador e manifestação por excelência da Mãe, da grande maloca. E la é a única casa/morada, que temos para viver. “Cuidar da terra, é cuidar das filhas e filhos da terra”. Tudo o que fizermos a ela, estaremos fazendo a nós mesmos e as gerações futuras.
A economia neoliberal coloca em risco toda a vida do planeta e dos povos originários, pois a economia global em curso saqueia e mata toda a possibilidade de vida das gerações presentes e futuras, “este desenvolvimento parece uma grande cobra, que tem muitos filhotes e vai engolindo tudo o que tem pela frente, não tem como saciar este monstro”, Lucio Mamaindê. Os povos originários resistem e cuida a mãe terra, gestam um novo amanhecer e que graças a teimosia diária e as suas espiritualidades, continuam dinamicamente, a viver do seu jeito, apontando o Bem Viver, como uma possibilidade de continuidade da vida no planeta.
O papa Francisco, em Puerto Maldonado chama a atenção para a realidade dos povos originários da Amazônia, “provavelmente, nunca os povos originários amazônicos estiveram tão ameaçados nos seus territórios como o estão agora. A Amazônia é uma terra disputada [...]. Devemos romper com o paradigma histórico que considera a Amazônia como uma despensa inesgotável dos Estados, sem ter em conta os seus habitantes”. [Papa Francisco, Discurso aos povos da Amazônia, Puerto Maldonado, 19/01/2018 (Fr.PM)]... Esta sua fala representa a realidade de todos os povos originários, de norte a sul, de leste ao oeste do Brasil. Todos estão ameaçados na sua integridade física, cultural e territorial.
“Somos sementes teimosa, resistiremos sempre”
(Rosa Guarasugwe.)