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Publicado em Testemunhos
26 Setembro 2019 Comments (4)
A vida é um dom e um chamado de Deus

Quando pensei que era um sonho, acordei na realidade, e vi que tudo era verdade.

Eu sou Floresdelia. Sou guatemalteca e de origem Indígena Maia Poqomam. Nesta oportunidade quero confirmar que a vida é um verdadeiro mistério, porque desde os 8 anos eu dizia que queria ser religiosa, mas eu não sabia como era a vida religiosa, só sabia que queria uma vida diferente. Pensei que isto nunca iria acontecer, porque meus pais não me deixavam sair de casa, não tinha o apoio deles e não queriam que eu continuasse estudando.

Mas, pela graça de Deus e ajuda de um dos professores que davam aula na minha comunidade, pude continuar os meus estudos, e seguir minha caminhada. Um professor foi em casa conversar com meus pais e conseguiu convencê-los para que eu não parasse os estudos.

Depois, com o tempo continuei sempre animada em ser religiosa, mas não conhecia nenhuma congregação.

Um dia conversei com uma jovem da comunidade sobre minhas inquietudes e falei para ela que queria ser religiosa. Logo ela me disse que conhecia as Irmãs Catequistas Franciscanas que moravam no município de San Luís Jilotepeque, perto da minha comunidade El Camaron. Ela me disse que entraria em contato com as irmãs e que falaria de mim para elas. Pronto! Três dias depois a Irmã Olga Ferreira estava na porta da nossa casa. Meu pai encontrava-se bravo comigo, porque ele não concordava com minha decisão, mas aceitou a visita da Irmã Olga Ferreira e começaram a conversar sobre minha inquietude. Eu nesse momento me sentia muito emocionada. Eu estava nervosa, mas mesmo assim por dentro sentia-me feliz porque estava tornando-se realidade meu sonho.

No ano 2014, ingressei como aspirante na congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, em San Luís Jilotepeque com outra colega e as Irmãs Olga Ferreira e Terezinha Pacheco. Gostei muito do jeito como elas trabalhavam no meio do povo, na formação de lideranças e com a medicina natural. E depois de dois anos fui morar em Guajitos, um bairro da capital de Guatemala. Foi uma experiência desafiante porque estava mais longe da minha família e a capital é muito grande e perigosa, mas consegui meus objetivos. Isso não foi impedimento na minha caminhada, porque quando se inicia uma experiência com amor e por amor Àquele que nos amou primeiro, nada e ninguém pode impedir.

Depois de dois anos morando na capital, recebi a proposta da Irmã Lucia Gianesini, Ministra Provincial, de fazer o noviciado no Brasil, junto a uma colega, Edione Pereira das Mercês, da província São Francisco de Assis, que também ia fazer o noviciado.

Cheguei no Brasil o dia 10 de janeiro de 2018. Fiquei uns dias em Rodeio, conhecendo um pouco a história da congregação. Gostei muito de conhecer o lugar onde as primeiras Irmãs começaram a congregação, toda história que ali se encontra. Muito interessante ver também as nossas Irmãs idosas lá, todas guardam uma história bonita de alegria e também de sofrimento, acredito que para elas não foi fácil, mas é por elas que nós existimos.

Depois para ter mais uma experiência e conhecer melhor a realidade, e saber como o povo vive, fui morar um mês no Bairro Jardim Iririú em Joinville. Logo me encaminhei para Curitiba, no Bairro Novo, na província São Francisco, para dar início a etapa de formação, o noviciado.

Encerrando o ano canônico do noviciado, voltei para Joinville no Jardim Iririú para fazer o segundo ano de noviciado e experiência pastoral. Durante estes três meses de presença no meio do povo e na Irmandade com as Irmãs Edite Tomelin e Marilete Rover, estou participando das diversas atividades que se realizam, na comunidade e no Projeto “Socializando Saberes”.

É muito bonito conviver com as crianças da biblioteca, também estar um tempo juntas com as mulheres batendo papo, pintando panos e fazendo crochê. É um momento muito agradável, estou gostando desta experiencia, e estou contente de assumir a missão neste lugar participando também do grupo bíblico em família. Neste mês vocacional, participei da equipe missionária, visitando as famílias e fazendo o levantamento da realidade da paróquia São João Batista.

Durante este processo vocacional senti a necessidade de um acompanhamento mais profundo, participei um mês da terapia psicoterapêutica em Laurentino. Após 30 dias, senti que preciso de mais um tempo para conhecer-me melhor. Recebi a proposta das Irmãs do Centro Vida e Paz para continuar esta terapia e após conversa com a equipe provincial de Blumenau me permitiram continuar um tempo mais em Laurentino para meu conhecimento pessoal. E aqui estou!  

Sou muito grata a Deus e à congregação por brindar-me estas oportunidades maravilhosas. Mesmo com as dificuldades do dia a dia, estou conseguindo me ambientar nesta realidade, porque nada é impossível, “é caminhando que se faz caminho”.

Aproveito esta oportunidade para convidar as jovens que se sentirem chamadas a dar o primeiro passo nesta busca, a ter coragem de viver o chamado.

Querido Deus, graças te dou por me ouvir, me guardar e por fazer de tudo para me ver sorrir! (Salmo 64).

Floresdelia López Morales