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25 Agosto 2014
A vida para quem acredita...

É preciso caminhar para ver (Kala – Wenda) Tala Hady (lugar do sofrimento). Este é o significado do Bairro e da Comuna do Cazenga onde a Comunidade interprovincial das Irmãs Catequistas Franciscanas vivemos nossa missão. Apesar do nome recordar uma história de dor e sofrimento do povo deslocado pela guerra, hoje é visível e palpável o movimento e a dança da vida, rumo a  um novo amanhecer.” Mulheres Raiz da Vida” estão a fazer história não de medo e dor, mas  de otimismo, esperança e alegria.

Cada dia muito cedo, a vida nos surpreende. O barulho da vassoura, as vozes alegres que chegam na esperança de aprender a ler e escrever, e, não só, mas também de encontrar-se com a companheira, saber como foi a noite... e na acolhida, na escuta, no olhar, no silêncio, na visita, no aconselhamento, na entreajuda às famílias e também às irmãs, continuar a cuidar da raiz para que o broto cresça e dê fruto.

 “Cada manhã, o Senhor desperta o meu ouvido, para ouvir como discípula. Ouvir, prestar atenção, como discípula, cada manhã”.  

O que vi, ouvi e senti (Êx 3).  Nesta semana, a partir de terça-feira, dia 12 de agosto, senti muito de perto a grandiosidade da missão existente nas dependências da fraternidade São Francisco em Cazenga, a coragem e bravura das mulheres que já aprenderam a levantar a cabeça e a voz. Terça-feira, (12), o grupo Mulher Raiz da Vida foi agraciado com um contentor (casa móvel) para desenvolver suas atividades. Foi uma doação da empresa HALLIBURTON. O grupo possui um pequeno terreno que ainda não foi beneficiado, mas que estão a correr em busca de recursos para o melhoramento do local. Devido ao terreno estar em aberto, quando receberam a notícia de que iria chegar o contentor, ficaram sem saber direito o que fazer, e, como tudo tinha pressa, ficou acertado de deixá-lo no pátio da casa paroquial. Dado ser um objeto de grande valor, pois é uma casa completa, tinham muitos olhos desejosos de obtê-lo, agora que ele já estava ali à vista. Irmã Enedir falou: O contentor está no pátio da casa paroquial, o que vamos fazer? As mulheres responderam. Deixe conosco! O que nos surpreendeu foi a força de mobilização destas guerreiras da vida, que, na tarde de quinta e poucas horas da manhã de sexta-feira, (15) tiraram pedras, espalharam uma carrada de areia vermelha que foi trazida, aplainaram o terreno, arrancaram jante de uma carcaça de caminhão para fazer suporte, trouxeram e organizaram o local para que o contentor (casa móvel) ficasse bem para ser usado. No dia anterior já havia sido acionado um carro guincho e na sexta-feira mesmo com  o terreno em aberto o contentor foi instalado, mas a vizinhança já estava mobilizada para ajudar a vigiar a fim de evitar danos e as coisas mais frágeis, como as janelas de vidro, elas tiraram e carregaram na cabeça para deixar  em um lugar seguro. Sábado, dia 16, foi um dia “D”. Os doadores queriam ver o que as mulheres faziam. Então mobilizaram-se, organizaram todas as oficinas para estarem no jango da casa das irmãs neste dia.  

O movimento se dá através das oficinas de: kissangua,(bebida típica), costura, fabrico de bolsas de anilha, multimistura, sabão,alfabetização e Pastoral da Criança. Para o fabrico do sabão elas pegavam óleo de fritura no supermercado Shopryte. Quantos bidons de óleo carregados na cabeça. Para tristeza de muita gente, principalmente das mulheres recicladoras do óleo, aconteceu um desastre e o supermercado pegou fogo. Irmã, e o nosso óleo? Mas o Deus dos pequenos que não desampara, não demorou enviar sua providência. Após um apelo no final da missa para que a comunidade juntasse o óleo de fritura nas familias para ser recolhido pelas mulheres a fim de continuarem seu trabalho, outro caminho se abriu e não apenas com 04 bidons que reuniam 80 litros de óleo, mas agora são 13 bidons que reúnem semanalmente 260 litros. A pergunta que surge é esta: “Irmã, como se explica isto?” – “As coisas de Deus não se explica...”.

E foi esta riqueza de oficinas que os visitantes vivenciaram, neste sábado, (16), pois todas estavam trabalhando ao mesmo tempo. Umas no jango e em  vários locais do quintal da casa das irmãs, outras como o crochê de pastas, venda do sabão, costura, marcenaria, já inaugurando o contentor - a nova casa . Era um fervilhar de gente, um vai e vem lindo de ver!

Tudo isto acontece em um espaço de vivência não “oficial” onde a criatividade, a recuperação da autoestima o acreditar que são capazes e que como grupo se tornam fortes, surpreende e desinstala aquelas que ainda parecem inseguras. Carro chefe – Pastoral da Criança.

Irmãs queridas, esta é uma pitadinha da vida do nosso povo que agradece a cada uma de vocês que também torcem e incentivam as que aqui se encontram para que tenham saúde e disposição para viver esta realidade que a cada dia traz o seu colorido carregado de desafios, sonhos e esperanças.

Carinhosamente o abraço de suas irmãs.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmãs Enedir Rosa Corrêa e Maria de Jesus Moraes