Realizou-se em Brasília (BR), na sede das Pontifícias Obras Missionárias (POMs), nos dias 9 a 12 de setembro, o Encontro da REDE ECLESIAL PANAMAZÓNICA. Esse encontro foi convocado pelo Departamento Justicia y Solidaridad do CELAM (DEJUSOL) e pela Comissão Episcopal para a Amazônia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Também são promotoras desse evento a Confederação Latinoamericana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR), a Caritas Latino-Americana (SELACC), com o apoio do Pontifício Conselho de Justiça e Paz. Também participaram desse evento os representantes das Congregações religiosas e outras entidades e grupos que possuem projetos missionários na macrorregião. Como participantes desse encontro, buscamos essa integração para fortalecer nossa presença missionária no território, considerando a riqueza de nossa experiência e aprendizagem. Porém, também como resposta às limitações diversas, como o isolamento de muitas comunidades e/ou organizações eclesiais, ações elaboradas em projetos de horizonte limitado (e nem sempre inseridos numa dinâmica processual), assim como as limitações de recursos humanos e econômicos com que nos defrontamos.
A grande Bacia Amazônica, conhecida como Panamazônia, sempre foi um grande desafio pastoral e missionária para a Igreja Católica. É uma urgência unir forças e criar caminhos de diálogo, cooperação e articulação entre todos os atores eclesiais presentes na região. Com o fim de lançar as bases de uma entidade capaz de proporcionar a criação de consensos em torno da missão da Igreja na Amazônia em vista de uma ação comum, constituiu-se a REDE ECLESIAL PANAMAZONICA (REPAM). Um tema de debate foi os grandes projetos macro-econômicos, a atuação dos governos nacionais sob a Iniciativa Integral de Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), e impactos das mudanças climáticas na Amazônia. Em particular se tratou dos impactos sobre o bioma amazônico e na vida das comunidades autóctones presentes na região. O horizontes dos debates se resume nesse lema: “Panamazônia: fonte de vida no coração da Igreja”. De um lado, lembramos que a Amazônia não pertence apenas aos cuidados pastorais de uma Igreja Local de um país ou de um continente, mas à Igreja toda inteira. Por outro, hoje, em tempos de globalização, de uma consciência mais aguda sobre as consequências do aquecimento global, sabemos que a Amazônia é um tesouro necessário a todo o planeta. Ela é um patrimônio de toda humanidade.
Essa consciência sobre a importância de uma ação comum da Igreja na Panamazônia é fruto de um longo processo de amadurecimento. Vários encontros realizados nos últimos anos, em nível de CELAM e também por parte da CNBB, vêm apontando para a necessidade de uma colaboração mais estreita entre as Igrejas de seus países. De igual modo, essa consciência foi crescendo entre as diferentes instituições religiosas, organismos e projetos missionários. Em vários níveis foram se estabelecendo caminhos de diálogo, de colaboração e a criação de laços, dando forma ao sonho de uma Igreja articulada e em comunhão na Panamazônia. Nesse caminho está sendo muito importante a motivação dada pelo Papa Francisco, quando afirmou que a Amazônia constitui para a Igreja um teste decisivo, um banco de provas para o futuro de toda a região. Para tanto recordamos o que nos diz o Documento de Aparecida:
“Criar nas Américas a consciência sobre a importância da Amazônia para toda humanidade. Estabelecer entre as Igrejas locais de diversos países sul-americanos, que estão na bacia amazónica, uma pastoral de conjunto com prioridades diferenciadas para criar um modelo de desenvolvimento que privilegie os pobres e sirva ao bem comum.” (DAp 475)
Animados pelo Espírito que nos tem conduzido nesse encontro, decidimos avançar nessa reflexão e em nossos compromissos, formalizando a criação da REDE ECLESIAL PANAMAZÔNICA (REPAM), tendo:
Como Visão: À luz do Evangelho de Jesus Cristo morto e ressuscitado, queremos viver uma experiência de fraternidade e solidariedade encarnada e inculturada, como instrumento de diálogo e unidade eclesial, sinal e horizonte do Reino de Deus, a serviço da Panamazônia, em defesa da vida, Dom de Deus, seriamente ameaçada, o que implica “criar consciência nas Américas da importância da Amazônia para toda a humanidade.” (DAp 475)
E como Missão: A partir de uma plataforma de intercâmbio e enriquecimento mútuo e uma confluência de esforços das Igrejas Locais, Congregações Religiosas e movimentos eclesiais, com voz profética e a serviço da vida e do bem comum, nos propomos como REDE ECLESIAL PANAMAZÔNICA, potenciar de maneira articulada, a ação que realiza a Igreja no território Panamazônico, atualizando e concretizando opções apostólicas conjuntas, integrais e multiescalares, no quadro da doutrina e das orientações da Igreja.
Sobre o papel da REPAM e da Igreja em âmbitos internacionais, sobretudo se acentuou a relação entre a Panamazônia e o meio-ambiente. Nesse sentido a reflexão sobre as mudanças climática foi central. Como resultado do encontro se definiram caminhos concretos para contribuir na COP 20, a se realizar em Lima (Peru) em dezembro desse ano, mediante a subscrição de documentos que apresentarão instituições de Igreja, a elaboração de uma Carta Pastoral, e a preparação da participação conjunta nesse evento.
Esse Encontro terminou com a publicação de uma Declaração Fundacional da criação da REDE ECLESIAL PANAMAZÔNICA. Veja anexo
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