É com alegria que queremos partilhar o que vimos, ouvimos e sentimos nos dias 29 a 31 de agosto de 2014, quando participamos do Encontro Formativo da CRB de Santa Catarina, no Centro de Formação, em Lages. Éramos um grupo bem significativo, sendo dez Irmãs Catequistas Franciscanas, das Províncias Santa Clara de Assis e Imaculado Coração de Maria.
Tivemos a graça de ter como assessora Ir. Annette Havenne, que nos levou a refletir profundamente sobre a Identidade e Mística da Vida Religiosa Consagrada. Trata-se de dizer quem somos no seguimento de Jesus, e tentar dizê-lo de modo que seja significativo para nós e para o mundo pós-moderno onde estamos inseridas(os).
Como Jesus, desejamos nos reapropriar da nossa identidade profunda e vivenciá-la no compromisso, com alegria e esperança, voltando à raiz da nossa vocação: Quem dizem que eu sou? Quem dizem que nós somos? O que queremos? Onde estamos? A alegria é sentimento que vem de opção consciente. Por que, então, perdemos a alegria? Para onde foi a nossa alegria? Conseguimos nos identificar como pessoas e como congregação, no sentido amplo e profundo? Estes questionamentos mexeram muito conosco.
As interpelações foram muitas, do início ao fim do encontro. Porque sou religiosa(o) devo alimentar minha vocação, o chamado que recebi; continuar no seguimento de Jesus Cristo; exercer minha missão com Jesus e do jeito dele; ir às periferias, como diz o Papa Francisco; estar com os mais fragilizados e quebrados; amar a minha fraternidade/comunidade; viver a espiritualidade no mundo; amar e cuidar da vida frágil... Uma vida à escuta do povo e da Palavra e disponível ao apelo de Jesus.
A assessora salientou três elementos fundamentais para a VRC apostólica: Comunidade, Missão e Mística. Um tripé circular. Um referencial desde a Assembleia Nacional da CRB em 2013, que tinha como tema VRC hoje, identidade e esperança.
Ir. Annette também nos motivou no exercício da Leitura Orante da Bíblia, a partir de Mc 3,13-14, texto que pode nos ajudar a perceber a originalidade do chamado e envio: Jesus chamou os que ele quis, constituiu os doze, fez o grupo, preparou-os para além da Páscoa e enviou-os a pregar com poder. Esse relato indica a experiência do chamamento gratuito, a descoberta de que estar com Jesus é conviver com outros e outras e ter a missão como horizonte de vida.
Outro momento bíblico muito rico e profundo foi a experiência do cego de nascença, Jo 9,1-41. Sair da cegueira espiritual e passar das trevas à luz. Jesus, que procede de Deus, é luz na nossa escuridão e nos faz pessoas transformadas, novas, livres, leves, soltas, destemidas...
Ser expressão da “Parábola Jesus” (Paulo Roberto Gomes, MSC), foi outro convite que recebemos. Jesus é uma parábola. A parábola tem como objetivo dar um choque e fazer as pessoas pensarem e mudarem suas concepções a respeito de Deus, da vida, da religião e da forma de agir. Quer levar à reflexão, incluindo algum elemento estranho e de surpresa. A parábola nos força a pensar um pouco mais e a superar o sempre sabido, repetido, conhecido e vivido. Ela sacode, destranca possibilidades diferentes, oferece novas perspectivas, tem força crítica e prática que incentiva a renovação da vida e da sociedade.
A identidade de Jesus consistiu em identificar-se com os necessitados e angustiados, miseráveis e excluídos, a fim de libertá-los desta situação, devolvendo-os a si mesmos, para serem livres para si, para os outros e para Deus, totalmente humanizados. Que “parábola Jesus” quero ser a partir do carisma congregacional?
Poderemos ser mais fiéis ao Evangelho tendo claro o específico da VRC, como facilitadores(as) da experiência de Deus revelada em Jesus de Nazaré, desenvolvendo e cultivando a diaconia na lógica do lava-pés e sendo manifestação da “parábola Jesus”. A proposta da VRC é ser luz, ainda que pequena, a indicar o caminho para aqueles(as) que queiram se fazer caminhantes.
Agradecemos à CRB de SC, em especial a Ir. Annette e a todas as pessoas envolvidas neste encontro. Louvado seja o nosso Deus que nos proporciona momentos de graça tão preciosos!