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26 Novembro 2014
Assessoria junto ao Centro de Referência da Mulher de Vacaria-RS.

No dia 20 de novembro, dia da Consciência Nacional Negra, estive ministrando um curso aberto à população de Vacaria, a convite da vice-prefeita que coordena o Centro de Referência das Mulheres no município. O Centro é responsável para acolher e acompanhar juridicamente, psicologicamente e socialmente as mulheres que sobrem algum tipo de violência doméstica e familiar. O tema que abordamos foi relações de gênero e políticas públicas. Esse evento era parte da Campanha apoiada pela ONU dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Esta campanha foi criada em criada em 1991, por 23 feministas do mundo todo, reunidas nos EUA. Nos demais países ela começa no dia 25 de novembro, que é o Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, e termina no dia 10 de dezembro,Dia Internacional dos Direitos Humanos. O fato de no Brasil iniciar no Dia Nacional da Consciência Negra é justamente para chamar a atenção sobre a dupla discriminação sofrida pelas mulheres negras.

No Brasil as políticas com perspectiva de gênero se institucionalizaram a partir da criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, no governo Lula que, sem dúvida, é resultado de uma trajetória histórica de lutas das mulheres. Apesar das conquistas que tivemos nos últimos anos, ainda se convive com grandes índices de desigualdade de gênero no mercado do trabalho, na política, nas religiões e além do mais, com altos índices de mulheres que passam por situação de violência doméstica e familiar. Estudos tem mostrado que a cada dois minutos no mundo, cinco mulheres sofrem algum tipo de violência.

 Não se pode achar que o problema da igualdade se resolveu simplesmente porque temos uma mulher presidente ou porque as mulheres estão mais visíveis na política e no mercado de trabalho. Faz-se necessário problematizar que papeis elas assumem; quanto elas recebem e em que condições trabalham. Em muitos postos de trabalhos elas precisam fazer mais e melhor mais tempo para se legitimarem em determinadas funções, simplesmente por serem mulheres. Vale lembrar que o Brasil ocupa a 15ª posição em igualdade de gênero entre os 16 países da América Latina. Na representação parlamentar de mulheres, em nível mundial, o Brasil ocupa a 116ª posição. Além disso, no Brasil 37% das famílias, as mulheres chefas, questão que vem junto com um processo de feminização da pobreza. Esses poucos dados nos lembram o quanto ainda se precisa avançar.

Desse modo, ao ministrar esse curso percebi o quanto é importante abordar esse tema junto à comunidade. O quanto as mulheres precisam conhecer os direitos já conquistados e os canais políticos que hoje estão aí, para que se tornem multiplicadoras desses conhecimentos e lutem para que as políticas sejam implementadas desde os municípios. Foi interessante constatar a presença de homens que estavam participando e que, ao menos, demonstraram somar juntos nesta causa.

Considerando que a construção das relações de gênero ocorre na interface com a cultura, nada melhor do que interferir nessa realidade com políticas públicas que ajudam a mudar mentalidades e práticas.

Cada vez mais considero que lutar pela promoção e dignidade das mulheres, em diferentes modalidades, seja pela formação, pela participação e apoio às mobilizações e campanhas é, sim, um campo vasto de missão, uma vez o grito das mulheres golpeadas, violentadas, sem voz, sem direito de ser sujeito reconhecido, continua clamando aos céus. Em muitos municípios ainda não se tem nem um organismo voltado para as demandas das mulheres, sobretudo das que são vítimas da violência de gênero.

Acompanhemos e apoiemos, de alguma forma, a campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Neiva Furlin

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