“Quando os pés o chão tocarem para a dança começar. Quando as mãos se entrelaçarem, vida nova há de brotar ’’

Nos dias três e quatro de janeiro em Rondonópolis - MT, na casa provincial realizou-se o encontro das irmãs que assumem a missão junto aos povos indígenas em diferentes realidades: São Gabriel da Cachoeira, Carauari, Itamarati (AM), Bolívia, Mato Grosso e Mato Grosso do sul. 

Animadas com o ENCONTRO iniciamos o momento de oração às 8h no bosque, onde fomos convidadas a contemplar toda a natureza com sua beleza e presença do Criador. Fomos motivadas a “tirar as sandálias” sentir o chão sagrado dos diversos povos e deixar que os pés tocassem o chão reverenciando a VIDA que dela renasce todos os dias.

Numa roda de conversa fizemos memória contemplando os lugares em que nossos pés tocaram, partilhamos com alegria e emoção quando aconteceu o meu primeiro contato ou encontro com os povos indígenas. Com alegria cantamos e dançamos a ciranda da vida. Foi um momento rico, alegre, emocionante, encorajador, que nos fez continuar apaixonadas pela missão.

Como discípulas caminhamos até o salão da reunião conversando sobre o que faz arder nosso coração na missão, em seguida continuamos com a partilha da realidade dos povos indígenas de cada região onde estamos vivendo, destacamos a força da resistência, os desafios e sonhos.

No município de São Gabriel da Cachoeira-AM, 98% da população são indígenas, com 23 etnias e 19 línguas. Nessa diversidade de povos as irmãs vivem em missão junto as indígenas na educação, nas pastorais, nos projetos sociais, na saúde e na Fazenda Esperança.

No município de Itamarati no alto rio Juruá-AM são três etnias (Deni, Kanamari, Kulina). As irmãs caminham com os indígenas doando suas vidas na saúde indígena, com atendimento Clínico e Formação dos AIS, atendimento na cidade (hospital e UBS) e 2 vezes ao ano  em área, realizam Encontros de formação com parteiras, pajés e medicina tradicional e DSTs.

Em Mato Grosso junto ao povo Boe Bororo a irmãs Valdina e Santina continuam sendo presença na luta e defesa da vida. O cultivo de hortas comunitárias e familiares vem ajudando na subsistência, mas os desafios como transporte, precário atendimento da saúde, apoio e incentivo ao plantio de arroz ainda continuam.

A missão Bolívia, de modo especial, com os povos Colla e Camba destacou os conflitos enfrentados e, que, para eles a presença das irmãs é de esperança, escuta e cuidado da vida.

Foi apresentado também o Projeto Guarani Kaiowá assumido pela congregação como Marco do Centenário.  Os clamores, desafios e esperanças vindos do Mato Grosso do Sul ecoaram em nossos corações. O desejo de colaborar neste projeto foi uma expressão marcante entre as irmãs presentes.

Jubilosas com o centenário da Congregação nos alegramos com as prioridades da Província Santa Teresa do Menino Jesus que, olha com amor e compaixão para os povos indígenas, sonhando e buscando  aliança com CIMI, Igreja, CRB, Rede um grito pela vida e em parceria com prefeituras, secretaria de saúde e conselhos municipais e Universidades na luta pela construção do Bem Viver para todos os povos.

O encontro foi um momento rico de retomada, partilha, novas iniciativas e celebração de nossa vida, presença e missão com os povos indígenas.

Ao final percebemos a importância do encontro e das partilhas, como elas nos enriquecem, animam, dão vigor, renova as forças. Temos a certeza que não estamos sozinhas e vale a pena sermos irmãs do povo.

Suplicamos a Divina Ruah que nos conceda humildade, olhos abertos, ouvidos sensíveis e atentos à realidade. Que ela que oriente e conduza toda nossa vida e missão junto aos nossos irmãos e irmãs indígenas.

Paz e bem!