14 de janeiro de 2015.
O dia amanheceu chuvoso como muitos outros aqui em São Gabriel da Cachoeira-AM. O galo anuncia o raiar do dia e os passarinhos alegres cantam celebrando a vida nova que desperta.
E eu? Com o coração agradecido, fui até a capela, acendi a vela que se encontrava no ambiente já preparado, juntei-me a este coro da natureza e com todas as minhas Irmãs Catequistas Franciscanas, cantei louvores pelo “sonho que se fez caminho, de Rodeio ao mundo como irmãs do povo”.
Mais tarde foram chegando mulheres, homens e crianças. Vieram compartilhar conosco da festa que também é deles. Vieram dizer: “Obrigado Irmãs, por viverem com a gente no Rio Negro!” “Obrigado! Vocês vieram morar entre nós índios e estão dando oportunidade para nossas filhas também viverem esse carisma!”
E assim fomos juntos fazendo a grande ladainha de agradecimento. Cantamos o Hino da Congregação, celebrando com todas as pessoas reunidas em Rodeio, e escutamos as jovens vocacionadas cantarem em tukano a música: “As três primeiras”.
Como tudo aqui “termina com comida”, nesse dia não poderia ser diferente. A Mirlene e a Irinéia (duas vocacionadas) prepararam a alimentação: quinhapira (Peixe cozido na água com muita pimenta), beiju e açaí. Essa é a comida de festa e é também a alimentação do dia a dia.
No refeitório, na varanda, sentados em cadeiras, bancos ou no chão, todos comiam alegres. Enquanto alguns ainda se serviam, olhei o cenário e percebi que eu era a única não índia. Quem diria! 100 anos depois, onde estamos? E num relance passou-me pela cabeça o nosso último capítulo geral, onde, depois de muita reflexão, assumimos como marco do centenário a causa indígena.
Assim, estava hoje eu celebrando e compartilhando da mesma quinhapira com as pessoas, que, por decisão nossa, são protagonistas desse novo tempo. E tanto isso é verdade que o maior número de aspirantes que a Congregação tem nesse centenário, são indígenas. Elas estão desenhando o novo rosto do nosso grupo.
E fiz uma prece: Senhor ajude-nos a sermos perseverantes na vivência do Carisma assumindo com ousadia a causa indígena! Ensine-nos a viver a simplicidade e a pobreza assumida, como viveram as primeiras irmãs e como vivem as comunidades indígenas: partilha, cuidado da vida, ajuda mútua...! Dê-nos a coragem de cada dia mais, colocar nossos bens e nossas vidas a serviço da missão. Amém!
São Gabriel da Cachoeira, 14 de janeiro de 2015.
Comentários
abraços
Endir
Abraço a cada uma!
São Gabriel da Cachoeira esteve em Rodeio no dia 14! Mas onde estava uma Irmã Catequista Franciscana, lá certamente esteve a alegria de celebrar 100 anos. E você conseguiu sentir-se em nosso meio. Parabéns por seu testemunho, por sua vida. Obrigada por celebrar conosco o centenário que nos desafia a prosseguirmos com espírito fortemente criativo para podermos manter acesa a chama do carisma.
No dia 14, em meio à celebração, lembrei-me muitas vezes de você, sozinha em São Gabriel!
Mas em fidelidade ao carisma e à missão, você assumiu também esse serviço de ficar lá, para acolher as vocacionadas.
Mas realmente, você não ficou sozinha! o povo, que é a razão da nossa congregação centenária estava celebrando com você.
Parabéns!
Anita