Os religiosos e religiosas redigiram uma nota a ser enviada ao Congresso e divulgada para a toda a sociedade, sobre a atual conjuntura política nacional. Temas em discussão no Congresso como a redução da maioridade penal e o não reconhecimento dos problemas socioeconômicos e políticos que dizimam populações indígenas e quilombolas, foram repudiados pelos Consagrados/as. “Assumimos o projeto de Lei de Iniciativa Popular, obra da coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. Nos posicionamos contra a redução da maioridade penal, o não reconhecimento das causas indígenas e dos quilombolas, e refutamos todas as atitudes que ferem a democracia e a legitimidade das eleições”, diz trecho da carta.
Os religiosos chamaram de práticas repressoras “a iminência de aprovação da redução da maioridade penal, a perda de conquistas trabalhistas, a lentidão da nossa justiça, a corrupção e, por vezes, a manipulação midiática que distorce os fatos e imprime uma abordagem parcial dos mesmos”.
Petrobrás, medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, o aumento abusivo dos preços de determinados serviços, a crise na relação entre os três Poderes da República, foram temas destacados na nota.
Leia a íntegra da mensagem.
NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DO PAÍS
A Conferência dos Religiosos do Brasil, por ocasião do Congresso Nacional para a Vida Consagrada, realizado nos dias 07 a 10 de abril de 2015, em Aparecida, São Paulo, com a presença de mais de dois mil Religiosos e Religiosas de muitas Congregações e Institutos de Vida Consagrada, Sociedade de Vida Apostólica e Institutos Seculares, de todo o Brasil, refletiu, entre outros assuntos, sobre o complexo e difícil momento pelo qual passa o País, sobretudo no que se refere à ameaça aos avanços sociais e aos processos democráticos, que consolidamos nos últimos anos, bem como sobre as dificuldades econômicas que assolam nossa população.
Refletindo sobre a identidade e profecia, constatou-se a urgência de uma reação pacífica, mas contundente, contra as práticas repressoras em curso: a iminência de aprovação da redução da maioridade penal, a perda de conquistas trabalhistas, a lentidão da nossa justiça, a corrupção e, por vezes, a manipulação midiática que distorce os fatos e imprime uma abordagem parcial dos mesmos.
É legítimo o clima de insatisfação popular frente ao “escândalo da corrupção na Petrobrás, as recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, o aumento abusivo dos preços de determinados serviços, a crise na relação entre os três Poderes da República”. No entanto nada legitima um “golpe na democracia”, pois o Estado Democrático de Direito foi conquistado com muita luta, sofrimento e martírio em tempo.
As manifestações de rua, ainda que legítimas, correm o perigo de servirem aos interesses privados de grupos fechados ao bem da população, em particular dos mais pobres.
Conscientes de que o que está em jogo é um conflito de projetos de sociedade, nossa missão profética coloca-nos sempre ao lado dos que mais sofrem, com uma postura ética, pautada na justiça e defesa dos direitos. Por isso, nos posicionamos contra toda forma de dominação, interesses, iniciativas e processos que violentem ou abortem as conquistas que potencializam a inclusão dos mais pobres. Assumimos o projeto de Lei de Iniciativa Popular obra da coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. Nos posicionamos contra a redução da maioridade penal, o não reconhecimento das causas indígenas e dos quilombolas, e refutamos todas as atitudes que ferem a democracia e a legitimidade das eleições.
Convocamos a todas e todos para que se mantenham firmes neste caminho, com uma postura crítica e lúcida neste momento histórico, discernindo com solicitude o que apoiar, exercendo uma cidadania ativa voltada para o fortalecimento das causas da justiça e da paz.
Que nossa Senhora Aparecida, nos ilumine e conduza sempre nos caminhos da justiça e profecia.
Aparecida, 10 de abril de 2015.
Irmã MARIA INÊS VIEIRA RIBEIRO, mad
Presidente da CRB Nacional
Pelos Consagrados e Consagradas presentes no Congresso Nacional
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