Nos dias 15 a 21 de junho de 2015, nós irmãs da Coordenadoria Todos os Santos, Província São Francisco de Assis, juntamente com mais três irmãs do sul, tivemos a graça de nos retirar no singelo “mosteiro de Taizé”, em Alagoinhas, BA, para juntas construirmos a tela da espiritualidade de nossa Vida Religiosa Consagrada, com fios que veem de dentro de nós, atentas a Divina Ruah que como brisa suave paira sobre o cotidiano de nossa vida.
Presente do Divino Amor esteve conosco nos orientando nas reflexões a Irmã Maria Teodolinda Frigério, ou como é conhecida, simplesmente irmã Tea.
A nossa espiritualidade carrega as perguntas que levamos conosco, anseio profundo de humanidade, de bem viver. Em Miquéias 6, 6-8, encontramos inspiração para nosso estilo de vida: “Foi-te anunciado o que é bom, e o que Javé exige de ti: nada mais do que praticar o direito, gostar do amor e caminhar humildemente com teu Deus”.
- Prática do direito e da justiça – Pobreza, um estilo de vida centrado nas relações de circularidade de bens, serviços e pessoas, da vida e da história, em diversidade e gratuidade, em responsabilidade mutua para a sustentabilidade e continuidade da obra criadora de Deus. Jesus ao curar coloca em circularidade a sua energia; na casa de Betânia coloca em circularidade seus afetos e na cruz a sua própria vida.
Pobreza, uma saudade que faz crescer em nós a sensibilidade para gestar o sonho de Deus, recuperando a religiosidade da vida.
- Gostar do amor – Castidade, experiência do amor apaixonado de Deus, que explodindo em amor dá vida a toda a criação. Sinal contra cultural a uma sociedade patriarcal, consumista e hedonista. Essa sede de amor nos predispõe para a relacionalidade com todos os seres. Uma sede que inspira nossas escolhas nos ensina a conviver com nossas diversidades e diferenças. Lugar onde florescem relações de cuidado e cultivo da vida, sede do Divino Amor.
O Hino aos Filipenses, 2, 5-11, nos revela que a Kenosis não é uma espoliação heroica: Jesus Cristo se esvaziou para nos encontrar e nos convida a nos esvaziarmos para acolher a outra, o outro, com a mesma intensidade de amor.
- Caminhar humilde com Deus – Obediência, estar presente na história em mutua colaboração, na cotidianidade de nossa existência. Is 50,4-5 “... Toda manhã Ele faz meus ouvidos ficarem atentos, para que eu possa ouvir como discípula”. O caminho do discipulado nos devolve a capacidade de escutar e responder, de estar presente e dar resposta à vida, na liberdade e com espírito de iniciativa. Convite para juntas viver a radicalidade do amor, no cotidiano da vida, na liminaridade de nossa vocação como humanidade e como VRC.
Paulo nos convida a “ser o bom perfume de Cristo” (2ª Cor 2,14-15). Perfume é essência. Encharcadas do perfume de Jesus, da sua Ruah, possamos nós ser presença que revela o mistério do Amor que se faz carne e arma sua tenda na humanidade, no universo.
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