Nos dias 15 a 20 de junho, Deus nos reservou um tempo especial. Conseguimos cessar nossas atividades cotidianas, a fim de nos reabastecer e energizar para um novo impulso em nossa missão. Estamos nos referindo ao retiro bíblico, promovido pela Província Santa Clara de Assis e orientado por Irmã Mercedes Lopes, MJC. Contamos com a presença de 22 irmãs de nossa província e das Irmãs Marlene Eggert e Anna Gonçalves da Província Imaculado Coração de Maria.

Na abertura, a assessora nos apresentou o tema do retiro: GRAÇA E SABEDORIA - AÇÃO DE GRAÇAS A DEUS NO PROCESSO DA NOSSA VIDA, tendo com eixo: A COMPAIXÃO SOLIDÁRIA PRODUZ ALEGRIA (Sl 103,8; Fl 4.4 e Rm 12,15).

A metodologia empregada foi simples: explicitação do tema com referências bíblicas, seguido de tempo de reflexão-meditação-oração individual, e no final de cada dia uma partilha em pequenos grupos. Em duas noites foram exibidos filmes: “O som do coração” e “A vida secreta das abelhas”, ambos muito significativos.

O tema principal foi desdobrado em vários subtemas. Fomos convidadas a vivenciar a alegria e a gratidão, mesmo que em nosso tear estejam presentes alguns fios de fragilidade e incoerência.

1 - SOMOS SERES A CAMINHO DA PLENITUDE. Tomando consciência da plenitude de Deus, encontramos nossa origem e percebemos que em Deus residimos. Assim, podemos transcender nossas limitações. A plenitude é um processo que vai acontecendo aos poucos. A busca da plenitude em Cristo nos faz seguidoras de suas práticas até as últimas consequências.

2 - VIVER NA LIBERDADE PARA SER FIEL AO NOSSO PROCESSO. O caminho ou processo, o constante vir a ser, é prioridade urgente e necessária para sermos presença significativa junto aos pobres na missão. Em 2Cor 3, 17 São Paulo nos diz: “onde está o Espírito de Deus, aí está a liberdade”.

3 - O AMOR DÁ SENTIDO E RUMO AO SEGUIMENTO. O amor é fundamento de nossa vida, razão do nosso existir. É o amor que nos conduz à plenitude. É dele que nasce a nossa liberdade de filhas amadas de Deus. É na prática generosa e no serviço desinteressado que brota a alegria de ser e existir. Assim se descobre o caminho onde não há trilhas nem estradas seguras, onde se exige ousadia para seguir adiante e interagir num processo coletivo junto aos pobres, para se chegar à transformação social. O Papa Francisco nos aponta três atitudes básicas: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria.

4 - VIVENCIAR O CUIDADO E A COMPAIXÃO SOLIDÁRIA. Em todos os momentos e circunstâncias em que for necessário exercer o cuidado, ter compaixão, ter entranhas de misericórdia e amor. O importante é estarmos atentas, com o coração aberto para ver e escutar, ter sensibilidade para deixar-se comover e praticar o cuidado, a solidariedade. O cuidado faz parte da profundeza do nosso ser. É o modo de sermos afetivas e ternas. Sem o cuidado, deixamos de ser humanas.

5 - A ALEGRIA DE EVANGELIZAR. O Deus da alegria nos faz ser alegres e nos fortalece para estarmos a serviço da vida e da evangelização. As alegrias mais belas e espontâneas são das pessoas mais simples. Em Mateus, as mulheres foram correndo com medo, mas alegres. Nesse misto de medo e de alegria elas se apressam para anunciar que Ele está vivo! São Paulo exorta os Filipenses: “Fiquem sempre alegres no Senhor. Repito: fiquem alegres” (Fl 4,4).

6 - A ESPERANÇA ALARGA O HORIZONTE DA VIDA. “Num pais como o Brasil, manter a esperança é em si um ato revolucionário” (Paulo Freire). É nossa missão manter viva essa esperança. Somos dom de Deus para o mundo. A esperança é como âncora para nossa vida, ela é segura, firme e penetrante até o outro lado da cortina do santuário.

7 - RECONHECER A GRAÇA E BENDIZER A VIDA. O milagre do amor nos chamou à vida, muito antes que nossos pais soubessem que haviam feito germinar um novo ser. E foi graça. De graça recebemos e de graça somos convidadas a doar nossa vida. Quem reconhece a graça de Deus está mais fortalecida para superar os desafios e as perdas.

8 - APRENDER E ACUMULAR SABEDORIA. Na nossa trajetória, aprendemos sabedoria acolhendo pessoas feridas e fragilizadas. Como “outras Marias”, queremos ter mãos cuidadosas, criativas e abençoantes. Somos cuidadoras por vocação, sentimos o carinho, ternura para com a vida. Cada vez mais conscientes e carinhosas, nos decidimos a ter cuidado com a terra, as plantas, o ambiente, as pessoas e suas situações. É preciso acreditar que há uma força vivificadora, misteriosa em nós. É Deus que está em tudo e em todas as suas obras.

Durante o retiro, além desta reflexão e da meditação-oração-contemplação, tivemos a graça de três celebrações eucarísticas presididas por Dom Onécimo Alberton, bispo da Diocese de Rio do Sul. Com sua perspicácia e atenção nos enriqueceu e nos ajudou a sentir mais de perto os apelos da missão, como Irmãs Catequistas Franciscanas.

Na celebração de encerramento, cada uma rezou o salmo de sua caminhada. Foi um momento denso de comunhão e partilha de vida. Após a celebração, numa bela ciranda, fomos enviadas de volta às nossas fraternidades, aos nossos espaços de missão. Nesta celebração, contamos com a presença de Irmã Terezinha Sotopietra, ministra provincial, e de outras irmãs das fraternidades locais e vizinhas.

Saímos deste retiro revigoradas, enriquecidas e abastecidas de graça-esperança-amor-sabedoria, para continuar nosso discipulado missionário, cada uma na realidade onde está inserida.