As pessoas que migram são sangue novo
nas veias de organismos envelhecidos,
oxigênio primaveril em sociedade
que se encaminham para o outono,
abelhas vivas que conduzem o pólen de valores novos
para fecundar as flores de outra cultura (Doc. Ap., nº 415).
Nos dias 22 e 23 de agosto, em Rodeio, na Casa Mãe, realizamos um encontro entre irmãs e leigos/leigas, para conhecer e refletir sobre o processo imigratório nos últimos anos, especialmente para Santa Catarina.
Contamos com a presença de 32 pessoas, entre irmãs, simpatizantes e outras pessoas leigas das comunidades de Santa Catarina onde as irmãs atuam. Entre o grupo tivemos a participação das Irmãs: Carmela Panini (PSCA) e Rosa Heinzen (PSFA).
O encontro foi assessorado por uma equipe: Maria de Lourdes Bernartt (Universidade Tecnológica Federal do Paraná/Unochapecó); Irmã Rosane Padova das Irmãs Missionárias de Maria Auxiliadora; Sandra de Ávila F. Bordignon (UFFS/Universidade da Fronteira Sul/Unochapecó); Yolande Pétion (Estudante haitiana - UFFS).
Após a acolhida, momento orante e dinâmica de apresentação, onde cada participante foi convidado/a, num gesto de misturar as águas de diferentes lugares/povos/culturas, a partilhar que água e/ou sede trouxe para compartilhar com o grupo. Sim, a Divina Fonte da Vida nos convida a misturarmos as nossas águas e sedes com o povo itinerante que caminha para saciar sua sede. Novas interpelações nos provocam a avançar, novas sedes do povo peregrino nos convidam a partir em missão e novas águas refrescantes enchem nosso coração de esperança e alegria.
Em seguida a equipe de assessoria iniciou a conversa a partir das questões: - O que é ser imigrante? - Quem são eles? -Que rosto tem? Que cor tem? - Somos preconceituosos? - De onde eles vêm? - Somos um povo acolhedor? -O que a nova migração nos afeta?
Entre os assuntos refletidos estão: - Quem são as pessoas que estão em movimento no mundo? - Movimento migratório mundial; - Movimento migratório para o Brasil e para o Sul; - Relatos de vida de imigrantes (Yolande estudante da UFFS); - Migrantes e imigrantes em SC; - Cenário estadual; - Atividades de acolhida e integração realizadas; - Encaminhamentos: - O que podemos fazer? - Como nos inserir? - Como agir? - Quais são os grupos de apoio em SC?
Compartilhamos alguns depoimentos de algumas pessoas que participaram:
“Em nossa opinião, o encontro organizado pelas Irmãs Catequistas Franciscanas, no qual tivemos a oportunidade de participar, foi muito importante, pois nos proporcionou condições de adquirir novos conhecimentos a respeito do atual processo migratório em nosso estado, principalmente pelos haitianos. Oportunizou conhecer um pouco da cultura daquele povo, os motivos pelos quais estão em processo migratório tão intenso, as formas e os motivos pelos quais estão chegando ao nosso estado, as dificuldades para chegar até o Brasil, dentre outras coisas.
Da forma como foi trabalhado o tema, inclusive com a presença de uma imigrante haitiana (que conforme relatou, já está no Brasil há quatro anos), a clareza das informações, a participação efetiva dos presentes (com grandes contribuições e relatos das situações em cada região do Estado), foi possível ter uma noção geral da situação destes imigrantes em Santa Catarina. Diante de tudo que foi visto, em nosso entendimento, o que mais impactou da atual situação são as dificuldades encontradas pelos nossos irmãos haitianos para comunicar-se com o povo brasileiro e a adequação aos nossos costumes. Desta forma, acreditamos que a partir deste momento teremos um olhar diferente para estes, e nossas atitudes e gestos de maior respeito e solidariedade para com eles e elas.
(Nilza Maria de Melo Freitas e Valdir Alcântara Freitas, da Comunidade Sagrada Família – Jardim Iririú – Joinville/SC).
- O encontro foi como que um cair das escamas de nossos olhos a respeito da situação de milhares de imigrantes que entram em SC em busca de condições dignas de vida, com destaque especial aos haitianos.
- As assessoras, mulheres - pesquisadoras sérias e totalmente engajadas, nos edificaram pela sua simplicidade, competência e espírito humanitário, nos motivaram a formar grupos articulados, redes com as iniciativas já existentes em SC: Joinville, Camboriú e Itajaí, médio vale do Itajaí, Rio do Sul e outros.
- Também sentimos a necessidade de organizar um grupo que pense e coordene trabalhos já existentes e outros que irão surgir para atender as demandas da imigração.
- Criar um projeto de sustentabilidade para responder aos anseios dos haitianos, pois temos muito a aprender deles.
- Os desafios são muitos, as dúvidas também. Mesmo assim aprendemos muito, o encontro foi produtivo com pedido de continuidade.
- Pessoalmente, além de concordar com o acima exposto, me senti pequena diante das lições de vida que os haitianos nos dão e com um desejo grande de deles aprender é muito.
(Irmã Lucia Deluca, pelo grupo da avaliação final do qual participei)
- A oportunidade de conhecer melhor a realidade da imigração em Santa Catarina, e os avanços já conquistados em relação a esta temática da imigração, a partilha e a escuta das várias experiências (Ex. a haitiana Yolande).
- Apaixonei-me com a simplicidade e a coerência das assessoras, com a possibilidade de um trabalho em redes.
- O número de participantes – irmãs e leigos/as um grupo atento e participativo.
- A preocupação da equipe de coordenação da província com esta temática.
- O trabalho das assessoras, responsáveis e comprometidas com esta causa, salientando a importância de um trabalho conjunto, tendo presente a realidade em que vivem estes povos, e os riscos que correm neste trajeto de saída e chegada aqui no Brasil. A hora é agora!
- Maior conhecimento das culturas. Acolhida do diferente de cada participante e maior entrosamento com as pessoas que caminham conosco.
(Irmãs Marilete J. Rover e Maria Salvador)
“À solidariedade para com os migrantes e os refugiados há que unir a coragem e a criatividade necessárias para desenvolver, a nível mundial, uma ordem econômico-financeira mais justa e equitativa, juntamente com um maior empenho a favor da paz, condição indispensável de todo o verdadeiro progresso (Papa Francisco).
Que a vivência deste tempo nos ajude a vencer o medo, o egoísmo e toda forma de preconceito. Vamos nos dar as mãos e em solidariedade gestar um novo céu e uma nova terra!
Na ternura francisclariana, um grande abraço!
Comentários
à Província Imaculada pela promoção desse estudo tão interessante e urgente!
Há de chegar o dia em que as fronteiras geográficas servirão apenas p organizar melhor a VIDA para todos/as! Sem passaportes e vistos, haverão apenas "Cidadãos e cidadãs Universais"! Encontros como esse e as atitudes e projetos ali delineados são sementes desta Utopia!
Abraços a todas!