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03 Novembro 2015
Missão Palmares: atentas ao grito e gemido do povo e da terra ferida

“Deus chama a gente pra um momento novo, de caminhar junto com o Seu povo.”

Buscando responder os gemidos dos pobres e o grito da terra ferida, a Irmã Catequista Franciscana se fez e se faz presente em terras palmarinas.

O grande apelo inicial foi ser presença terna de Deus aos afetados pela grande enchente de 2010, acontecida em Palmares e região.

Ao adentrar a realidade deste povo que aqui vive, fomos nos deparando com outros gemidos que chegavam a nossa porta: atingidos pela barragem e cortadores de cana sem salário.

Frente a construção da barragem de Serro Azul, muitos foram os atingidos que, através de uma luta conjunta conseguiram indenizações e um reassentamento. Porém, de 120 famílias somente 16 conseguiram assentar-se e as outras 104 continuam na lista de espera do governo do Estado de Pernambuco.

Dos cortadores de cana de açúcar há meses sem salário, que, com nossa ajuda trocaram a cana por lavoura branca e, com os pequenos agricultores  já existentes na região, foi-se construindo a Feira de Economia Solidária, que, dia após dia, vem se consolidando e hoje faz-se presente no centro da cidade e no bairro Dom Acácio, bairro construído para os afetados pelas enchentes, bairro onde residimos e no dia 20/11/2015 será inaugurada em outro bairro onde também há casas construídas e doadas para os afetados pelas enchentes.

Os/as agricultores/as da feira de economia solidária, sentiram necessidade de se organizarem juridicamente e, estão estudado associativismo e cooperativismo para ver a melhor forma jurídica de constituição, porém, já possuem o nome de:  Grupo Tecendo Economia Solidária – TECSOL.

As feiras de Economia Solidária são fundamentais para fomentar nos agricultores uma produção agroecológica, desenvolver a autogestão na produção e  na comercialização e a promoção do comércio justo e solidário, ofertando aos consumidores produtos de qualidade com preços justos.  Além da comercialização o grupo TECSOL vem disseminando no município de Palmares os princípios da Economia Solidária e da Agroecologia despertando também nos consumidores/as o cuidado com o planeta.

Continuamos nossa atuação junto as famílias afetadas pelas enchentes na luta por políticas públicas, atividades com crianças e adolescentes e, nos últimos tempos, por ser um grande clamor do povo e da Igreja, também, no eclesial – na organização das comunidades católicas, (celebrações, catequese... formação de lideranças)

No bairro Dom Acácio, hoje são quatro comunidades católicas constituídas, das quais, damos assistência religiosa dentro de nossas possibilidades e pelo fato da paróquia não conseguir dar um atendimento adequado e necessário a elas e, nos sentimos comprometidas como cristãs frente a este povo que se encontra “como ovelhas sem pastor”.

O último grito que bateu a nossa porta e, desde 2012 tentamos como Jonas, fugir  foi a luta dos Atingidos pela Ferrovia Transnordestina.

No fim de 2014, algumas famílias moradoras na faixa de domínio da antiga Rede Ferroviária Federal, em Palmares, receberam ordem de despejo, sem direito a indenização.

O bispo Dom Henrique Soares da Costa abraçou a causa dessas famílias junto com Lenivaldo Lima. Porém, desde lá, ajudamos na elaboração de um levantamento das famílias, fotos e filmagens para ajudar na defesa das famílias frente a justiça. Era somente uma colaboração esporádica, sem um compromisso efetivo. Porém, esse ano, o bispo exigiu nossa presença na luta, pelo fato de sermos ponderadas e termos bom senso. Solicitou que, em nome dele e da diocese, o representássemos em todas as instancias em defesa das famílias.

Frente a esta situação e no decorrer da luta, nos deparamos que são vários municípios atingidos pela linha férrea e, está cabendo a nós visitar e articular estes municípios para uma luta conjunta.

O Projeto de Revitalização da Linha Férrea pelo Plano de Aceleração do Crescimento – PAC - do Governo Federal e da Transnordestina Logística traçado Zona da Mata Bipolar, trata-se de um empreendimento econômico muito arrojado para integração da ferrovia em nível de norte nordeste, com objetivo de escoamento de soja, gipsita, minério de ferro,... para os portos de SUAPE/PE e PECEM/CE propiciando para que as empresas nacionais sejam mais competitivas com as internacionais.

A revitalização da Linha Férrea para implantação de empreendimento empresarial da Transnordestina prejudicará gravemente a mobilidade urbana, cortando ao meio o centro dessas cidades e despejará sem direito a nada centenas de famílias.

O mais triste é que, perante a lei, a justiça já deu causa a empresa transnordestina e, os moradores tendo, em sua maior parte, a construção de moradias autorizada, há mais de 30 anos na área considerada faixa de domínio da Rede Ferroviária, pagando impostos regulares estão progressivamente recebendo ordens judiciais de derrubadas de suas casas sem direito à indenização.

Além disso, o Projeto de revitalização da ferrovia com trens de cargas de 80 vagões carregados com minérios e outros produtos insalubres implica em impacto ambiental sobre o patrimônio urbano público e privado, a saúde auditiva e respiratória dos moradores numa faixa de 1 km ao lado da ferrovia, sem falar no grave risco de acidentes de transito e pedestres ao atravessar a linha férrea.

Frente a esta situação, junto com os Atingidos da Ferrovia Transnordestina, estamos reivinicando ao DNIT:

  • Seja considerado um novo traçado por fora das cidades – projeto para o empreendimento da Transnordestina -, respeitando a mobilidade urbana dos centros comerciais e habitacionais das cidades atingidas pela proposta atual de revitalização da ferrovia.
  • Sendo ele, o DNIT, litisconsorte ativo das ações judiciais de reintegração de posse, desista das ações de execução em andamento a fim de encontrar soluções para as famílias atingidas;
  • Que não sejam propostas novas ações judiciais contra moradores, enquanto não houver garantia das moradias das famílias atingidas;

Maiores informações em: https://sites.google.com/site/atingidosdatransnordestina

Assim, com a graça e fé no Deus libertador, continuamos nossa missão, atentas ao grito e gemido do povo e da terra ferida.

Destacamos a presença terna e solidária de dona Ana – mãe de Sandra e dona Lucia – tia de Sandra, que chegaram em agosto e logo foram assumindo a missão conosco, de modo especial, no bairro Dom Acácio, onde visitaram famílias, rezavam nas casas e, sobretudo escutaram muitas mulheres.

Outra presença bonita nestes dias conosco é a postulante Regina Maria Cazaroto, da PSFA, que chegou dia 15/10 e logo entrou na ciranda desta missão e, com alegria e disponibilidade abraçou a missão acompanhando dona Ana, dona Lucia e dona Dalva nas visitas e orações nas famílias.

Dona Ana, além do trabalho religioso, ensinou algumas jovens a fazerem crochê.

Todas as pessoas que chegam em nossa casa, logo são imbuídas de colocarem seus dons a serviço, partilhando seus saberes e, assim, nesta grande ciranda da partilha de vida, saberes e sabores, vamos tecendo uma outra Palmares possível e necessária.

Venha você também, tecer nessa ciranda!!! 

 

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmãs Marisa Ribeiro do Amaral – PSFA e Sandra Aparecida Leoni – PICM

Comentários  

#4 Anita David 16-11-2015 12:15
Querida equipe missionária de Palmares!
Parabéns, pelo ardor missionário em defesa da vida dos pobres e da ecologia!
Fiquei emocionada ao ler essa bonita descrição da missão de vocês. Imagino a equipe aumentando num espaço de casa popular, tudo na maior simplicidade e pobreza. Mas no coração de vocês sempre cabe mais uma e abraça um novo desafio e por isso devem estar muito felizes, por viver com generosidade o carisma da Irmã Catequista Franciscana.
Um grande abraço em sintonia de preces - Anita
#3 Etelvina Valentini 15-11-2015 09:46
Queridas, como é belo e necessária a presença junto a este povo sofredor, o qual vemos no mundo os desastres ambientais por falha e inconciência humana. É guerra, vulcões, tremores , desequilíbrios ambientais que dá medo. Mas Deus é o autor do planeta e confiamos a ele e muitas das pessoas que estão preocupados(as) para salvá-lo.
E quero solidarizar-me com vcs com este povo que sofre com enchentes e a exploraçao dos cortadores de cana que não s~]ao dignos de um salário sequer. Vcs são a presença para reverter esta realidade.Pois Deus nunca abandona os pobres. "Vinde vós todos que estais cansados e sobrecarregados e vos aliviarei" Lc ..
#2 Maria Lucélia Araújo da Silva 08-11-2015 12:51
Bonita partilha de missão, Irmãs Sandra e Marisa! Sei que a missão aí não é fácil. Enquanto lia lembrava de nossa realidade daqui do Pará com a empresa mineradora Vale: quantas vidas escravizadas, roubadas, prostituídas, matadas em nome do enriquecimento destas empresas mineradoras e agropecuárias. Sejam fortes e resistentes, Irmãs, em solidariedade com nosso povo sofrido. De longe estamos juntas com vocês!!
#1 Tereza Valler 04-11-2015 21:28
Quantas páginas missionárias lindas já tivemos oportunidade de contemplar aqui no site durante o Ano do Centenário! Esta página sobre a missão da congregação em Palmares é, sem dúvida, uma delas, que chega até nós..
Só temos que agradecer, nos alegrar e nos deixar tocar pela generosidade das pessoas que, em tantos espaços e diferentes condições, colocam sua vida a serviço do Reino, especialmente no meio dos pobres.
Há sementes que germinam, mesmo quando lançadas sobre as águas das enchentes! "Sua floração e frutos nos surpreendem e desafiam! Levantem os olhos, os campos já estão louros! Eu enviei vocês para colher o que outros trabalharam, e vocês entraram no trabalho deles (cf Jo, 4,35ss).
Os frutos de alianças com aqueles/as que não contam para o sistema levam-nos à experiências humanas bonitas. Esta missionariedade agiliza nossos passos e aquece o nosso coração. A Divina Fonte da Vida e da Vinha as fortaleça e anime!

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