“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” (Rosa Luxemburgo)

A celebração do Natal marca a encarnação de Jesus. E “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16). O enviado do Pai se revela à humanidade oprimida, humilhada, dispersa, enfraquecida, reduzida à servidão trazendo o anúncio de libertação: “Quem vos toca, toca na pupila de meu olho” (Zc 2,13. É o Filho de Deus, Jesus, que nasce entre os pobres, entre aqueles para os quais “não há lugar”. Ele é acolhido pela irmã natureza e os nossos irmãos animais. São os pobres que levantam diante de toda a sociedade a denúncia viva do desamor e o apelo à conversão; assim também a “criação inteira geme e sofre as dores do parto até o presente” (Rm 8,22), clamando por cuidado e responsabilidade. 

Na celebração do nascimento de Jesus somos chamadas a viver a alegria, espalhar a esperança; perceber   a   presença   de   Deus   que   se   revela   na   beleza   do   mundo   em transformação. Segundo Isaías, com o nascimento de Jesus as pessoas se fortalecem e se levantam do desânimo, porque sentem a proximidade da salvação de Deus; sentem-se restauradas   em   sua   integridade; a   dor   e   os   gemidos   cessarão   e   a   alegria   será companheira das pessoas; a natureza toda se refaz e os caminhos serão sem perigo. (Cf.Is 35, 5-10).

Somos convidadas a agir como o profeta Isaías que anuncia a Boa Nova a partir do Espírito de Deus. O Espírito que age no mundo, nos inspira, encoraja e nos provoca a fazer o que Deus quer realizar no mundo, para restabelecer a justiça. O fruto da justiça será a paz, a harmonia entre todas as criaturas (Is 11,1-9). Desta maneira construiremos o mundo conforme o paraíso descrito em Gênesis 1, 1-31.

Nossa missão é lutar para transformar este mundo num paraíso. O sonho de Deus é que nos unamos a todos os povos que buscam a salvação e lutam contra as potências que dominam o mundo. Deus quer de nós uma ação que vai muito além do âmbito de uma religião. Ele quer que ajamos, na luta política e social no seio das nações (Is11, 10-16). Isto significa, que a luta pela transformação do mundo parte do nosso pequeno lugar: família, ambiente de trabalho... para chegar no   âmbito global, com ações solidárias entre todas as nações, na certeza de que “... a terra ficará cheia do conhecimento de Deus, como as águas enchem o mar” (Is 11,9).

Como   consagradas, assumamos   a   missão   de   proclamar   a   Boa-Nova   por   gestos   e palavras, conforme os valores e critérios de Vida anunciados por Jesus: na convivência fraterna pela qual nos fortalecemos umas às outras; na solidariedade mediante serviços de amor a quem necessita; na luta para transformar as estruturas injustas da sociedade e no esforço por zelar pela conservação e expansão da vida na terra: “Vi então um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1).

Seremos plenamente libertos/as quando virmos o grande sinal da harmonia universal:  a Criança no centro do poder: guiando os rebanhos e brincando com toda segurança com os animais selvagens (Is 11, 6-8). Eis o sonho de Deus!

Um feliz e abençoado Natal !

Coordenação Geral