Quem é esta Mulher, que segue bem lá, na minha frente, andando a passos largos e firmes, enquanto a noite ainda cobre com seu manto escuro, salpicado de estrelas chorosas, a aurora dourada do amanhecer da esperança?
Quem é essa Mulher?
Milênios nos separam. Os degraus do tempo, colados ao barro duro das histórias escritas de encomenda, ofuscam sua história. E o meu esforço para vislumbrar o seu rosto verdadeiro, não é suficiente e me custa tanto, tanto...
A Mulher caminha e não vai sozinha. Uma, duas ou mais companheiras e toda a parte fêmea da humanidade e, da Terra inteira, estão com ela, em silêncio.
Enquanto caminha, alguns ramos das árvores na margem da estrada, vão tocando, como que saudando a Mulher e suas companheiras...
A brisa suave, também silenciosa, da madrugada, recolhe, carinhosamente, alguns salpicos de suas lágrimas e do perfume do seu corpo e, daquele que ela conduz, em seu segredo, para o ritual que o seu ilimitado amor está sinalizando.
É esse inédito, singelo e marcante perfume que me conduz, que igualmente me seduz!
Um Anjo pequeno, daqueles que vivem pulando nas madrugadas e, vão por aí, bulindo, mexendo, beijando os botões de todas as flores, para se abram ao toque do primeiro raio de sol e possa se doar a cada abelha, cada borboleta, cada beija-flor, que busca seu néctar.
Ele, o Anjo pequeno e brincalhão sabe quem é a Mulher, que já foi e encontrou Aquele que tanto amou, que foi morto, sepultado nas entranhas da terra e agora, inteiramente livre, está VIVO! Eis que Ela volta, cantando, dançando e pulando, com o Anjo e suas companheiras de caminho e busca. E ninguém, nunca, conseguiu descrever com letras e palavras a sua alegria!
Os passarinhos, em coro, repetem até hoje, a intraduzível música, que saltou dos lábios da Mulher para todos os corações ávidos de canções de amor e de vida; mundo à fora, pelas luas e séculos sem fim.
E o silêncio que habita sempre os campos celestes, não foi quebrado, pois é de sua própria natureza, acontecer nos atos mais sagrados. E foi ele, o silêncio, que deixou escrito no rastro daquela Mulher, o seu nome original, como ela mesma ouviu e guardou, como cântico de ternura, dos lábios do Amado livre: MARIA!!!
Sim, Maria, aquela de Magdala! Madalena, do túmulo feito jardim. Maria do caminho que se faz a cada passo. Maria de lá. Maria de cá! Maria Madalena, de todo o lugar e de todos os tempos de Ressuscitar!