Fiz-me peregrina de caminhos sagrados
Do Francisco pobre e Clara da cruz
Do Francisco humilde e Clara da luz.
Caminhos da busca suprema
que ao Evangelho conduz
E dentro de mim
Brotou terna esperança
O Amor se fez singelo, pequeno,
e ocupou colo como criança.
O poema escrito pela Irmã Miria Bordin expressa muito bem os sentimentos que experimentamos na peregrinação Roma/Assis. Éramos 20 pessoas (Irmãs Catequistas Franciscanas, Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora e Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus; Leigas Simpatizantes do Carisma; um casal de leigos alemães e Frei Estevão Ottenbreit.
A peregrinação iniciou no dia 21 de maio, quando deixamos nossas casas para nos encontrar no aeroporto Viracopos, Campinas-SP. Estava estampado no rosto de cada uma a alegria e as expectativas para a tão esperada experiência
Chegamos no aeroporto de Roma, na tarde de domingo, 22, e fomos recepcionadas por Irmã Carmela Panini, Frei Estevão Ottenbreit e Eunice Barbosa da Silva que já estavam por lá. No mesmo dia fomos conhecer a Praça São Pedro e saboreamos uma deliciosa pizza.
No dia 23, visitamos a Basílica de São Pedro entrando pela Porta do Ano Santo da Misericórdia; alguns túmulos papais, como: João XXlll, João Paulo I e João Paulo II e a Igreja de Santa Faustina por ser ela, considerada a Santa da Misericórdia. Após o almoço fomos à Basílica São Paulo, fora dos Muros, e também visitamos o Museu dos Beneditinos.
Dois momentos muito importantes foram vivenciados no dia 24: pela manhã visitamos a Basílica Santa Maria Maior - local de especial devoção Mariana. Cada vez que o Papa Francisco retorna de uma viagem, visita esta Basílica e leva flores à Nossa Senhora. A seguir visitamos a Basílica São João de Latrão - a mais importante da história de toda Igreja; foi residência do Papa até o século XVI. Foi ali que Francisco de Assis e seus companheiros se dirigiram várias vezes ao encontro do Papa pedindo autorização para viver o Evangelho, como Forma de Vida dos frades; pediu o privilégio de viver no meio do povo e sem nada de próprio. Nessa Basílica nos detivemos por um tempo maior de oração e contemplação. Cada uma teve a oportunidade de renovar sua opção de vida. Almoçamos na Universidade Antoniana (onde acontece o curso de espiritualidade franciscana) e à tarde visitamos a Capela Sistina, que espelha a cultura e a arte dominante na Idade Média. Os afrescos são obras de grandes artistas como Michelangelo e Rafaele. É um dos maiores tesouros da Santa Sé. Até hoje acontece no local o Conclave e outros importantes eventos da igreja Católica.
Participamos, no dia 25, da Audiência Oficial do Papa Francisco. A mensagem dele se concentrou na parábola do juiz iníquo que fez justiça à viúva insistente e concluiu dizendo que a oração perseverante firma nossa confiança na misericórdia do Pai que é sempre muito bom. Após o almoço seguimos viagem para a cidade de Assis.
A chegada às terras de Francisco e Clara de Assis foi emocionante e essa emoção aumentou ainda mais quando à noite saímos em caminhada pelas ruas do centro de Assis.
Iniciamos o dia 26 fazendo uma retrospectiva da realidade sócio eclesial e política da época de Francisco e Clara de Assis. Depois visitamos Rocca Maggiore, castelo construído no topo do monte que domina a cidade e em seguida a Catedral de São Rufino, ao lado do palácio onde nasceu Clara de Assis e aí viveu até a sua juventude. Nessa mesma Catedral recordamos o batismo de Clara e Francisco e também fizemos a renovação das nossas promessas batismais. Um pouco mais adiante encontramos a Igreja construída sobre a casa onde nasceu Francisco.
O dia 27, especialmente contemplativo, clima proporcionado pelos importantes locais visitados: Igreja São Damião, localizada fora dos muros da cidade, e ali, diz a tradição, Francisco ouviu pela primeira vez a voz de Cristo que lhe falou do crucifixo. A voz chamou sua atenção para o estado de ruína de sua Igreja e solicitou a Francisco que a reconstruísse. Mais tarde o local serviu de mosteiro para Clara e suas irmãs.
Em seguida fomos para Rivotorto, onde Francisco fez a experiência de conviver com os leprosos e dedicar-se a eles. Ali, ele e seus companheiros viveram a experiência de serem expulsos pela comunidade local.
Partimos depois para Porciúncula, considerada o berço da Família Franciscana. Foi ali que Clara, depois de fugir da casa dos pais, foi acolhida por Francisco e seus irmãos para seguir o mesmo projeto de vida. Foi nessa Igreja que Francisco tomou a decisão de seguir o Evangelho como Forma de Vida, dizendo: “É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo de todo coração” (1 Cel 22).
Os dias 28 e 29 também foram marcados por fortes emoções e encantamento pelas belezas naturais dos locais visitados. No dia 28, o Carceri, situado no alto do Monte Subásio, onde Francisco e seus companheiros se retiravam para tempos mais longos de oração e profunda contemplação. Ali também faziam, com frequência, a experiência de cuidar um do outro. Celebramos a Eucarística com a participação de um grupo de alemães, participantes de um movimento que busca a integração de todas as religiões. À noite um grupo assistiu o musical: Clara de Dio, e o outro grupo participou da procissão luminosa que acontece todo sábado na Igreja Santa Maria dos Anjos.
No domingo, 29, visitamos O Vale do Rietti, região onde Francisco viveu a maior parte de sua vida missionária: Poggio Bustone – Lugar de refúgio e certeza do perdão de Deus. Conforme a tradição, Francisco e seus irmãos se aproximaram da população com muita amabilidade, acolhendo cada pessoa com a saudação: “Buon giorno, buona gente!” E foi ali também que Francisco recebeu a confirmação da missão para o futuro de sua fraternidade e ficou conhecido como o mensageiro da paz.
Outro lugar de grande importância que visitamos foi Greccio. Foi aí que Francisco teve a inspiração de representar a encarnação de Jesus com a construção de um presépio, pois ele celebrava com incrível alegria, mais que outra solenidade, o Natal do Menino Jesus. Aí fizemos a síntese: encarnação de Jesus na Eucaristia!
O frio que encontramos no Monte Alverne aqueceu ainda mais o calor do nosso coração. A beleza e o significado desse local nos deixaram ainda mais encantadas. O Monte Alverne está localizado na Província de Toscana. O local foi doado a Francisco por um conde amigo que sabia que ele gostava de se retirar para contemplar. Na sua última viagem para o Monte Alverne estava muito decepcionado porque a Ordem não caminhava como ele havia sonhado. Foi aí que ele teve a resposta de continuar seguindo o Cristo Pobre e Crucificado e foi durante um momento de contemplação que ele recebeu os estigmas.
Chegando ao final da nossa peregrinação visitamos, no dia 31, a Basílica de São Francisco (Sacro Convento). A construção da basílica começou logo após a canonização de Francisco em 1228.
No dia de Pentecostes, em 25 de maio de 1230, o corpo de Francisco foi transladado para essa basílica. Ali encontramos a sepultura de Francisco e de alguns companheiros e também de Frei Jacoba (mulher, grande amiga de Francisco).
A construção da basílica superior começou ainda em 1239 e foi finalizada em 1253. São, na prática, três igrejas uma sobre a outra. As mesmas foram decoradas pelos maiores artistas da época, vindos de Roma, Toscana e Úmbria. A igreja inferior tem afrescos de Cimabue e Giotto; na igreja superior está uma série de afrescos com cenas da vida de São Francisco, também atribuídas a Giotto e seus seguidores.
Em frente à Basílica se encontra o barco que naufragou em Lampeduza, em 2014, com 19 refugiados, sendo um deles, Ayslan, criança encontrada morta na praia (que todas acompanhamos pela TV).
Logo após visitamos a Basílica de Santa Clara que guarda as relíquias da santa e o crucifixo original de São Damião que, segundo a tradição, falou com São Francisco e lhe indicou sua vocação. Nela também encontramos a cripta onde se encontram os restos mortais de Santa Clara.
Tivemos a tarde livre, para que cada uma pudesse retornar aos lugares que mais chamou a atenção e fazer a síntese dessa experiência. À noite fizemos uma avaliação e, após o jantar, a confraternização.
O dia primeiro amanheceu com gosto de saudades. Depois do café, algumas saíram pelos arredores, algum lugar que gostaria de retornar para rezar, e às 11horas tivemos a celebração Eucarística de encerramento.
Todas, sem exceção, externamos nossos louvores a Deus e agradecimentos à própria congregação, aos familiares e, em especial, à Província Santa Clara de Assis por abrir o coração permitindo-nos essa inesquecível experiência em nossa vida! Um agradecimento muito especial a Irmã Terezinha Sotopietra e Frei Estevão Ottenbreit pela sábia ternura com que nos orientaram no aprendizado de “beber das fontes de Francisco e Clara de Assis”!
Que o espírito de Francisco e Clara clareie nosso caminhar na vivência do Evangelho - a única Forma de Vida que ambos consideraram digna de ser vivida!!!
Comentários
Abraço. Rita Oechsler.
Obrigada pela partilha