Vamos, vamos minha gente que uma noite não é nada, convidamos todos os povos no romper da madrugada. E vamos ver se nós acabamos com o resto da empreitada!
Com os corações aquecidos e impulsionados pelas cantorias e rituais invocando a presença dos ancestrais, dos encantados e dos antepassados na luta por vida digna, estivemos reunidos em Brasília nos dias 07 a 12 de agosto 2016. Povos indígenas de várias etnias e regiões do Brasil, estiveram presentes para reivindicar a não aprovação da PEC 215/2000 (Proposta de Emenda à Constituição) que transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas.
O texto é compreendido pelos diversos povos originários e tradicionais brasileiros como uma ameaça aos direitos indígenas. A bancada ruralista não quer abrir mão da não aprovação, mais já ficou confirmado pelas lideranças presentes que, se essa emenda não for enterrada até final de dezembro deste ano, as delegações retornam a Brasília, e só sairão com a não provação dessa lei que só vai gerar morte para os povos, através da livre invasão de seus territórios que para cada povo é sagrado, pois, é ele que garante o sustento e o bem viver.
Outro objetivo das delegações ter-se deslocado à Brasília, foi também para protestar contra o fim das CPIs do CIMI e FUNAI, por acreditar que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na demarcação de terras indígenas, é injusta e só vai retardar a resolução, ou seja, o fim do processos citados acima.
O Marco Temporal - uma das principais ameaças aos direitos constitucionais indígenas, propõe uma nefasta interpretação da Constituição Federal, ao definir que só poderiam ser consideradas terras tradicionais aquelas que estivessem sob posse dos indígenas na data de 5 de outubro de 1988. Foi outro assunto discutido nestes dias de reivindicações em Brasília, pois ele é outro fator muito prejudicial para os povos caso fosse ratificado pelo Governo Federal.
O Projeto de Lei (PL) abre nossas fronteiras para exploração de nossos recursos naturais, hídricos, minerais, agricultura e pecuária, pois pretende avaliar a compra de terras por empresas estrangeiras em nosso país, inclusive terra publica Projeto que se constitui numa violação a soberania de nosso país. As terras do cerrado nordestino, inclusive as áreas onde habita a maioria dos povos Indígenas, está sendo visada por esse grande projeto de morte denominado – MATOPIBA, a grilagem abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Todas as falas sobre esse assunto pertinentes foram explanadas dentro da câmara dos deputados, pois a ocupamos dez horas da manhã e só saímos vinte duas e trinta horas quando tivemos a promessa da não aprovação dessas leis que matam a vida e nos tiram a liberdade de viver. Dentre muitas falas de lideranças, umas das mais chocantes foi sobre os Guarani Kaiowá, principalmente quando mostrou um vídeo sobre os massacres pelos quais eles vêm passando na sua árdua luta pelas conquistas dos seus direitos de viver.
Realizamos nessa jornada de reivindicação pela vida, na Embaixada da Alemanha, um ato de repudio contra a exportação de batata, suínos, bovinos dentre outros para a Alemanha, como não aprovação do agronegócio que só prejudica os pobres, principalmente os povos da zona rural.
Na frente da Câmara dos deputados federais, enquanto as lideranças indígenas, quilombolas, dos pescadores entregavam um documento para o presidente da câmara Rodrigo Maia, num ato de comunhão e cumplicidade, numa grande corrente, lembramos todos os mártires da terra que tiveram suas vidas brutalmente assassinadas por reivindicarem simplesmente o direito de viver – foi assim que comemoramos o dia internacional dos povos indígenas de 09 de agosto de 2016.
Foi uma semana muito intensa de caminhada, reivindicação, cantorias, orações, gritos. Poucas foram as horas para descansar. Mas valeu apenas lutar! Os frutos dos sonhos esperamos chegar!
Contamos com as preces e orações de cada irmã, simpatizante e com todos os leitores e leitoras desta página para que juntos/as possamos formar uma grande ciranda de solidariedade e luta em favor da vida.