O “Projeto Construindo Cidadania” está sendo realizado no município de Morro do Chapéu/BA, em parceria com a Comissão Pastoral da Terra do Estado da Bahia (CPT-BA). Esse Projeto teve sua origem na implantação e implementação dos projetos das mineradoras e parques de energia eólica que assolam o povo em seus direitos básicos de vida.
A realidade de Morro do Chapéu, dentre os inúmeros aspectos, abrange a questão com as mineradoras, parques de energia eólica e outras advindas do sistema vigente, como educação, saúde, moradia, etc. Terra e políticas agrícolas que favoreçam condições de vida. Impacto ambiental pelas mineradoras e parques eólicos. Contratos de arrendamento das terras onde ficam as torres da energia eólica. Comunidades quilombolas que lutam por seu território e seus direitos. Trabalho em condição de escravos. Juventude abandonada, entregue ao desemprego, às drogas e roubos, violentada e violenta... Vocações para os diversos serviços eclesiais e sociais.
O projeto é importante porque somos franciscanas. Seguimos Jesus Cristo a exemplo de Francisco e Clara de Assis. E a espiritualidade e o carisma francisclarianos conclamam a ouvir a dor dos/as pobres, a voz dos/as oprimidos/as, o grito da terra ferida... e a experimentar a alegria da festa na trama da vida, defendendo-a e promovendo-a para que seja plena como Jesus a sonhou.
Francisco de Assis em seu amor aos pobres e à criação inspira este caminho de reconciliação com a criação e de todos os seres humanos entre si, caminho de justiça e de paz.
A espiritualidade inunda de força e de esperança a vida das comunidades. Conclama a emissão coletiva de um grande sinal. Sinal de defesa da vida em todas as instâncias. Sinal que perpassa o uso de tecnologias. Conclama a provocar o planeta com a energia da esperança capaz de suscitar vida em tudo. Conclama a aguçar o sentido da responsabilidade para com o planeta. Conclama à meditação do lugar do ser humano na ordem das transformações que o precederam, pois tudo o que acontecer ao planeta e em torno dele depende em larga escala do conhecimento e de uma maior sensibilidade do ser humano. Conclama a ouvir a vida da selva que é consanguínea ao ser humano, a escutar a criação inteira a gemer, a padecer em dores de parto, a escutar os apelos que a terra faz, a compreender a linguagem silenciosa da criação.
Nós irmãs do povo, procuramos traduzir de maneira viva e atual a atitude apostólica de Francisco de Assis que foi sensível aos desafios de sua época, dedicamo-nos à educação permanente da fé, queremos com esse projeto, também contribuir para a formação de comunidades eclesiais que ouvem a Palavra, celebram o mistério da fé e se comprometem com a transformação da realidade, fazendo a experiência do Deus vivo e libertador que caminha com seu povo.
Reafirmamos o trabalho de base como convivência, promoção, apoio, acompanhamento e assessoria em seus processos coletivos: de conquista de direitos e da terra, de resistência na terra e de produção sustentável.
A equipe é formada pelas Irmãs: Cleide Lazarin, Hélia Marchezan, Luciene Oliveira de Macedo, Patrícia da Silva Cerqueira, Terezinha Maria Foppa e as leigas Marieta e Maria Amélia. E de vez enquando pode-se contar com a participação de outras pessoas solidárias à missão.
Como equipe, colaboramos nesse projeto com alegria e simplicidade. Sentimo-nos convocadas pela memória subversiva do Evangelho da vida e da esperança, fieis ao Deus dos pobres, à terra e aos pobres da terra, ouvindo o clamor que vem de onde a vida se encontra ameaçada, seguindo a prática de Jesus.
Somos uma presença solidária, profética, ecumênica, fraterna e afetiva, que presta um serviço educativo e transformador junto ao povo, para estimular e reforçar seu protagonismo.
Como equipe, temos também a proposta de um atendimento específico à juventude e às vocações. A juventude é a vítima direta de toda forma de violência que vai desde uma educação de baixa qualidade aos assassinatos. Atender às vocações não somente em vista da Vida Religiosa Consagrada, mas também para que possam surgir mais e boas lideranças eclesiais e para a sociedade.
Propomo-nos a atender essa demanda com formação catequética, bíblica, litúrgica e cidadã, utilizando a organização por setores e em nível de terra/território já existente no município de Morro do Chapéu.
Este tempo de realização do projeto será para nós tempo de júbilo: voltar às fontes, viver a itinerância e a profecia, renovar o ardor missionário (Lv 25,10). Para isso, Clara e Francisco de Assis nos inspiram, nossa mãe Maria nos acompanha e a Divina Sabedoria nos conduz.
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