Vivemos em meio a uma onda conservadora, do avanço do Capital para sobre nossos direitos, machismo exacerbado, sexíssimo e de violência principalmente para com as mulheres. O Movimento dos Pequenos/as Agricultores/as (MPA) denuncia e condena o brutal assassinato da jovem argentina Lucía Pérez Montero, ocorrido após violenta tortura sexual no dia 08 de outubro, 2016.
O caso de Lucía chama a atenção para o aumento das agressões sexuais na Argentina, 78% entre 2008 e 2015, segundo dados do próprio Ministério de Segurança argentino. No Brasil não é diferente, pois entre 2009 e 2011, foram registrados 16.993 casos de Feminicídio. Os casos de Feminicídio aumentam diante do quadro de avanço do Capital e sua lógica Patriarcal, que explora, pune, tortura e assassina as mulheres em todos os continentes.
Assim como as mulheres argentinas, as brasileiras amargam desta triste realidade, pois quando olhamos para os dados nacionais sobre a violência contra as mulheres, revela-se que 74% dos relatos registrados pelo serviço “Ligue 180” a violência é diária ou semanal.
Em 72% dos casos, as agressões foram cometidas por homens com quem as vítimas mantêm ou mantiveram uma relação afetiva. 50,16% dos relatos registrados revelaram violência física; 33%, de violência psicológica; 7,25%, violência moral; 2,10%, violência patrimonial; 4,54%, violência sexual; 5,17%, cárcere privado; e, 0,46% referiram-se a tráfico de pessoas. Sendo que a maioria das vítimas de violência são mulheres negras.
O caso de LucÍa, estudante de 16 anos que vivia com os pais em Mar del Plata, na Argentina e a jovem de 16 anos do Rio de Janeiro (BR) estuprada por mais de 30 homens em maio deste ano, que não satisfeitos, expuseram as fotos e vídeos do estupro na internet, comprovam que o Feminicídio não tem fronteiras, portanto, a luta contra a violência também não deve ter.
As camponesas e os camponeses do MPA denunciam, a partir do assassinato de Lucia Pérez, as centenas de mulheres camponesas e urbanas vítimas de violência e mortas todos os dias na América Latina e Caribe, simplesmente por serem mulheres.
Exigimos das autoridades argentinas que sejam tomadas todas as providências necessárias para esclarecer esta violenta morte, assim como a efetiva punição dos seus executores e medidas que provoquem um amplo debate com a sociedade.
Manifestamos nossa solidariedade e todo nosso apoio aos familiares e amigos de Lucía e a todas as companheiras argentinas pela irreparável perda. E nós, enquanto mulheres, permaneceremos em luta, até que todas sejamos livres!
“Mulheres contra a violência, Mulheres contra o Capital,
Mulheres contra o machismo e o Capitalismo Neoliberal”
Sem feminismo, não há socialismo!
#NiUnaMenos
MPA Brasil, outubro de 2016