Nestes 70 anos de missão no Mato Grosso e mais precisamente em Fátima de São Lourenço, queremos ressignificar nossa missão, incluindo um projeto concreto francisclariano de cuidado e proteção da nossa Casa Comum.
Para isso, a Província Santa Teresa do Menino Jesus, através da irmandade de Fátima de São Lourenço já realizou o segundo planejamento nos dias 03 a 05 de abril, tendo em vista a sustentabilidade do nosso sítio. Participam desse processo a irmandade de Fátima com seus três funcionários, mais algumas irmãs e pessoas interessadas. O Assessor que nos orienta é o Agrônomo Carlos Henrique Bonsi da empresa A.M.E.O. Brasil (Ações para um Mundo Ecologicamente Organizado).
O nosso objetivo é produzir para o consumo das irmandades vizinhas, vender o excedente de maneira informal visando a manutenção do nosso projeto comum, bem como abrir para a visita de desfrute do espaço turístico e aprendizado da prática da agroecologia.
Neste projeto adotamos uma nova tecnologia de produção agroecológica - a agricultura sintrópica.
O que é a agricultura sintrópica? - Esta tecnologia foi criada por Ernst Gotsch, agricultor e pesquisador suíço que emigrou para o Brasil no começo da década de 80 e se estabeleceu em uma fazenda na zona cacaueira do sul da Bahia. Seu primeiro objetivo foi pesquisar de onde vinha a doença dos cacueiros e, desde então, vem desenvolvendo técnicas de recuperação de solos por métodos de plantio que imitam a regeneração natural de florestas.
Sintropia é o contrário da entropia. A agricultura moderna com as técnicas normalmente adotadas leva à deterioração dos solos que precisam cada vez mais de adubos químicos e venenos. O paradigma de Gotsch é científico. Sua teoria vai na contramão dessa lógica capitalista depredadora, produzindo de maneira orgânica, mantendo assim a vitalidade do solo. Se a gente depreda, vai contra a natureza. A agrofloresta vai a favor da natureza; representa uma sustentabilidade maior; dificulta a criação de microorganismos e pragas da lavoura.
Na agrofloresta convivem várias espécies de plantas. Dessa forma, cai por terra a ideia antiga de que para plantar alimentos é preciso desmatar. A produção também é constante, já que no local há culturas de diversos ciclos, ou seja, com colheitas em várias épocas. Isso é interessante para o produtor e mostra que a agricultura sintrópica é viável economicamente.
Hoje quando a terra está cansada, ou se abandona, ou se joga adubo artificial. Se for deixado o adubo natural, e a cada ano teremos mais energia acumulada e maior produção. O potássio, que é importado, é um insumo necessário para adubar a terra. Na agricultura sintrópica o potássio é produzido naturalmente. Obs. Para conhecer mais sobre agricultura sintrópica, consultar no Google.
Em nosso sítio, de agora em diante todos os setores primarão pela produção orgânica: aves poedeiras e de corte, gado e derivados de leite, porcos, pomar, pastagens, espécies agroflorestais de frutas, madeiras de lei, plantas de ciclos curtos e a preservação do cerrado.
Até agora já houve um curso sobre plantio de bananas e criação de aves e as duas etapas de planejamento sobre a sustentabilidade do sítio. Cada curso tem seu aspecto teórico e prático em que se analisa e projeta o melhoramento do terreno e/ou das instalações. Até agora foram avaliadas as instalações do galinheiro, planejados na própria área a revitalização e o piqueteamento dos pastos, a revitalização e a distribuição das plantas a serem plantadas no pomar. Outras etapas e cursos sobre uma determinada produção já estão previstos.
É nossa intenção registrar a área intacta de cerrado como Área de Preservação Permanente (APP) e serão abertas trilhas para pesquisas. Queremos fazer do nosso espaço uma escola de aprendizado da Agricultura Sintrópica e num futuro próximo, abrir para a pesquisa de agricultores familiares e universitários.
Comentários
Animo e coragem.