Acompanhada pela Irmã Carmelita e dois simpatizantes, experienciei a Semana Santa em Muxima, numa aldeia de lavradores (210Km de Luanda).
Lá, compartilhando o dia a dia com as famílias, vivenciamos a Paixão e a Ressurreição de Cristo.
A Paixão da carência de água e comida e
A Ressurreição da fartura do acolhimento com o coração aberto;
A Paixão da discriminação e da exclusão dos desvalidos e
A Ressurreição da oração em comunidade e da fé;
A Paixão do esquecimento do poder público e
A Ressurreição dos missionários a enfrentar as estradas sem manutenção para levar a Boa Nova;
A Paixão das agressões físicas dentro das famílias e
A Ressurreição da alegria e esperança nas crianças;
A Paixão da desigualdade na comercialização dos produtos da lavoura e
A Ressurreição do amor no preparo dos alimentos à família e aos visitantes.
Paixão e Ressurreição estão tão próximas, vivem juntas, se contrapõem...
Oxalá nós, seres humanos, filhos de Deus, consigamos alimentar mais a Ressurreição nas nossas vidas para, aos poucos, minimizarmos a Paixão em busca da Paz Universal. (Simpatizantes Luciana Luiza Schmitt)
Fomos juntas até Muxima, onde se encontra o Santuário da Mamá, padroeira do país. Lá nos separamos as duas equipes, e eu com as postulantes: Delma, Francisca e Mariana fomos para Cabo São Brás, litoral sul da província de Luanda. Rodamos 400 km de Luanda até a comunidade. São Brás é uma aldeia de pescadores com aproximadamente 60 famílias que, em sua maioria tem lá sua “casa de trabalho” e tem outra casa com familiares, em outras cidades e províncias. Quando acaba o período da pesca, ou só nas férias, retornam para lá.
Com aquele povo alegre e acolhedor, tivemos belos momentos de oração com cantos e danças maravilhosos, catequeses, ensaios de coral e preparação das liturgias, visitas a famílias, aos pescadores e mamás que “cuidavam os peixes”, momentos com as crianças, caminhadas pela comunidade... Em tudo vivenciamos o mistério amoroso de Jesus, as “sextas feiras santas” e “páscoas” da vida hoje!
A sexta feira da falta de água e da comida escassa e a páscoa da luta corajosa na busca do pão do cada dia.
A sexta feira das doenças sem os recursos mínimos e a páscoa da solidariedade e ajuda mútua.
A sexta feira da falta de escola e a páscoa da criatividade habilidosa das crianças e do esforço das famílias na construção de saídas alternativas.
A dor das relações familiares conflitivas e a páscoa da busca conjunta de solução, de caminhos. (Os problemas conjugais e familiares também são tratados em rodas de conversa de lideranças e pessoas envolvidas, tipo um conselho de comunidade).
Louvamos muito a Deus por essa oportunidade! Para mim foi o batismo de imersão na realidade do povo.
Domingo à tarde, as Irmãs Darlene e Sílvia nos buscaram e retornamos a nossa casa alegres, como Maria Madalena que “vira o Senhor” ressuscitado! Encontramos a casa preparada e um jantar saboroso para celebrarmos juntas a Ressurreição, com um presentinho em nossas camas, inclusive. Que alegria!
Comentários
Que esta experiência seja alimento que nunca acabe .
Paz e Alegria!