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25 Junho 2017
XXIV Assembleia do CIMI/MS

“A utopia é possível se nós optamos por ela, vencendo o passado escravo, forjando o duro presente, forçando o novo amanhã. Que a força do Espírito de Jesus e dos Profetas os encontre fortalecidos na caminhada e por Ele iluminados/as continuem dando o Sim com convicção e muita esperança” (D. Pedro Casaldáliga)

Realizou-se a XXIV Assembleia Regional do Conselho Indigenista Missionário do MS nos dias 16 a 18 de junho de 2017 no Salão paroquial da Paróquia São Francisco, em Campo Grande. Contou com a presença dos missionários e missionárias do Organismo Regional e representante da Nacional, Religiosos e Religiosas de diferentes Congregações, representantes das Pastorais Sociais e Movimento sociais, MPF, CRB, Bispo referencial das Pastorais Sociais e indígenas.

Como é próprio da entidade iniciou com uma análise de conjuntura onde se percebe que houve um aumento da criminalização contra os povos indígenas e seus aliados, relatório do conflito no campo. Dados sobre o sucateamento da Funai e a adequação do órgão aos diversos cortes orçamentários. Projetos de leis nocivos aos povos indígenas, no Congresso Nacional. Resultados das CPI do Funai e Incra, criminalização de lideranças indígenas, procuradores federais, indigenistas e missionários do cimi. Grandes retrocessos no que tange a demarcação das terras indígenas com seus retrocessos através de PEC, Portarias e outros meios mais que judicializa cada vez mais os processos demarcatórios. Enquanto isso os indígenas sofrem dia a dia todo o tipo de violência nos acampamentos e retomadas. E ultimamente vem crescendo o índice de desnutrição infantil por falta de alimentação. No último ATL (Acampamento Terra Livre) deu para perceber a forte autonomia dos Povos indígenas que estão mobilizados na luta pelos seus direitos. Este ano de 2017 foi o maior Acampamento Terra Livre da História.

A VOZ DOS INDÍGENAS NA ASSEMBLEIA DO CIMI:

Adalto Barbosa: Kaiowá

“Será que os povos indígenas vão conseguir recuperar as nossas terras, tirando a terra dos povos tradicionais a sociedade como um todo também sofre, por que não tem como viver sem agua, sem as matas, o agronegócio só destrói nossas terras.

A luta vai ser grande para gente conseguir ter as terras de volta e querem calar o índio de toda forma, querem extinguir os povos de toda forma, dessa forma vai acabar com a raça indígena, acabar com Kinikinau, terena, kaiowá, guarani, com todo mundo. Será que nós vamos conseguir recuperar a terra tradicional, o genocídio vem desde de 1500 até hoje. O estado Brasileiro é grande responsável por isso, ele nega os povos, o estado só está pensando no dinheiro, não está preocupado com nós povos, o marco temporal é prova disso.

O marco temporal tem data, como nós vamos está na terra se o próprio estado nos tirou de lá, nós queremos apenas as terras tradicionais nem estamos reivindicando o nosso território inteiro. Compra de terra é mais uma forma de violência contra nós.

A tentativa de criminalização das lideranças está intensa, prenderam lideranças nesses últimos dias sem lei, colocando crimes vários em cima de nós. Daqui pra frente as coisas vão ser mais pior pra gente mesmo, se aprovar a PEC 215 e o marco temporal, nunca mais os povos terão as suas terras reconhecidas. A hora de lutar é agora, se aprovar estas propostas de lei, já era o índio, o genocídio está vindo.

lara Barbosa Kaiowá - Guarani

O que é ser índia no brasil? Nós vivemos confinados em reservas, nós índios não temos espaços para dizer eu só feliz, até quando os nossos apoiadores vão ser descriminados no Brasil, simplesmente por apoiar os índios, vocês não estão com agente atoa, vocês foram escolhidos. As pessoas que estão com a gente, não importam se maior ou menor, mas são todos escolhidos por Deus, nosso Ñande Ru. Até quando nós indígenas vamos ser humilhadas, até quando nós vamos chorar. Tenho certeza que a pec 215 e o marco temporal vai ser nosso extermínio. Eu não quero ser mais um, um dia nós vamos poder cantar, por que Ñande Ru vai devolver o nosso espaço, enquanto este dia não chega, seremos vistos como se fossemos nós que estivesse perseguindo os ruralistas, nós não somos invasores, desde que eles colocaram os pés no Brasil pela primeira vez, invadiram nossas terras, já tiraram nossas matas, nossos rios estão sendo poluídos e cada vez mais os políticos só fazem, mas projetos de extermínio. Nós não deveríamos pedir aos políticos para devolver o nosso espaço, mas sim os políticos deveriam nos pedir para continuar vivendo, por que nós podemos mantê-los vivos.

Admiro muito a luta do cimi e dos apoiadores na luta, mais nós vamos vencer.

Flaviana Roberto - Kinikinau

“É difícil falar, quando a gente escuta a voz das lideranças que estão na luta pela terra. Somos poucos Kinikinau, e alguns parentes ainda estão debandando para outros lados que não deveriam ir, se deixando cooptar por migalhas.

É preciso mais união dos povos indígenas para que a gente consiga os territórios de volta.

Nos povos Kinikinau vivemos em terras Terenas e Kadiwéu, nós também temos terra e estamos fora dela, mais um dia vamos retornar para a nossa casa, o povo Kinikinau é minoria por que foram queimados em uma caieira, morreram muitos Kinikinau, por isso somos poucos, mais contamos com os outros companheiros em luta. Nós já estamos cansados de emprestar terra alheia, de plantar nossos pomares e deixar para trás nas terras dos outros. Agradecemos aos aliados e contamos com apoio de todos aqui para que a gente continue lutando.”

Avaliou-se a caminhada até então e foi feito planejamento. Teve momentos de escolha dos membros que irão participar da assembleia nacional do Cimi nos dias 24 a 27 de Outubro em Brasília, bem como escolha de novos membros para participar do Coletivo de Formação e do Condisi.

Houve momentos festivos, pois a entidade celebra seus 45 anos de vida a Serviço dos Povos Indígenas. No Mato Grosso do Sul a entidade completa seus 39 anos de missão.

Que a Mãe Aparecida Padroeira do Brasil celebrando seus 300 anos de aparição nas águas do Rio Paraíba, num tempo desesperador, interceda por seus filhos e filhas nestes tempos sombrios da história com ânsia de libertação.

O Conselho Indigenista Missionário agradece a todos/as os/as participantes deste momento de sua assembleia, bem como externaliza gratidão aos apoiadores da Causa Indígena e seus aliados ao longo destes 45 anos de Missão. 

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Joana Aparecida Ortiz - CIMI/MS

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