Entre os dias 04 e 05 de junho, no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia – GO, o CIMI realizou a Primeiro Encontro de Povos Indígenas em Contextos Urbanos, com a participação de lideranças indígenas dos povos: Kokama, Sateré Mawé, Guarasugwe, Karajá, Ixybiowa, Xavante, Payayá, Terena, Pataxó, Kaigang, Potiguara, Guarani Mymbiá, Jaminawa, Chiquitano, Tariano e Kujubim, e missionários/as do CIMI vindos de diversas regiões do Brasil.
De nossa congregação, participamos as Irmãs Emilia Altini - RO, Lucia Gianesini - SC e Adriana Ines Nones – SP, representando os Regionais onde atuamos.
A dinâmica do encontro esteve permeada por muitos momentos de partilha sobre as diversas experiências e situações de discriminação e violência sofridas nas cidades. Com muita esperança e resistência, as lideranças também apresentaram as lutas dos povos indígenas, para o seu reconhecimento e visibilidade nos contextos urbanos onde vivem.
Alguns depoimentos mostram como as pessoas percebem e tratam os indígenas:
“A sociedade quer ver o índio lá na aldeia, quer ver o índio sujo. Não quer ver o índio estudando. Só quer ver o índio pescando, caçando. Não quer ver índio inserido ali no meio deles. Se ele se insere no meio da sociedade é uma ameaça” (Rosa Maria Moraes).
“A gente vive lado a lado com o preconceito: ser indígena e morar numa aldeia urbana, porque muitas das vezes a gente escuta que lugar de índio é dentro da mata, vivendo pelado” (Emerson Pataxó).
“Se nós Povos Indígenas estamos hoje na cidade é porque, de alguma maneira, fomos obrigados a sair da aldeia” (Amaro Potiguar - SP).
“O índio vai para a cidade porque, normalmente foi retirada a terra dele. Quando não lhe foi retirada a terra, a cidade avança até a aldeia” (Cacique Payaya).
A realidade dos indígenas vivendo na cidade não pode mais ser negada, pois viver na cidade é um direito de todas as pessoas. Cabe lembrar que a presença nas cidades ou o modo de vida urbano remonta às antigas civilizações do continente americano, que construíram grandes monumentos e que expressam a grande complexidade de sua organização e seus modos de vida.
Egon Heck, assessor e missionário do CIMI, desde a sua criação, em 1972, compartilhou por ocasião de um artigo, ao término do encontro: “A experiência do I Encontro de Povos Indígenas em Contexto Urbano reafirmou a importância da união dos povos indígenas em situação urbana.
É preciso incentivar que essas sejam práticas que ocorram nos diversos níveis, desde as realidades das aldeias e cidades, nos regionais, para que continuem os encontros nacionais. São maneiras de dar visibilidade às lutas, mas principalmente, de definir em conjunto, estratégias que busquem fortalecer as alianças do movimento indígena.
Para avançar na conquista de direitos será importante socializar e sistematizar as experiências de resistências na diversas realidade do país. Continuaremos, enquanto CIMI, a apoiar a luta pelos direitos dessas populações, ajudando a construir alianças que ecoam as vozes, os sofrimentos e as esperanças que animam os povos indígenas”.
Acreditamos que nossa presença como Catequistas Franciscanas, junto aos povos indígenas, seja para construirmos caminhos de esperança para uma sociedade do bem viver, uma utopia indígena com diversos nomes nas diferentes línguas e culturas!
E como o povo Myky queremos lembrar:
"Não faz mal que amanheça devagar!
Não faz mal que devagar!
O dia vença a noite em seus redutos!
O que nos cabe é ter enxutos os olhos e a intenção de madrugar"!
Comentários
Sim devemos valorizaro índio.
É filho desta terra tão maltratada e assim nossos irmãos também tiveram que deixar a sua riqueza a Mãe natureza.
Fiquemos firmes nesta luta que vem de muito tempo.
Abençoada geração. Ubraço e continuem a luta.