Pela terceira vez, Mato Grosso se mobiliza em Romaria - A ROMARIA trás a característica de “saída” em busca de solução para algo que o ameaça, usando o próprio corpo como instrumento de luta, de andar para frente, de não esmorecer no caminho.
No dia 16 de setembro nos encontramos, em média de umas 300 pessoas vindas de diversos municípios da região sul do Estado de MT, gente de assentamentos, de acampamentos, comunidades eclesiais de base e movimentos sociais. Nosso único objetivo era a consciência de que precisamos cuidar, preservar, reavivar o nosso Cerrado e os demais biomas brasileiros.
A Romaria – caminhada, foi uma parte dentro da programação do dia, que iniciou com um lindo momento celebrativo recordando a luta e a presença dos povos do cerrado: indígenas, quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, agricultores e outros que fazem do cerrado, o colo que acolhe e dá vida. Acolhemos a cruz que nos acompanhou na romaria e a adornamos com longas faixas: branca expressando que queremos “vida em abundância” a todos os povos. Verde, que lutaremos sempre pelo cuidado com a nossa casa comum; e vermelho, o compromisso com a justiça e o direito, repudiando tanto sangue derramado injustamente. E foi contemplando nossos pés, unindo com os pés dos/as companheiros/as, que demos o primeiro passo de nossa romaria. “A fé está no pé meu irmão, a fé está no pé minha irmã, é o Deus da caminhada que sustenta nossa fé”.
Este foi o segundo ano, que nossa romaria sai em direção ao encontro das águas do Rio Arareau e do Lageadinho, rios que perpassam a cidade de Rondonópolis e que sofre com os prejuízos da urbanização como o assoreamento, lixo, esgoto, etc. Caminhamos carregando recipientes de água de todas as comunidades de onde viemos, misturamos com a agua do Arareau e Lageadinho e a utilizamos para regar as mudas plantadas às margens dos rios. Com a contribuição das crianças presentes, foram também semeadas sementes de espécies nativas que serão mudas para a próxima romaria.
A tarde ficou para formação: Cuidado com a água e as nascentes; os impactos dos agrotóxicos na saúde; desmatamentos e queimadas no MT e conflitos agrários e, não podia ficar de fora a “fila do Povo”, a oportunidade de cada pessoa participar, manifestar e expressar seus sentimentos e angustias diante da situação calamitosa de ausência total de políticas viáveis para o povo, bem como, a falta de ética que perpassa em nosso Brasil e especialmente em nosso Estado de Mato Grosso.
A programação da noite iniciou com a Celebração Eucarística e em seguida a Vigília Cultural com reza cantada, siriri, cururu e dança afrodescendente. Voltamos para casa abençoados/as e alimentados/as com um PÃO preparado com farinha de babaçu, jatobá e baru, que repartido, além de nos saciar, nos fortalecerá na luta diária com o cuidado da VIDA em nosso planeta.
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