Nos dias 9 e 10 de setembro, em Santana do Livramento – RS, tivemos a oportunidade de participar do encontro da Pastoral do Migrante dos três estados do Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De Itajaí, participamos em duas, Janete Vargas, assistente social e integrante da Pastoral do migrante e eu.
O tema de aprofundamento foi: Migrações, fronteiras e a nova lei de migração, muito bem conduzido pela Dra. Deisemara Turatti Langoski. A assessora fez uma memória do estatuto do estrangeiro em vigor atualmente, aprovado no ano de 1980, em pleno regime militar e as mudanças propostas pela Nova Lei da Migração - Lei 13.445, aprovada no dia 24 de maio de 2017. Em seguida, a Dra. Blanca de Souza V. Morales, partilhou a sua experiência como imigrante uruguaia.
As assessoras fizeram várias provocações, dentre muitas, trazemos presente:
“Será que nós vamos precisar ter a economia arrumada, ter os nossos sistemas de saúde pública e educação perfeitos para poder estender a mão, num gesto de solidariedade internacional para aquele que vem sendo perseguido, que não tem mais nada, só tem a própria vida como único bem que lhe restou a salvar?”(Luis Paulo Barreto).
“A história das migrações indica que não existe fundamentação para se considerar, a priori, imigrantes como ‘problema’, nem para criminalizá-los de antemão. O índice de criminalidade é muito baixo... são pessoas à procura de uma vida melhor. Não são fugitivos ou pessoas de má fé. Lamentamos ver que imigrantes e refugiados de pele negra são os que têm sido alvo, por parte dos brasileiros, de manifestações racistas e xenofóbicas, inclusive com violência física e até assassinatos”(Bela Bianco).
No decorrer do encontro tivemos a oportunidade de escutar e partilhar as alegrias e as dificuldades, os desafios e as esperanças de cada realidade.
Roberto Saraiva, coordenador do Serviço da Pastoral do Migrante, em nível Nacional, participou conosco e partilhou como o serviço está organizado.
Na região de Itajaí, a Pastoral dos Migrantes começou a ser organizada na segunda quinzena de 2015, com a chegada de Irmã Enedir Rosa Correâ na fraternidade de Itajaí – SC, a sensibilidade de pessoas voluntárias e o apoio do Pe. Josimar da Silva.
Hoje estamos dando continuidade na articulação da equipe e ampliando as ações e parcerias. Somos uma equipe de aproximadamente 25 voluntárias e voluntários. A Pastoral dos Migrantes desenvolve ações específicas com os imigrantes haitianos, mas outros também têm nos procurado.
Conforme nos pede o Papa Francisco, nossa missão é: acolher, proteger, promover e integrar a convivência entre as pessoas de diferentes culturas e o cuidado com toda a criação, independente de raça, credo e cultura.
Um dos destaques é a missão assumida em parceria com as Irmãzinhas da Imaculada Conceição, o Escritório de Relações Internacionais da Univali de Balneário Camboriú, a Paróquia São Vicente e a sensibilidade de muitas pessoas.
Em 2017, como equipe do serviço da Pastoral dos Migrantes, além da acolhida, orientação, assistência, assumimos focar mais na ação da Formação, por isso decidimos empatar nossas energias nas seguintes ações:
ü Organização de 7 grupos de aulas de língua portuguesa, em parceria com o Colégio São José, das Irmãzinhas da Imaculada Conceição e a comunidade Nossa Senhora de Fátima do bairro Cidade Nova. Ao todo, são em torno de 85 a 90 pessoas que frequentam as aulas de língua portuguesa com maior assiduidade. Outros, frequentam, de vez em quando. Nosso sonho é organizar pequenos grupos nos bairros onde há maior presença de imigrantes.
ü Oficina de formação mensal (3º domingo do mês) com diferentes temas: Orientações Jurídicas para o trabalho e aluguéis, Lei Maria da Penha, Viver com Saúde, Orientações para o Mercado de Trabalho, Documentação... Sempre conseguimos reunir, em média, de 50 a 70 participantes.
ü Grupo de artesanato que se reúne semanalmente na nossa casa. Sonhamos com um grupo de economia solidária.
ü 2 grupos de oficina de costura básica, envolvendo em torno de 20 mulheres. Reunimos-nos nas dependências da Igreja Matriz São Vicente de Paulo.
ü Orientação quanto à documentação: (passaporte, documentos pessoais e escolares...) e contato com as pessoas e órgãos competentes: Escritório de Relações Exteriores da Univali de Balneário Camboriú; secretaria de Educação Municipal e Estadual, etc.
ü Visitas às famílias e campanha de arrecadação de alimentos, roupas, enxovais para bebê, móveis em condições de aproveitamento para as famílias que têm necessidade.
ü Preenchimento de currículos, busca e encaminhamento de vagas de emprego. Entre os muitos desafios, este é um dos maiores desafios enfrentados pela comunidade haitiana – o desemprego, agravado, hoje, com a atual situação do nosso país.
Termino com um pequeno texto de Scalabrini: “As pessoas que migram não são e nem podem ser consideradas sinais de problema para a sociedade. Elas são, sobretudo, dom e oportunidade para o caminho da humanidade. Elas nos ajudam em nosso trabalho, nos obrigam a abrir a mente, as economias e nossas políticas; estimulam-nos a buscar novos modelos e a derrubar fronteiras; revelam-nos que todos somos filhos e filhas amadas de Deus.
Somente juntos poderemos enfrentar este desafio e abrir nosso mundo a um futuro diferente, onde a nossa terra seja, para o migrante, “a pátria que lhe dá o pão”.
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Dios torne fenda la labor de sus manos.