Na Semana Santa fomos convidadas a vivenciar profundamente o Mistério da Paixão de Cristo; agora celebramos a alegria e a esperança da Ressurreição.

A Páscoa tem sua origem na experiência de libertação de um povo que era escravizado no Egito. Este povo enfrentou muitos sofrimentos e lutou destemidamente para alcançar a libertação. Em sua luta por condições dignas de viver, fez a experiência profunda do Deus Libertador. Um Deus que vê a opressão e a miséria do povo, ouve seu clamor e sente seu sofrimento (cf. Ex 3,7-8). Um Deus que desce, orienta e caminha junto, até o povo alcançar a terra “onde jorra leite e mel”, e nela se estabelecer.

Essa experiência pascal foi celebrada por muitos séculos, mas só atingiu a plenitude com Jesus Cristo, o enviado do Pai ao mundo para anunciar a libertação definitiva a toda a humanidade, preferencialmente aos oprimidos (Lc 4,18-19). Sua missão de anunciar a chegada do Reino de Deus, um Deus que acolhe todas as pessoas sem discriminação ou preconceito, que olha com particular carinho os pobres e oprimidos, não foi aceita pelo poder político e religioso da época. O que levou Jesus a ser acusado, julgado, preso e condenado à morte na cruz. Mas Jesus venceu a morte, ressuscitou e nos dá a segurança e a certeza de que com Ele vamos ressuscitar (cf. 1Cor 15,20). 

Na realidade em que vivemos, muitas pessoas testemunham a vida e a missão de Jesus. Para nós, religiosas, a alegria da festa pascal só tem sentido se acompanhada pelo compromisso com a libertação dos oprimidos de hoje, compromisso de anunciar a boa nova do Reino de Deus, denunciar e combater todo tipo de violência e assumir o cuidado da criação, como têm proposto as Campanhas da Fraternidade e também o Papa Francisco, em particular na Laudato si’.

Somos convocadas a nos indignar com as injustiças, a ver e escutar as pessoas, a encher-nos de compaixão pelas que mais sofrem, a compreender a vida como um processo que assumimos noMistério da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. E juntas podermos rezar: “Deus Pai e Mãe, útero sagrado no qual a Vida é gerada e regenerada: obrigado pela luz e pela força da ressurreição de Jesus Cristo que hoje estamos celebrando. Aqui renovamos a convicção de que o Filho do Homem e Irmão dos Pequenos se tornou juiz dos vivos e dos mortos, dos que escravizam e dos que são escravizados, dos que morrem e dos mandam matar. Hoje redescobrimos nossa vocação de ser semente que morre para ser fecunda, e voltaremos às nossas casas caminhando e cantando, para demonstrar nossa alegria e para espantar o medo. Que a vida seja sempre mais forte que a morte! Assim seja! Amém”! (Itacir Brassiani, msf).

Uma abençoada Páscoa!