Aconteceu na casa da mãe Aparecida nos dias 04 a 08 de maio de 2018 o Seminário Nacional da Vida Religiosa Consagrada.
Éramos cerca de 600 religiosas/os das congregações que fazem parte da CRB-NA. O Seminário foi marcado pelas conferências e pelas trinta e uma oficinas distribuídas em duas tardes. Nós, Irmãs Catequistas Franciscanas, estávamos representadas por irmãs das seis Províncias.
O Tema: Mística e Profecia na vida comunitária e o Lema: “Saiamos, ás pressas, com Maria, aonde clama a vida” perpassaram o Seminário em todos os momentos: Celebrativos, com destaque a caminhada dos Mártires, as diversas partilhas, os Testemunhos, Oficinas e nas cinco conferências: A primeira: “O Mundo que nos Toca” com o Professor Sérgio Coutinho. A segunda: “Profetismo na Vida Religiosa Consagrada Hoje” com Irmã Máriam Ambrósio. A terceira: “Seguir Jesus com Maria” com Irmã Rejane de Paiva e Irmão Afonso Murad. A quarta: “Espiritualidade para os nossos tempos” com Dom Marcelo Barros. A quinta: Filantropia, Mística e profecia na Vida Religiosa Consagrada com Ir. Adelir Weber e Dr. Hugo Sarubbi Cisneiros. O material está disponível no site da CRB–NA. Inclusive a Carta Aberta que segue anexo e merece uma leitura atenta e comprometida.
Todas/os tivemos a possibilidade de participar em duas oficinas. Seguem algumas partilhas destacando alguns, entre os muitos, aspectos abordados e que nos motivam para aprofundar a Mística e a Profecia que alimenta a Esperança neste tempo desafiador que estamos vivendo.
1. A mística e a profecia da mulher na VRC atual. Um olhar de Teresa de Ávila, como profecia, hoje. A mística e a profecia vivida por Tereza de Ávila, pode ser um espelho, hoje, para o contexto da VRC. Trata-se de uma mulher que viveu em constante processo de busca e crescimento. Imersa e consciente do mundo que vivia, assumiu o desafio de realizar o seu papel histórico como mulher consagrada e comprometida com a pessoa humana. Ela se tornou mestra e mistagoga a partir do seu processo de integração existencial, incentivando aos outros e outras no seguimento de Jesus Cristo e sua humanidade. Mergulhar na dinâmica teresiana é um convite à paixão pela causa e missão de Jesus Cristo. A partir da releitura da própria vida, Teresa percebeu e acolheu o dom recebido da graça mística. Torna-se profetiza realizando uma nova proposta de VRC, retomando as origens. E liderou um movimento de mulheres, pobre, orantes e iguais.
É a partir de sua experiência, peregrina do próprio interior, que a Teresa, doutora da Igreja apresenta a mística de imbuir-se na fonte trinitária e, em decorrência, o anúncio profético de Jesus Cristo e sua humanidade.
Para Teresa, ser espiritual de verdade “não é outra coisa a não ser Marta e Maria que sempre devem andar juntas”. Viver a mística e a profecia exige escutar Deus, as pessoas, a própria realidade que interpela constantemente com novos rostos e novos desafios. E que somente a luz que brota da mística, será capaz de romper fronteiras, lançar-nos ao novo, ao testemunho comunitário de discipulado e missão, colocar-nos ao lado dos pobres e famintos de pão e justiça.
2. A Oficina sobre Projeto Congregacional e Gestão Institucional foi pertinente, uma vez que nossa congregação vive este processo de reflexão sobre reorganização. Ir. Jardelino Menegat, fsc. ajudou a refletir que a Vida Religiosa Consagrada vive, hoje, uma situação paradoxal. Há uma crise profunda que ameaça o seu futuro. Mas, estamos diante de uma oportunidade privilegiada de recuperar uma síntese original. O Projeto Congregacional interpela as Congregações e seus integrantes a saírem do habitual, olhar a realidade com novas perspectivas, recuperar o que dá sentido e sonhar novos horizontes. Já a Gestão Institucional possibilita a ressignificação do sentido de ser e conviver, além do fazer das Congregações e de seus membros. A relação entre ambos pode criar a participação, o compromisso com a construção e a promoção da identidade, o sentido de pertença, o trabalho em Rede, a intercongregacionalidade e a reconfiguração de novas formas de realizar a missão apostólica. Ana Lucia.
3. Um olhar atencioso para o entardecer da vida. Irmã Nilva Rosin - Levou o grupo a olhar para a realidade da Vida Religiosa hoje, e refletir sobre o seu envelhecimento. Isso fará toda a diferença para o hoje em vista de não perder o passado e construir o futuro planejado dentro das possibilidades presentes. A velhice só passa a ganhar e ter um sentido se a compreendemos, se abrimos espaço para o novo, então sim começaremos a experienciar novas formas de relações. Não podemos esquecer um processo de formação para esta etapa da vida: trabalhar a questão do envelhecimento humano como uma arte. É importante a pessoa ser acolhida, ser respeitada e ser amada na comunidade. Quanto mais fraterna for a vida, maior será a possibilidade de enfrentar o envelhecimento com mais tranquilidade, com mais serenidade, acolhendo com amor, confiança e alegria os limites da idade e muitas vezes da doença.
4. Cuidar da Espiritualidade para viver em plenitude. Aquilo que vou sedimentando ao longo de minha vida faz com que a espiritualidade, nesse momento do envelhecimento, me dê força e a beleza da paixão pela vida que escolhi. Nós religiosas escolhemos uma vida de entrega total, uma vida de cuidar das outras pessoas. A espiritualidade nos ajuda, agora, num processo de humildade, de abertura para o acolhimento, pois, se for necessário, outras pessoas terão que cuidar de nós.
A missão não muda, ela apenas vai ter um jeito diferente nesta etapa da vida. É preciso tomar consciência de que a missão é Dele. A missão é inerente à pessoa de Jesus nós somos apenas colaboradoras. “O como vivemos o envelhecimento é consequência das atitudes tomadas ao longo da vida”. Enedir Rosa Correa
5. Profecias e fronteiras missionárias. Mais uma alerta para nossos ouvidos e coração: ouvir o grito dos migrantes, indígenas, negros, pobres...e tantas vozes que clamam por justiça e pela vida. O profeta Isaias nos pede para aguçar nossos ouvidos e deixar estas vozes chegar até nós, vozes dos invisíveis da sociedade. Somos desafiadas a dar nome e rosto a estes invisíveis, são corpos que precisam ser resgatados e a eles devolver sua identidade. Sair de nossa área de conforto para dar voz e visibilidade a quem a história silencia e invisibiliza. Nosso espaço é entrar nas fronteiras porque somos chamadas a ser discípulas de um Deus em saída. Teresinha Dalcegio.
6. A oficina da Ecologia: Ajudou a confirmar e perceber a urgência cada vez maior de fazermos ações concretas em favor do Planeta. Começando por onde eu piso, com minha irmandade com quem me relaciono. Todo o espaço é propicio para nossa postura do cuidado. Participar com a sociedade civil e eclesial de movimentos em favor do Planeta. Maria Aroni Rauen.
7. Animação Vocacional e formação inicial: escolhas de hoje. Mística e Profecia amanhã. O assessor desta Oficina Frei Rubens Nunes da Mota-ofmcap, destacou alguns aspectos a serem considerados no trabalho da Animação Vocacional como o contexto social, os sistemas, o estilo de vida, os grupos, as instituições religiosas, a Igreja, seus testemunhos e seus escândalos que influenciam e desafiam o cenário profético. Como trabalhar as etapas para que configurem processo na formação inicial? – Como salvar a mística e profecia na formação? O projeto de Vida deve encontrar razões para salvar o essencial.
8. “A arte de viver as relações comunitárias, com Ir. Annete Havenne, ism. Tratou sobre o sentido das Comunidades Ecológicas: um ambiente livre de fofocas. Nos pergunta: como nos cuidamos umas das outras?. Você já pensou que a forma mais delicada do amor de cuidado cristão e nas relações fraternas é o perdão? Nos convida a ampliar a compreensão de casa comum, que nos remete aos dons de Deus que possuímos “em comum”. E nisso tudo está a causa da nossa alegria de viver o Evangelho de Jesus. Ir. Nair Izoton.
9. Participei das oficinas Carismas Compartilhados e Ecologia: cuidado da casa comum. Nas duas pude perceber que a vivência do nosso carisma faz sentido se formos capazes de trabalhar em diálogo, somando forças e tomando consciência que “tudo está interligado, com se fossemos um”.
O seminário foi um momento de convivência dos diferentes carismas, onde cada um e cada uma foi provocado(a) a tomar consciência da própria missão como pessoa e como congregação. Ao mesmo tempo questionou a VRC a buscar, na origem, a mística e a profecia, que é essencial no seguimento a Jesus Cristo e para a retomada da opção pelos pobres. Maria Diva.
Em anexo: Mensagem Final do Seminário Nacional da VRC