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27 Maio 2018
No Aturá das Memórias de Liduína!

Na tarde do dia 21 de maio de 2018, em São Gabriel da Cachoeira-AM nossa irmandade se reuniu e, bebendo da Fonte da vida, alargando o espaço da tenda partilhamos a memória de nossa irmã Liduína Venturi. “A pessoa cordial é aquela que vive a sua vida como se tivesse dentro de si, o coração de Deus”. Liduina Venturi.

O primeiro sentimento foi a recordação de Liduína como camponesa e, as mulheres São Gabrielenses no cuidado da roça é a imagem que nos ajudará a semear as palavras que darão forma a este texto.

No aturá (cesto) das memórias resgatamos de Liduína valores como a simplicidade, silêncio, ternura, mulher contemplativa, maternal, jovial, orante, prudente, alegre, ativa, de olhar penetrante, educadora exímia, catequista de coração, visitadora dos doentes e famílias, conselheira dos casais, sempre envolvida com a vida cotidiana e local, camponesa, amorosa com as formandas, itinerante, serena e de boa convivência, aprendiz.

A mulher ao vir da roça traz em seu aturá os alimentos para a família e, estas memórias também nos fortalecem, nutrem e energizam em muitos aspectos:

Ao pensar a reorganização da congregação, o movimento dos dias atuais, nos recordamos das mulheres que se juntam para ir a roça, e, hoje nós mulheres catequistas, somos convidadas a realizar um grande ajuri (mutirão), trabalho em conjunto. O plantio não é novo, somos terra, semente, semeadoras, broto...muitas plantas vão continuar, outras novas serão semeadas, alguns terrenos precisam descansar e novas terras precisam ser preparadas.  Como Liduína, mulher orante, profundamente atenta aos sinais dos tempos, é preciso atenção aos ciclos da vida para que não se deixe passar o tempo da graça, é tempo favorável. O que se pede às agricultoras-catequista é que confiem e esperem em Deus. É Ele que age em nós.

Em Liduina nos nutrimos dos diversos sabores da vida em irmandade: alegria, simplicidade, o fazer em conjunto, cordialidade, amor as companheiras, convivência, entreajuda, paciência, cuidado com as formandas, oração em conjunto. Ela nos motiva e nos inspira a viver hoje, em nossa realidade concreta a acolhida às diferentes culturas, os novos sabores e saberes, a tecer relações fraternas na interculturalidade. Também na superação do individualismo, consumismo e isolamento.

Os frutos partilhados com “os pequeninos e pequeninas que pedem pão”, em Liduína nos vemos caminhantes, nas trilhas dos becos, nos canais dos rios, no fervilhar das cidades, sempre itinerantes, ir ao encontro, visitadoras, mulheres da escuta. Ela em sua realidade, nós em tantas outras com diferentes clamores e desafios de vida, mulheres de corações sensíveis, catequistas e educadoras de ontem e de hoje.

O cultivo da roça é exigente e desafiador e assim, nas memórias de Liduína nos sentimos convocadas a sermos mulheres de sorriso evangelizador mesmo em meio as dores e dificuldades, cultivarmos um coração sensível e cuidadoso da vida, ressignificar nossa diaconia, sermos moradoras do lugar, viver o cotidiano, cultivar relações de proximidade e cuidado na irmandade e com o povo, a itinerância, doação missionária, desapego de nós mesmas, sermos mães da humanidade- responsáveis pelo cuidado da vida na profunda intimidade com Deus e leveza nas relações.

Como mulheres agricultoras-missionárias carregamos em nosso corpo as marcas da vida doada: frio, calor, chuva, interpéries, as intensas e rápidas mudanças provocadas pelo processo de globalização que nos deixam muitas vezes incertas e inseguras, o medo, mas também a confiança, a alegria, a esperança, o sentimento e a certeza de sermos conduzidas por Deus.

Como Liduina desejamos, no silêncio do gestar das sementes, ir cultivando a serenidade e a espera confiante, na certeza de que podemos sempre contar umas com as outras no mutirão da vida.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Noviças: Catiana, Juciele, Lucineia, Marlene e Rigoberta e irmãs: Rosana Ferreira da Cruz, Cidinha Fernandes e Carmelita Zanella

Comentários  

#1 Maria Fachini 27-05-2018 19:11
Que gostoso, rico, animador este texto que cavou num chão tão geográfica e cronologicament e distante do chão que pisou Liduína, mas tão intimamente dentro de suas intuições, de seu coração ardente e jovial.
Conheci Irmã Liduína e a vi espelhada nesta reflexão-contem plação que a insere no chão de seu cotidiano amazônico.
Que alegria saber que vocês são nossas irmãs, que são jovens e animadas que sabem contemplar e compartilhar o que contempla seu coração.
Que Deus lhe conserve o ânimo e a sensibilidade, a alegria e a profundidade do olhar.
Deus as abençoe com todo seu amor de mãe/pai.

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