“Bendita e louvada seja esta santa romaria. Bendito o povo que marcha, bendito o povo que marcha, tendo Cristo como guia. Sou, sou teu, Senhor, sou povo novo, retirante e lutador, Deus dos peregrinos, dos pequeninos, Jesus Cristo redentor.”
No dia 16 de setembro, domingo, no assentamento Olga Benário e comunidade Bananal, em Rondonópolis-MT realizou-se a III Romaria do Cerrado, tendo como lema: “No veio das águas brota a vida, dos troncos retorcidos surge a esperança”. O objetivo foi convidar todos os romeiros para assumir a mística do cuidado, preservação e defesa das nascentes e do cerrado.
Após saboreamos um delicioso café da manhã, partilhado com muita alegria pelos romeiros, na casa do seu João Carlos, irmã Neusa Gripa e o Simpatizante do Carisma, Adilson José Francisco motivaram a abertura da Romaria destacando o objetivo da romaria, partilhando a programação do dia e acolhendo as pessoas presentes, romeiros vindos das comunidades locais, de Rondonópolis, Cuiabá, Goiânia, lideranças da CPT e algumas irmãs e formandas das irmandades vizinhas. Contamos com a presença especial das visitantes: irmã Rosa Heinzen, ecônoma geral, e sua irmã Delnilda Heinzen, de Santa Catarina, que também viveram intensamente este dia abençoado.
Depois da calorosa acolhida com abraços e boas vindas, fomos convidados/as a contemplar o que estava ao nosso redor, com o mantra: “O sol nasceu, é um novo dia. Bendito seja Deus quanta alegria!” e invocamos o Deus da Vida que caminha com o seu povo, fazendo memória das romarias anteriores e das várias iniciativas do cuidado da Casa Comum.
No local da Romaria foram recuperadas 58 nascentes. Louvado seja o nosso Deus Criador! Nesta caminhada de louvor e gratidão, seguimos com cantos e orações, para visitar a primeira nascente. Lá seu João Carlos partilhou como a nascente surgiu: derrubou o pé de babaçu e de onde se encontravam suas raízes jorrou água; falou do cuidado e da importância da fonte que sustenta três famílias. “É uma mina resistente que não seca, é resultado da luta e resistência do povo”, testemunhou seu João. Retomamos a caminhada, motivados a observar as plantas medicinais do cerrado, conhecidas por nós.
A próxima nascente foi do seu Geraldino, que no momento se encontrava hospitalizado, mas muito bem lembrado por todos que o conheciam, estendendo assim nossa oração e sintonia por ele. Em seguida caminhamos até à nascente da dona Laurinda, onde ficamos ao redor de um formigueiro debaixo de antigas mangueiras. Irmã Anita David nos motivou a silenciar, escutar e sentir os sons da natureza, observar o nosso corpo, e sentir que somos parte deste cosmos, deste chão sagrado e na ciranda da vida entoamos em ação de graças o canto “tudo está interligado como se fossemos um, tudo está interligado nesta casa comum.” E na contemplação da mãe natureza, dona Laurinda partilhou a importância deste espaço para sua vida e sua família, em que o cuidado com o meio ambiente e a luta pela preservação das nascentes está vindo de geração em geração.
Na marcha da vida seguimos para o salão da comunidade Bananal, no qual fomos convidados a refletir sobre o documento do Papa Francisco Laudato Si, nº 67 com os questionamentos: Quando protegemos a nossa Casa Comum? Quando cuidamos dela? Quando a guardamos? Quando curamos – de que forma somos curados? Cultivar e guardar implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. Precisamos cultivar e guardar o jardim do mundo, nossa CASA COMUM. Momento de louvor foram expressos por algumas lideranças: as lutas, as conquistas, as nascentes recuperadas, a entreajuda dos moradores e tudo isso foi motivo de louvar e bendizer ao Deus da Vida.
Finalizamos o momento orante com o compromisso de continuar cuidando do meio ambiente e, de modo especial, da preservação das nascentes. Somos chamadas e chamados a ser anunciadoras e anunciadores do Reino de Deus. “É missão de todos nós...”
Após partilharmos um delicioso e abundante almoço tivemos a reunião do Fórum de Lutas contra o Impacto dos Agrotóxicos com o tema: Contaminação das águas! Nesta reunião a fala do Promotor do Meio Ambiente, Dr. Jakson Rogério Barbosa assustou as pessoas presentes pelo grave problema de envenenamento geral da mãe terra, das águas e do ar, produzido principalmente pelos agrotóxicos do agronegócio. Todas as pessoas, diariamente, respiramos, bebemos e nos alimentamos com veneno de agrotóxicos.
Encerrou-se a Romaria com um bingo em prol da construção da Capela São Benedito, e uma rifa para ajudar no tratamento de um comunitário necessitado. Os prêmios foram produto do próprio trabalho dos agricultores.
Fomos agraciadas, nesta Romaria, com a oportunidade de contemplar a beleza da natureza e ouvir testemunhos de pessoas comprometidas com a continuidade da vida do Cerrado. Fortalecemos também a consciência de nos somarmos nesta luta. Louvado sejas meu Senhor!
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