Em 1969 as Irmãs Catequistas Franciscanas, pisam o chão da Amazônia, estendendo a chama do carisma em Rondônia. Muita vida, muitas alegrias, muitas lágrimas e pés amassando a lama na época de chuva e a poeira na época do verão, levando aos “pequenos” o pão da Palavra, numa troca mútua de aprendizado, entre as irmãs e o povo. 50 anos de vida em missão na Amazônia. Tempo de graça! Tempo de voltar ao Ponto de Partida!
Amazônia terra sagrada! Presente do Criador! Por 50 anos a realidade amazônica na congregação permaneceu nos livros e no mito, talvez no sonho. Um profeta nascido em SC, D. João Batista Costa, conhecedor da congregação, mostrou que o horizonte estava além do alcance do olhar e com um convite, abriu caminho novo.
Com este convite, em 1969, as primeiras irmãs, a exemplo das fundadoras, chegaram com a única certeza de que Deus estaria à frente da missão. Levavam um estilo de vida simples e no meio do povo. Em depoimento a Sra. Joelina conta: “D. João Costa, nos preparou para a chegada das irmãs franciscanas, nos falou que eram irmãs que usavam roupas comuns e não usavam o véu, não teria o problema de ficar enganchado nas cumeeiras das casas de palhas e nem nos troncos de árvores”.
A vida foi sendo constituída no solo Amazônico, como resposta ao chamado e caminho “sejam irmãs do povo”, diante deste apelo as irmãs ouviram o clamor do povo migrante, que interpelava uma resposta de presença consagrada, para os muitos migrantes que na década de 70, iludidos com o chavão “Amazônia uma terra sem homens, para homens sem terra”, migrava para a região amazônica em busca de melhores condições de vida, uma vez que o latifúndio em suas regiões de origem os expulsavam para abrir outras fronteiras econômicas.
As fraternidades foram sendo constituídas em Guajará Mirim, fronteira com o país vizinho Bolívia, seguia as aberturas de fraternidades ao longo da BR 364 e das rodovias de ligação com esta BR, aonde chegavam migrantes de várias partes do Brasil, sobretudo do Sudeste e Sul do país. Foram sendo constituídas as fraternidades de Ariquemes, Nova Brasilândia D’Oeste, Seringueiras, Cerejeiras, Espigão D’Oeste, Ji-Paraná - Rondônia, Assis Brasil, Senador Guiomard - Acre e Humaitá - Amazônas, considerando esta realidade gritante de migração, onde as comunidades eclesiais de base surgiam na área rural e nos conglomerados urbanos.
A ação missionária das irmãs era o serviço de formação de lideranças em nível bíblico, pastoral e na dimensão social, com a organização de associações em defesa dos direitos dos trabalhadores rurais e em nível urbano, extrativistas e grupo de mulheres. Tudo é graça de Deus!
Fomos provocadas como franciscanas, ao cuidado da mãe terra, nossa Casa Comum. É tempo de evidenciar o modo de ser, de viver e de fazer francisclariano, no cotidiano, tecendo relações de interculturadade, no compromisso apaixonado com a justiça socioambiental, a paz e a irmandade universal.
Atentas aos apelos da realidade, novamente somos interpeladas pelo sopro da Ruah Divina e pelo constante clamor “os pequeninos pediam pão” (Lam 4,4), neste caso o pão se traduziu numa presença educadora, em meio ao povo indígena, Karitiana. Este ponto inicial de presença junto aos povos indígenas, se estende até os dias atuais, no compromisso da defesa da vida, dos direitos, da terra e da Casa Comum.
Com a abertura e o coração missionário, alagarmos o nossa presença e estendemos a nossa tenda, na Amazônia Peruana, sendo desafiadas a abrir o coração e os ouvidos além fronteiras, no processo de discipulado e de mútuo aprendizado.
Ao longo deste tempo, temos muito a agradecer a pedir perdão. Tudo é graça! Graças pelos anos de vida missão na Amazônia, pelos muitos aprendizados, ganhos e perdas do caminhar.
Por fim, temos a certeza que o caminho se faz caminhando...
Comentários
"Em terras sagradas estamos Divina Ruah" em muitos cantos e recantos vozes entoam esta composição maravilhosa da nossa mana Dalvina Pedrini. Sim estamos em terras sagradas... há 50 anos, sandálias caminhantes, itinerantes abriram picadas, deixaram rastos, convocaram missionárias dispostas a entregar a vida para promover, cuidar e defender a vida ameaçada. Parabéns pelo testemunho vivo do Evangelho de Jesus Cristo que vocês vivem e anunciam. Um grande abraço das Irmãs da Coordenadoria Irmã Alcida que estará presente na celebração Jubilar, na pessoa da Irmã Maria Ármine Panini - pioneira nessa missão e nossa companheira aqui em Angola. Abraços com ternura.