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01 Agosto 2019
Missão Franciscana da Juventude

A Missão Franciscana da Juventude, promovida pela Província Imaculada Conceição, dos Frades Menores, nos dias 17 a 21 de julho no Rio de Janeiro, começou em nossa casa em Puente Kyjhá, Paraguai, quando fizemos o gesto de lavar os pés, antes de sair da nossa realidade para acolher o chão sagrado do outro(a).

Nos dias 17 e 18 de julho, tivemos como ponto de acolhida a Catedral São Sebastião, no centro do Rio, onde reuniram-se 600 jovens, vindos de diversas realidades do Brasil e do Paraguay, na busca de sermos profetas do diálogo e do respeito, com a ternura que acolhe a paz e o vigor que supera a violência.

Lembrando que São Francisco dizia “pregue o evangelho a todo tempo, se for necessário use palavras”, fomos convidadas a abraçar em silêncio as diferentes realidades: mulheres violentadas, jovens marginalizados, nordestinos, refugiados, LGBTs, índios e imigrantes, e também o Cristo Negro, cravejado de bala, favelado e ressuscitado. Após este momento, nos dirigimos ao Tau, onde colocamos nossos nomes e fizemos uma oração diante do Crucifixo de São Damião. Ouvimos, com grande emoção, o grito de nossos jovens: “Parem de nos matar”! Dentre essas vozes, a de Bruna, mãe de Marcos Vinicius, que relatou os sonhos de seu filho, antes de ter sua vida ceifada pela violência.

A mística, conduzida pelos jovens e pelo frei Diego Mello, ofm, teve um momento muito forte, quando fomos convidados a sair para as ruas em procissão, levando um Crucifixo de um Cristo Negro baleado. Na cruz estava representada a mãe do Marcos Vinicius na janela e, ao lado esquerdo, um jovem cheio de sonhos com sua pipa.

Caminhamos em direção ao Convento Santo Antônio, levando nossas velas como sinal de compromisso de sermos luz em tempos de escuridão. Ao chegarmos lá,  pintamos nossas mãos de vermelho e as colocamos atrás da cruz, sentindo-nos parte dessa luta contra o extermino da juventude.

No segundo dia, participamos das oficinas sobre a realidade juvenil e o povo negro, e também ouvimos testemunhos de fé e superação. Ao final da tarde, participamos da missa de envio, presidida por Frei Diego Mello. Ao término da missa, fomos direcionados paras as comunidades, que já nos aguardavam ansiosas e com muita alegria.

Testemunho das experiências nas comunidades

 Eu, irmã Alice, fui envida àcomunidade de Belford Roxo. Éramos 62 jovens, de várias regiões. Senti que o grito da não-violência se faz muito presente naquele bairro, esquecido pelos governantes. Na roda de conversa sobre a intolerância religiosa, vimos a importância do diálogo e do respeito entre as religiões que promovem a paz. Na missa africana, com Frei Tatá, ofm, expressamos a igualdade entre as culturas. A experiência com os moradores em situação de rua me fez quebrar preconceitos, por exemplo ao conhecer a história de Rita, Inês e Miriam, mulheres guerreiras, com vida sofridas, mas que não perdem a alegria, o carinho e o valor de uma boa amizade. Para mim, foi um clamor insistente de Deus, presente naquele chão.

Eu, irmã Andressa, participei na comunidade Nossa Senhora das Graças, em Nilópolis. Éramos 62 jovens de diferentes lugares.  Como profetas do diálogo e do respeito, procuramos espalhar alegria e ternura com o gesto de lavar os pés de cada família. Também plantamos uma semente de girassol, simbolizando a esperança que brota de uma comunhão profunda, que é capaz de superar todo tipo de violência.

Uma experiência que me ardeu o coração foi poder visitar um centro terapêutico, onde homens e mulheres estão lá porque suas famílias já não têm condições de cuidar deles.  Seu Sebastião, um homem que sofreu muito na vida, me fez um pedido que eu não pude negar.  Ele se encantou com o crucifixo que eu levara em meu pescoço, olhou nos meus olhos e me pediu. Sem pensar muito, tirei o crucifixo e o coloquei em seu pescoço. Sorrindo, lhe perguntei: você rezará por mim? Ele respondeu:  sim, eu vou rezar por você. Já não era preciso levar o Cristo no pescoço, pois Ele mesmo já estava presente no Irmão. Era o dia 19 de julho, uma data tão especial para mim, pois estava completando mais um mês de consagração. Seu Sebastião me fez perceber que o Senhor se comunica a nós de muitas formas, e que o Sim dado com AMOR faz brotar o sentido da própria vocação.Gostei muito de poder voltar ao Rio de Janeiro e reviver cada momento que passei naquele lugar. Hoje posso dizer que aquela realidade mexeu comigo, me fez perceber o quanto Deus nos prepara caminhos, que só compreenderemos se estivermos abertas para viver a experiência.

Eu, irmã Andréa, fui para a comunidade de Campos Elíseos, em Duque de Caxias. Estávamos reunidos 60 jovens. Deus me chama e envia! Foi neste espirito que participei da missão Franciscana da Juventude no Rio de Janeiro. Senti o vigor e o amor que transpareciam no rosto e no ser de cada jovem. Eu me questionava, tentando entender o porquê da minha presença naquela realidade. Mas em cada lugar, em cada pessoa, senti a presença de DEUS. Um povo com tantos sofrimentos, mas, ao mesmo tempo, um povo alegre e com sonhos. Senti o Cristo que sofre no ser de cada pessoa que busca justiça e direitos iguais, que luta pela vida.

Eu, aspirante Charlene, fui enviada para a comunidade da Rocinha. Na noite anterior, os 65 jovens que disseram “sim” para aquela realidade foram convidados a dormir na capela do Convento Santo Antônio dos Frades, juntamente com aquele Crucifixo. Como Francisco, eu também perguntei: “Senhor o que queres que eu faça?” Subindo o morro da comunidade da Rocinha, senti a alegria do povo que já nos esperava. Senti a alegria das famílias e cada abraço recebido foi uma forma de Cristo dizer: “Eu já esperava você!” Foram dias de escuta das famílias, de amor e partilha de vida. Foi possível conhecer um pouco a verdadeira realidade da Rocinha. Um povo que acorda cedo para trabalhar e enfrenta as batalhas do dia; um povo guerreiro, forte e muito humilde. Chamou a atenção que em cada casa visitada pediam para cantarmos a oração de São Francisco e o Cântico das Criaturas. Diante de tudo o que ouvi e vivi naquela comunidade, posso dizer que aquele Cristo Negro, crucificado e baleado, vive em muitos rostos e nos convida a colocar os pés no chão e ouvir o grito de um povo que tem garra, força e fé, mas está perdendo a voz. A missão naquele estado desafiador e muito rico de pessoas humildes e acolhedoras fez com que eu me sentisse em casa, fazendo parte daquele povo. Sejamos profetas do DIÁLOGO e do RESPEITO! “Irmãs, comecemos, pois até agora pouco ou nada fizemos” (São Francisco).

A missão encerrou-se com a missa na Praia de São Conrado, onde todos os jovens foram convidados(as) a deitar na areia, como gesto concreto frente ao grito do jovem: “PAREM DE NOS MATAR!”, recordando as muitas vidas ceifadas pela violência, pela desigualdade e pela intolerância. Ao final, fizemos uma caminhada pela Paz, da Praia de São Conrado até a comunidade da Rocinha. Todos os 600 jovens subimos cantando e sorrindo, e fomos recepcionados pelas famílias da comunidade com um delicioso almoço. Com alegria e em meio a lágrimas nos despedimos de nossos irmãos e pais de missão, na certeza de que juntos carregaremos a bandeira da Paz.

É com o coração agradecido que queremos demonstrar nossa gratidão às nossas irmãs Ana Cláudia de Carvalho Rocha, Benedita de Fátima Pereira, Inês Zanin e Terezinha Boni pela acolhida nas fraternidades, e por poder sentir e vivenciar um pouco de nossa missão, acolhendo o clamor daquele povo. Existe muita esperança no chão missionário do Rio de Janeiro! À Província Santa Clara de Assis nossa gratidão, por nos proporcionar essa experiência, e às irmãs que rezaram por nós nestes dias, nosso abraço de Paz e Bem.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Alice, Andressa, Andréa e Charlene

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Direção
Isabel do Rocio Kuss, Ana Cláudia de Carvalho Rocha,
Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

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