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09 Outubro 2019
Retiro ecológico na aldeia Akratikatêjê!

“O sínodo é espaço para escutar os povos, vem fortalecer a nossa luta, que vai continuar de geração em geração. Que lá possamos encontrar uma luz que ilumine nosso caminho, que juntos, nós possamos trilhar nele. Nossa esperança é de encontrar a paz e viver na harmonia”.Cacique Kátia

Estivemos reunidas para o retiro ecológico, na aldeia Akratikatêjê, da tribo Gavião, Ir. Zélia Maria Batista, as formandas Jadiane Silva de Araújo e Patrícia Costa Cardoso, a vocacionada Thainá Nogueira Lobo, as leigas: Vanalda Gomes Araújo, colaboradora do CIMI, Fernanda Lowe, missionária recém-vinda do Rio Grande do Sul e eu, Ir. Iria Minosso.

Iniciamos o retiro com um momento de convivência na escola da aldeia, onde a Cacique Kátia nos falou da luta do seu povo para a sua sobrevivência e da espiritualidade que  o move.

Lanchamos e em seguida fizemos algumas orientações para a caminhada na mata em direção ao monte sagrado para o povo Gavião. Fomos convidadas a fazer a experiência dos discípulos de Emaús, caminhar em silêncio, escutar a fala da floresta, escutar o vento do espírito que nos  dizia da beleza da vida ofertada pelo criador.

Da escuta, buscar compreender o mistério de Deus, o Senhor que se aproxima, caminha conosco, nos escuta, interpela e nos abre os olhos para podermos reconhecê-lo na partilha solidária. 

A Cacique, a mãe da Cacique, os filhos/as e um grupo grande de crianças nos acompanharam em todo o trajeto. O filho maior  ia à frente abrindo caminho e um deles ao final, na retaguarda.

A subida ao monte é uma experiência incrível, como Deus nos eleva, faz o caminho íngreme se tornar um tapete de folhas macias que tornava suave a nossa passagem. As crianças e jovens nos ajudando na subida. Ao chegar ao cume, uma respiração de vida tomou conta de nós. A visão ao longe fez pensar o quanto a grandeza de Deus nos envolve.

Mas então, ouvimos com atenção a Cacique Kátia, escolhida para participar do Sínodo para a Amazônia em Roma  representando os povos originários desta região, nos dizer da expectativa e futuro que o seu povo tem com a sua participação no sínodo.

Ela pergunta: "Porque respeitar a natureza? A natureza nos entende e nós entendemos a natureza. Nossa participação é para fazer clamar a nossa voz, a voz dos nossos povos". Para as Irmãs Catequistas Franciscanas, nos diz: "continuem a incentivar e apoiar o nosso povo, estar ligadas com a natureza. Interligadas, aqui neste lugar sagrado, o nosso Deus está nos dando sabedoria, como está na vida de vocês!  Deus  escolheu e preparou vocês! Continuem com um coração humilde... É por isso que vocês entendem a gente"

Em seguida passou a falar do Sínodo: "O sínodo representa a escuta dos povos e vem fortalecer a nossa luta, que vai continuar de geração em geração. Que lá possamos encontrar uma luz que ilumine nosso caminho, que juntos nós possamos trilhar nele. Nossa esperança é de encontrar a paz e viver na harmonia”.

A Cacique Kátia Valdenilson espera encontrar em Roma com o papa Francisco uma paz, uma solução, voltar com o coração cheio de paz.  “Que nossa voz chegue a Deus e esse grito possa tocar na vida desse povo. Porque desde que  o meu povo foi expulso de nossa terra pelo Estado que favoreceu o interesse das grandes empreiteiras que se apossaram de nossa terra, nós não temos paz, vida. Nossa terra vem diminuindo cada dia"

Cada participante do retiro pode dizer a sua palavra. A  Ir. Zélia disse à Katia e seu povo: "É com grande alegria que estamos aqui. Esse chão é muito sagrado porque Akratikatêjê, Gavião da montanha, é o lugar do encontro com Deus, com tudo o que é espiritual, lugar de presença de seres divinos porque a obra da criação é divina. Agradecemos muito ao teu povo porque vocês são a história de luta e resistência dos povos dessa região".

Fernanda, jovem advogada, missionária,  a pouco chegada em Marabá, disse: "Sou muito agradecida por essa experiência. Desde que cheguei estou aprendendo a perspectiva do tempo, o tempo é outro aqui. Aprendendo a respeitar as diferentes culturas. Todos nós somos parte da natureza. Aqui vim aprender a reconhecer como são as coisas, pois tudo está interligado, meu desejo é colaborar e desenvolver o coletivo, estou disposta a  olhar  a natureza e as pessoas como irmãos e irmãs. Deus é o nosso Deus, cada povo tem a sua cultura. No retorno do sínodo estamos aqui para dialogar e colaborar".

As aspirantes Jadiane  e Patrícia e a vocacionada Thainá também reconheceram o grande valor dessa experiência "que fortalece a nossa  espiritualidade francisclariana, nos ajuda a voltar às nossas origens pois somos filhas desta terra. Hoje foi um dia de aprendizagem que muito vai contribuir para o nosso crescimento".

Vanalda, colaboradora do CIMI, disse: "para mim é muito especial estar aqui, sinto-me renovada cada vez que venho nesta aldeia, especialmente por ser colaboradora do CIMI. Nesta perspectiva de uma sociedade mais justa, é muito importante estar aqui e consagrar a Kátia na sua ida para o Sínodo. Cada vez aprendo mais com cada povo com quem estou sempre em contato.

Quero agradecer as irmãs por esta oportunidade, também às irmãs que não estão aqui, Iracema e Lucélia. Por essa convivência  com as irmãs  e as jovens e com esse povo que luta pela agroecologia  e sustentabilidade, que está evoluindo. Que Deus te leve Kátia e Nossa Senhora Rainha da Amazônia, padroeira dos povos, te abençoe nessa viagem"!

Em seguida, relembrando o encontro de Jesus com os dois discípulos de Emaús, a matriarca da tribo partilhou para todos/as o pão, sinal de nossa ligação com a mãe terra, com o chão sagrado que estávamos pisando. E para concluir, num gesto de benção, todos imploramos do céu as bênçãos para Kátia, consagrando-a porta voz dos povos originários da Amazônia.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Iria Minosso

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Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

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