“Me disseram porém que viesse aqui pra pedir
em romaria e prece paz nos desaventos...” Renato Teixeira
Celebramos dia 12 a solenidade de Nossa Senhora Aparecida. Dia em que milhares de romeiros/as devotos do Brasil e do mundo, de um jeito muito especial, expressam sua fé, sua devoção e seu amor à Maria, mãe de Jesus e nossa mãe.
O dia da madroeira do Brasil acontece enquanto, em Roma, transcorre o Sínodo da Amazônia. No contexto da realização do Sínodo para a Amazônia, poderíamos fazer uma releitura da frase de São Paulo VI refletindo que “Cristo e Maria apontam para a Amazônia” e nos iluminam na descoberta dos novos caminhos para a igreja e para uma ecologia integral.
Façamos nossa súplica de intercessão pelo sínodo para Amazônia. Que Maria Missionária protagonista na vida de Jesus continue fortalecendo iluminando tantas mulheres que tem sido protagonistas na vida da igreja com rosto amazônico.
“Fazei tudo o que Ele vos disser” Jo.2,5. Esta frase nos remete ao episódio ocorrido em Caná da Galileia, numa festa de casamento, onde estavam presentes dentre outros, Jesus e Maria sua mãe.
Quero nesta breve reflexão, trazer alguns elementos que a meu ver nos ajudarão a contemplar os sinais de Deus na história do seu povo. Em Jo. 2,1-10 encontramos Maria que na sua simplicidade e solidariedade está atenta à necessidade dos que serviam vinho aos convidados, portanto, os servos (serviçais), os pobres, os humildes.
Maria não está na sala, sentada à mesa no lugar de honra, mas na cozinha, no meio daqueles que serviam. Ela estava nos bastidores. Com seu olhar atento, percebe a aflição dos serventes por não terem mais vinho, e, discretamente compartilha com Jesus a angustia deles que passa a ser também sua. “Eles não tem mais vinho” (Jo. 2,3), e aponta saída: “Fazei tudo que Ele vos disser” (Jo. 2,5). Jesus manda que encham as talhas de água que se transforma em vinho. E a água transformada em vinho foi sinal visível de alegria para todos. É a sensibilidade e a sabedoria da mulher, da mãe.
Seguindo esse raciocínio, podemos dizer também que a expressão: “fazei tudo o que ele vos disser” foi compreendida e vivida pelo discípulo Pedro. Em Lc 5,4, Pedro e seus colegas pescadores, depois de uma noite inteira pescando, sem sucesso, ouve a ordem de Jesus: “Avance para águas mais profundas”. “Em atenção a tua palavra vou lançar as redes”, e o resultado diz o texto que apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. É preciso confiar no Senhor e agir! Hoje ao celebrarmos a festa de Nossa Senhora Aparecida, contemplamos novamente a mãe que percebe a aflição de seus filhos que necessitam não de vinho, mas de peixe, e ela, novamente por inteira, se faz presente.
Sem nenhum peixe, e já quase desistindo, os pescadores rogam a Nossa Senhora e confiantes lançam as redes. Eis que ela está ali pertinho deles. A imagem em duas partes surge do fundo do rio, que juntas formaram o corpo completo da imagem da santa. Logo após, abundantes peixes foram pescados. Da água novamente surge a alegria e a esperança. É mais um sinal da presença de Maria na vida e na luta do povo que sofre.
Neste dia somos convidadas a louvar e agradecer a Deus pelos sinais de seu infinito amor por nós. Louvemos a Maria, presença feminina de Deus na caminhada do povo negro, dos povos indígenas, dos ribeirinhos e tantos outros que lutam pelo direito à vida na sua plenitude.
Neste tempo de graça, em que acontece o Sínodo da Amazônia, a Igreja nos interpela ao olhar comprometido com a defesa do planeta, a nossa Casa Comum.
Que Maria nossa Mãe Negra Aparecida, que encarnou em seu ser o rosto e a luta de seus filhos e filhas, ensine-nos a avançarmos para as águas mais profundas dos desafios atuais, e ajude-nos a testemunharmos o nosso compromisso de discípulas missionárias do seu filho Jesus. Amém!