"Não estou eu aqui,
que sou tua Mãe?"
Nossa Senhora de Guadalupe apareceu no Cerro Tepeyac, em 1531, ao índio chamado Juan Diego, na Cidade do México.
Delicada, vestida como uma índia, morena e grávida, ela veio trazer força e esperança ao povo mexicano que precisava lutar contra a dominação que os afligia.
O povo sofrido do México teve sua esperança renovada com esta visita e permanência de Nossa Senhora em suas terras.
O México era dizimado e mutilado pelos Espanhóis. As palavras da Mãe Guadalupana, transbordando ternura e compaixão, ressoam ainda hoje para todos os homens e mulheres pobres e excluídos que, sabendo ou não, estão cercados por uma cultura de morte.
Nossa Senhora vem ao encontro dos seus filhos e filhas como mãe para defender o seu povo. E ela consegue fortalecê-los e guiá-los sem esmorecer. "Não estou eu aqui, que sou tua Mãe?".
Nela, o povo encontra sua identidade tão esfacelada pelos conquistadores. Maria reúne o simbolismo e o vigor de todo povo Mexicano. Pouco a pouco este simbolismo real alcança a América Latina inteira.
Hoje, Maria de Guadalupe continua seu trabalho maternal de ouvir os apelos, as dores, as alegrias e as preocupações de todo o povo latino, porque ela viajou por toda América Latina e seu olhar materno cheio de ternura, continua sendo dirigido principalmente aos mais sofridos para ser uma presença amorosa e carinhosa.
Para nós e todos aqueles que trabalham em defesa da vida em todos seus aspectos, Nossa Senhora de Guadalupe é a inspiradora e a intercessora necessária. É a Mãe sempre atenta e atuante que nos convida a segui-la no exemplo de uma luta constante para defender a vida humana e hoje, mais que nunca, o meio ambiente e a vida ecológica que também continua sendo ameaçada, em um mundo que segue desprezando toda classe de vida, e que banaliza a benção de estar vivo.
Nossa Senhora de Guadalupe hoje conhece a tristeza de tantas famílias sem trabalho, sem casa e sem direito a uma vida digna. Conhece a realidade de tantos jovens que caminham sem sentido na vida, que vivem nessa sociedade regida pelo neoliberalismo onde o lucro a ganancia é o que vale...
A Guadalupana, morena, conhece esse tempo de noite escura, de confusão e de ódio que estamos vivendo em nosso país e em quase toda nossa América Latina, que esquece que o ser humano é a imagem e semelhança de Deus e por isso somos todos irmãos e irmãs.
Frente a essa realidade cruel e desumana, Maria de Guadalupe nos lembra que não somos descartáveis, que a exclusão é e será sempre anticristã, e que a caridade para com os doentes e pobres é uma necessidade gritante também hoje.
Por isso é urgente hoje, que pedimos a Moreninha de Tepeyac - a Mãe Guadalupana, cuidadora da vida, para que ela nos fortaleça, e que volte seu olhar compassivo para a nossa sociedade perdida e ferida.
Sabemos que ela hoje pode curar a doença do egoísmo, da indiferença, da injustiça, da mentira, da exclusão... “Que derruba do trono os poderosos’ e que ela pode dar-nos ânimo e fortaleza para lutar pela justiça, a igualdade e ajudar a reconciliar todos os homens e mulheres, para encontrar paz, e a dignidade de toda a vida humana.
A Mãe Guadalupana, também veio no México unir duas culturas, por isso não tenhamos medo de sair e olhar para o diferente, para os que não pensam como nós, sempre com o mesmo olhar de Maria. Um olhar que nos torna irmãos, que nos inclui, que nos congrega avançando juntas, com coragem e alegria juntas, cuidando da vida porque sabemos que nossa mãe está aqui, e que estamos sob sua sombra e seu abrigo, que é a fonte de nossa alegria.
Sob o cuidado da Mãe Guadalupana, os movimentos do mundo trabalham para defender o dom precioso que Deus nos concede, a vida, a vida digna para todos e todas (Jo 10,10). Nós também os apressemos ir ao encontro da vida ameaçada, defendendo-a e cuidando-a sendo presença de conforto e esperança em nossa realidade. Acreditar e confiar na força dos pequenos e confiar que a luz da justiça está prestes a brilhar para todos os povos, sem distinção, nem discriminação.
"Não estou eu aqui, que sou tua Mãe?". Esta frase alcança a todos e todas onde estamos com uma ternura e uma força incomparáveis. Nossa Mãe está conosco, nada vamos temer. Em nossas lutas, está conosco. Teremos sofrimento, mas ela será nosso alívio. Sentiremos medo, titubearemos, mas ela há de ser nosso sustento e proteção.
"Não estou eu aqui, que sou tua Mãe?". Ouçamos hoje, esta frase! Vamos, meus filhos e filhas, vamos em frente, sigamos com fé, pois eu aqui estou e minha presença veio para fortalecer todos os povos principalmente os mais sofridos.
Por isso, numa só voz, ecoamos esta prece confiante: “Nossa Senhora de Guadalupe”, mãe querida e presente em nossa vida, rogai por todos nós! Vamos seguir convictas de que ela continua nos repetindo sempre "Não estou eu aqui, que sou tua Mãe?" e viveremos como ensinaste, “fazendo tudo o que Ele nos disser” (Jo 2,5)!
Comentários
Sim, sentimos tua presença.
Irmã Terezinha, Obrigada por nos brindar com sua reflexão orante.