"Vinde a mim todos vós que estais cansados e fadigados e eu vos darei descanso” (Mt 11,28)
Impulsionadas pela ação do Espírito de Deus, nós, irmãs da Pastoral Indigenista, a nível congregacional, nos reunimos em Fátima de São Lourenço – MT, nos dias 11 e 12 de dezembro de 2019. Tivemos também a participação das nossas postulantes, para a partilha da experiência missionária e assumir o compromisso de estarmos juntas na mesma causa.
Iluminadas pelo evangelho do dia, refletimos o “peso” que queremos dividir com Jesus, como suas discípulas, profetizas de hoje, dentro da realidade atual dos povos indígenas, onde estamos inseridas, fazendo com que esse jugo fique suave e o fardo fique leve (Mt 11,30). Cada irmã fez partilha dos clamores da realidade onde vive no Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Amazonas e Santa Catarina.
Prosseguindo o encontro, partilhamos os elementos da conjuntura nacional e elementos conjunturais da política indigenista, assessoradas pela vice-presidente do CIMI, Irmã Lúcia Gianesini. Vimos que o Brasil, especialmente os povos originários estão sendo ameaçados pela duas grandes potencias a nível mundial EUA x China, atingidos diretamente na questão dos direitos, justiça, liberdade de vida digna dos povos em geral. Isso significa que o neoliberalismo está mais organizado e dominante, priorizando somente a questão da economia de mercado, voltada para os interesses dos grandes capitalistas, sem se importar com o sofrimento do povo que morre na miséria. Da mesma forma, também os povos indígenas estão em risco grave de mercantilização e legalização da exploração de suas terras pela classe alta, através da grilagem e do agronegócio; do arrendamento e mineração e da destruição da casa comum. Além disso correm o risco de perder suas terras, pelas quais lutaram por tanto tempo e consequentemente perder a diversidade cultural o bem viver de todos os seres vivos que existem no planeta terra.
Irmã Laura Vicuña Pereira Manso, da coordenação geral, que participou do Sínodo para a Pan Amzônia, expôs com detalhes o desenrolar deste evento - a grande inspiração do Papa Francisco em defesa da Amazônia. Como Deus que “viu, ouviu, sentiu e desceu para libertar o povo da opressão” (Ex 3, 7) o papa sensibiliza-se com os povos que estão sendo ameaçados, impedidos de viver sua cultura, língua e rituais. O que vimos, ouvimos e contemplamos sobre o Sínodo alimentou nossa esperança, porque, como Moisés de hoje, o papa conduz seu povo para novos caminhos na Igreja e na construção emergencial da ecologia integral. O Papa Francisco provoca-nos a refletir: E nós Irmãs Catequistas Franciscanas, como estamos vivendo e anunciando a Boa Nova de Jesus, acolhendo a Boa Nova dos Povos Indígenas?
Diante da partilha da irmã Laura sobre da experiência no sínodo, fomos provocadas ainda mais e convidadas a nos aproximar melhor dos povos, “onde ninguém quer estar, com quem ninguém estar”, sendo pastoralistas e não “doutrinistas”, quebrando os paradigmas com gestos pequenos, mas, proféticos.
Continuamos o encontro na Festa de Nossa Senhora de Guardalupe, patrona dos povos indígenas, invocando Maria: “Salve Maria, Senhora da América Latina, tu és nossa Mãe, tu és nossa Luz, Estrela do povo latino”. Sentimos o amparo e a presença de Mãe, Mulher, Missionária nas partilhas em que as Irmãs trouxeram presente as realidades missionárias muito desafiantes e que exigem a entrega total pela causa, que grita socorro pela vida. O compromisso das irmãs nestes contextos desafiadores, trouxe-nos muita esperança diante da missão nas diferentes realidades dos povos indígenas. “Não existe Boa Notícia se não há território e vida digna”.
Como mulheres comprometidas com o Reino Deus na causa dos pobres, sentimos a esperança e a comunhão com as demais irmãs que estão assumindo a mesma causa e sentindo o mesmo “desespero” diante do contexto histórico atual. Isso nos reanimou e nos motivou a continuar a Missão; encorajou para que não tenhamos medo de anunciar e denunciar, pois não estamos a sós, estamos unidas como Congregação. Que a nossa ação missionária toque o coração da nova geração, e de todos os que querem fazer parte dessa luta de resistência, para defender o valor de todas as formas de vida e da diversidade cultural.
‘’Tudo é silêncio, tudo é amor: para acolher a voz do Senhor’’
OBRIGADA, AÑU (Tukano), KUEKATURETÉ (nhegantu), KATEHE (Yanomami) YRUYUDUA (karitiana), ATIMÃ (Ñadewa) e AGYJEVETÉ (Kaiowá)
Fátima de são Lourenço, 12 de dezembro de 2019
Comentários
Sim! Esta é sem dúvida, uma missão exigente, e desafiadora. Não podemos parar e nem nos calar diante de tantas injustiças com estes povos!
Pelo testemunho profético de cada uma, o meu abraço de carinho e gratidão.
Muita Paz.