Eu vi, ouvi o clamor do meu povo que estava no Egito, no Haiti...e vim para ajudar... (cf. Êx 3,7)
Esse foi o lema do projeto da Igreja do Brasil com a Igreja do Haiti, iniciado no período pós-terremoto, em 2010. O terremoto aconteceu no dia 10 de janeiro daquele ano e dizimou aproximadamente 370 mil pessoas.
Depois do terremoto, a CRB veio visitar o Haiti. Ao ver e sentir de perto a situação do país, que além de viver o luto pela morte de tantas pessoas, sofria com a perda de seus bens, a fome e as doenças eram constantes. Essa realidade sensibilizou a vida religiosa brasileira, que se mobilizou junto com a CNBB e a Cáritas Brasileira e estendeu até aqui sua missão, com um projeto de 10 anos. Em setembro de 2010, chegaram aqui as primeiras irmãs. Eu estive em Port-Au-Prince-Haiti de fevereiro de 2011 a março de 2014, compondo esta comunidade que se chama Comunidade Intercongregacional Nazaré.
A partir do dia 18 de fevereiro de 2020, atendendo nova solicitação da CRB, aqui estou novamente! Quando fui solicitada a retornar ao Haiti, meu coração vibrou de alegria, porque sei o quanto cada uma de nós que estamos aqui podemos ajudar, sendo presença solidária e através dos projetos de geração de renda, orientações na área da saúde pública, com ênfase na prevenção das doenças tropicais.
Somos cinco Irmãs de diversas Congregações: Maria Goreth Ribeiro dos Santos - Companhia de Santa Tereza de Jesus, Ildeneide do Rego - Carmelitas da Divina Providência, Maria Lusitania de Sousa - Carmelitas da Caridade de Vedruna, Helena Shroeder - Fraternidade Esperança e eu, Maria Dalvani Sousa Andrade - Catequistas Franciscanas.
Por conta do carnaval e de várias manifestações que tem acontecido no país, as atividades nesse período são reduzidas. Realizamos visitas próximas ao Vilage onde moramos. Visitamos pessoas conhecidas e as Irmãs Dominicanas da Apresentação, que tem sido muito solidárias conosco ao longo desses dez anos de presença aqui.
A situação de sofrimento do povo do Haiti só aumenta cada dia. A inflação está muito alta. Fazem quatro meses que não chove, o que agrava ainda mais a situação, pois além da população quase não ter o que comer, ainda sofre com a escassez de água.
É bonito ver a solidariedade que existe entre os/as religiosos/as brasileiros/as e os/as colombianos/as. É um/a conectado/a com o outro/a. Muitos leigos e soldados brasileiros retornaram para o Brasil por causa das constantes manifestações no país.
Mas as/os religiosas/os estão firmes, fortes e muito organizados, e essa aliança tem fortalecido as Congregações a permanecerem aqui e continuar sendo essa presença amorosa e solidária junto ao povo de Deus querido e sofrido do Haiti.
Aqui, a gente vive concretamente a letra desse cântico de Zé Vicente: “sonho que se sonha só pode ser pura ilusão; sonho que se sonha junto é sinal de solução. Então vamos sonhar companheiras/os, sonhar ligeiro, sonhar em mutirão!”.
Contamos com as preces, apoio e orações das nossas irmãs, dos nossos simpatizantes do carisma e de todas as pessoas amigas, para que cada um/a de nós que estamos aqui em missão nesse chão sagrado e sofrido, possa ajudar as pessoas e grupos a viver um pouco melhor, como é o desejo da Divina Fonte da vida para todas as pessoas.
Pedimos a bênção do Deus de Sara, de Abraão, de Agar, de Irmã Dulce dos pobres e da Mãe Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira do povo do Haiti!
Comentários
Com carinho o meu abraço de Paz e esperança.
Ate.