... “cuidar com amor da vida das famílias, porque elas ‘não são um problema,
são sobretudo uma oportunidade’."
Celebramos hoje, junto com o Dia dos Pais, a vocação à vida familiar e ao matrimônio. Essa não é de modo algum uma vocação menor. Ao contrário, tem a mesma dignidade da vocação aos ministérios ordenados e à vida religiosa consagrada. É na família que a pessoa humana faz sua primeira experiência de amor, de sentir-se preciosa. Na família estão os alicerces da formação da pessoa humana que, embora não determinem seu futuro, favorecem ou dificultam o desenvolvimento sadio e, consequentemente, sua realização pessoal.
Na introdução à Exortação Apostólica Amoris Laeticia, o Papa Francisco convida a “cuidar com amor da vida das famílias, porque elas ‘não são um problema, são sobretudo uma oportunidade’." Evidentemente, a família tem sido fortemente impactada pelas transformações antropológicas, culturais, sociais e econômicas dos últimos tempos. Temos hoje, novas configurações familiares, ainda não assimiladas totalmente pelas sociedades e igrejas. Contudo, as pessoas acreditam na família. As juventudes sonham em formar uma família. Temos aqui um sinal de que precisamos apostar nas famílias; contribuir para que as juventudes assumam o matrimônio como uma missão que, tanto quanto os ministérios ordenados e a vida religiosa consagrada, contribui na edificação da Igreja a serviço do Reino de Deus.
Por outro lado, é preciso evitar apresentar o matrimônio e a vida familiar de maneira idealizada e romântica, tal como muitas vezes se apresenta a família de Nazaré. A Sagrada Família não teve uma vida tranquila e harmoniosa, enfrentou desafios e dificuldades como todas as famílias enfrentam. "...Eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer" (Lc 2,50). Foi a fé em Deus que fez toda diferença no enfretamento dos problemas e desafios. Às vezes, foi preciso chamar atenção (cf. Lc 2,42). Outras vezes, foi preciso silenciar (cf. Lc 2,51). Assim acontece também em nossas famílias. A fé de que foi Deus a unir-nos, nos dá a sabedoria, a paciência, a firmeza, a capacidade de compreender e perdoar, tão necessárias à convivência familiar.
Desde de 1992, a CNBB promove a Semana Nacional da Família, que nesse ano acontece de 9 a 15 de agosto, com o tema “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15). Este versículo está dentro da chamada Assembleia de Siquém, quando Josué reúne o povo, recorda toda a ação libertadora que Javé realizou na vida do povo, desde o Egito até a entrada na terra prometida, e convida o povo a renovar a aliança com esse Deus fiel e libertador. Ele é o primeiro a se comprometer: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. Hoje somos nós chamadas/os a convidar as famílias a comprometerem-se com o Deus da vida. Somos chamadas/os a lutar por políticas públicas, que garantam às famílias as condições necessárias ao cumprimento de sua missão.
Que não nos faltem as luzes necessárias e o generoso empenho para respondermos a esse desafio.