O Espírito do Senhor nos une a toda a humanidade.(...) temos os mesmos sofrimentos, as mesmas fragilidades as mesmas buscas e sonhos...
O Espírito é Vida! Onde Ele não existe, a morte absorve o espaço!
No relato da criação, temos a presença do Espírito que paira sobre o caos e vai fecundando a palavra criadora. Deus sopra o Espirito da vida na humanidade, representada em Adão e Eva. São Francisco, em suas admoestações, nos lembra o que diz o Evangelho: "o Espírito é que dá a vida (Adm 1,6; Jo 6,63).
O Espírito de Deus sempre moveu a vida da humanidade, seja pelas contínuas descobertas, seja pelos diferentes modos de convivência ou pelas relações entre os seres humanos e com toda a criação.
Na época de Francisco e Clara, época orientada pela fé, até mesmo os acordos civis e políticos iniciavam em nome do Senhor. Para Francisco, deixar-se orientar pelo Espírito do Senhor era o sentido da vida. Todos os seus passos eram iluminados por Ele. Até quem comunga em nós é o Espírito do Senhor. Na medida em que temos o seu Espírito comungamos o seu Corpo: “o Espírito do Senhor, que habita nos seus fiéis, é que recebe o santíssimo corpo e sangue do Senhor. Todos aqueles que não participam desse Espírito e, no entanto, ousam comungar, comem e bebem a sua condenação” (Adm 1,13).
Nem sempre, como humanidade, nos deixamos guiar pelo Espírito de Deus. Neste tempo de pandemia, de sofrimento, de relações assimétricas, de destruição da natureza, vamos nos dando conta que é outro espírito que às vezes nos move. Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de ver quantas reconciliações, quantas aproximações, quantas retomadas do verdadeiro sentido da vida! É este o Espírito do Senhor que recria a vida!
Jesus nos deixou o mandamento para viver conforme o seu Espírito: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” (Jo 15,17).
Jesus diz ainda: “pelos seus frutos conhecereis a árvore (Lc 6,44). Então poderíamos nos perguntar: Que Espírito nos move? Podemos ser reconhecidas/os pelo amor mútuo, como os primeiros cristãos? “Vede como eles se amam!”, diziam os pagãos a respeito das primeiras pessoas que seguiam Jesus, como testemunhou Tertuliano.
São Francisco nos convoca a cuidarmos uns dos outros, umas das outras, como a mãe cuida de seus filhos (cf. RnB 9). Clara também fala desse cuidado em seus escritos e, principalmente, com seu testemunho. O espírito humanitário de Clara é afirmado pelas irmãs no Processo de Canonização e transparece na Regra e no Testamento, em todas as normas que regiam a vida comunitária.
Neste tempo, o Espírito nos leva à contemplação, que nos ajuda a recriar o sentido da vida. Nunca nos sentimos tão interpeladas/os a cuidar da vida como agora, seja da nossa vida ou da vida dos irmãos e irmãs, da humanidade, do planeta. Não somos somente filhos/as do “homo faber”, somos filhos e filhas também da contemplação, do cuidado, da alegria, da fé, da fraternidade universal...
Um grande sentimento que o Espírito anima em nós, neste tempo, é a solidariedade. Vamos mudando nossas relações, percebendo que somos iguais, peregrinas e peregrinos. Neste espaço de tempo, precisamos discernir em que vale mesmo a pena empatar nossa vida. Quantos gestos de humanidade e partilha! Quanta solidariedade no cuidado com as pessoas doentes, com as famílias que necessitam de ajuda, nos diferentes trabalhos...
O Espírito continua animando pessoas que lutam pelos direitos, por justiça social, por políticas públicas, pelo acesso ao tratamento de saúde.
O Espírito do Senhor nos une a toda a humanidade. Em todos os países falamos e entendemos a mesma língua: temos os mesmos sofrimentos, as mesmas fragilidades as mesmas buscas e sonhos... Isso nos põe de joelhos e nos une em preces de pedidos e gratidão. Somos uma fraternidade!
O Espírito nos acordou para cuidarmos mais de toda a criação. Somos convidados/as a retomar nossa vocação inicial: O Senhor Deus tomou o homem e o estabeleceu no jardim de Éden para cultivar o solo e o guardar (Gen 2,15). Lembrou-nos da herança do nosso carisma de nos deixamos guiar pelo Espírito da PAZ e do BEM!