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20 Abril 2022
Mulheres apaixonadas pela causa indígena!

  

“Estavam com medo, mas correram com grande alegria”. 

(Mt 28,8)

O tempo pascal perfuma nossos dias de coragem e possibilidades, porque somos mulheres madrugadeiras e antecipamos a aurora de novos tempos. Vivemos essa experiência pascal em nosso cotidiano, em nossas Galiléias povoadas de passagens, resiliências e transformações, foi essa espiritualidade que perpassou o nosso encontro online de formação missionária juntos aos povos indígenas.

O encontro aconteceu nos dias 11, 12 e 13 de abril e teve uma boa participação das irmãs que estão em missão junto a esses povos, os crucificados que carregam o estigma do abandono e da invisibilidade. Chagados e feridos em sua dignidade humana, lutam e resistem pelo direito a “EXISTIR”.

Contemplamos essa realidade através da conjuntura indígena apresentada pelo assessor Cleber Bussato, Missionário do Conselho Indigenista Missionário, que de uma forma esperançosa destacou alguns elementos: a mobilização permanente dos povos indígenas levando suas demandas e fazendo suas incidências políticas junto ao Governo Federal, STF, MPF, MPT e também em instâncias internacionais como a ONU, Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, etc... Enfatizou a mudança do atual cenário político, porém, isso não garantirá o avanço dos processos demarcatórios, se faz necessário manter os povos em articulação pelos seus direitos ao território; a perspectiva da presença indígena no Congresso Nacional, lançando número significativo de candidatos na disputa ao pleito eleitoral desse ano. E, finalmente o aspecto da sustentabilidade, a importância de continuarmos com Projetos Agroecológicos que garantem o respeito e cuidado com a Casa Comum e a produção de alimentos, a soberania alimentar dos povos originários.

Vimos renascer de um outono prolongado o perfume e a beleza da primavera, quando saboreamos os frutos das diversas experiências missionárias apresentadas, quantos caminhos abertos com ousadia, criatividade e paixão pelo Reino. Destaques para o acompanhamento e presença efetiva das irmãs junto aos povos indígenas violados em seus direitos fundamentais à terra, saúde, educação, culturas, espiritualidades e soberania alimentar. Direitos conquistados e que estão constantemente atacados e ameaçados pelos grandes projetos do agronegócio, mineração, pecuária, enfim, por uma economia depredatória que traz em seu bojo uma sociedade consumista, individualista e sedutora, capaz de corromper e cooptar lideranças roubando-lhes a sua essência de originalidade.

O florescer de vocações indígenas, inclusive de outras etnias como as jovens Yanomamis e o desafio da interculturalidade, “que diz respeito as nossas relações de dentro e fora. Todas são convidadas a entrar nessa dinâmica”. É essencial saber morrer para nós mesmas e para a vontade de possuir e dominar, Mistério Pascal vivenciado na superação de nossas verdades, autossuficiência, resistências, medos e indiferenças.

O desapego a espaços costumeiros nos impele a vencer os medos, como àquelas mulheres, que carregavam em seu ser o misto de medo e alegria, para deixar-se surpreender pela novidade, “o Ressuscitado vive entre nós”, o sepulcro está vazio e o encontraremos em nossas Galiléias.

Assim, foram nascendo os caminhos de possibilidades que consolidam parcerias/ alianças, fortalecem nossa presença missionária junto aos Povos Originários, especialmente na Missão Guarani Kaiowá que estende seus ramos a outros países (Paraguai) sem deixar de escutar o clamor que nos chega do Povo Yanomami; potencializar novos espaços de missão e investir numa formação integral que abrange a totalidade do nosso “SER IRMÃ DO POVO” em todas as suas etapas, desde o amanhecer (formação inicial) o florescer e o amadurecer (formação permanente), garantido o ciclo natural da VIDA em sua pujança e em seu declínio.

“Não se seca a raiz de quem tem SEMENTES”, com essa frase da indígena Eliane Potiguara, ousamos avançar, pois carregamos as sementes do Verbo Encarnado, do Ressuscitado que encontramos em cada lágrima, em cada corpo aparentemente desfigurado, mas que guarda a beleza, o vigor, a sabedoria de muitos amanheceres grávidos da esperança de novas auroras. Somente quem O viu em suas lágrimas, dor e cansaço, poderá vê-lo em seu corpo novo, somos Igreja-Madalena, mulheres ardendo de paixão pelo Reino movidas pelo desejo de ver chegar “um novo dia, um novo céu, uma nova terra”.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Zélia Maria Batsita

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Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

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