O grito da Juventude pela Vida
Mais de 150 participantes das cinco regiões do Brasil reuniram-se, nos dias 03 a 05 de maio, para o Seminário Nacional da Campanha contra a Violência e o Extermínio de Jovens, em Taguatinga – Brasília. O Seminário foi realizado pela Pastoral da Juventude (PJ), em parceria com a CRB Nacional e o apoio de outras organizações. “Não à redução da maioridade penal e sim à luta em favor da vida das juventudes”, foi o grito dos jovens presentes, no compromisso de dar continuidade à Campanha pela Vida da juventude, iniciada em 2009.
O Seminário teve como objetivo desencadear novas ações articuladas com organizações envolvidas na defesa da vida da juventude, a partir do mapa avaliativo da campanha. Sobre as conquistas, ouvimos o jovem Felipe Freitas, que coordena o projeto “Juventude Viva” do Governo Federal, afirmar que a Campanha contra a Violência e o Extermínio de Jovens foi a principal ação para pautar o tema na sociedade e motivar a criação dessa e de outras políticas públicas voltadas para a juventude.
Compuseram a mesa representantes da Pastoral da Juventude, de entidades religiosas (Cáritas e CRB), do poder público, de políticas públicas de juventude e de direitos humanos. É necessário denunciar o avanço da violência e propor saídas para esta realidade, como a ampliação dos direitos humanos e a valorização dos marcos da cidadania. O engajamento e fortalecimento dos grupos de jovens na Campanha Nacional, bem como a capacitação técnica das representações de jovens dos regionais da CNBB, também foram pontos prioritários do Seminário. Para se estabelecer os caminhos da campanha foram abordados seis temas centrais, como horizontes: Juventude violência e extermínio; tráfico humano; violência e uso de drogas; não redução da maioridade penal; aprisionamento e cárcere; segurança pública, educação e trabalho.
“Os adolescentes e jovens têm o direito da ousadia de pensar em horizontes. É importante pensar na violência em todas as suas dimensões, mesmo porque o extermínio de jovens aponta um índice de cenário de guerra no Brasil. Não podemos normatizar o genocídio da juventude empobrecida e negra nesse país. São pessoas com histórias, famílias, sonhos. Precisamos, com inteligência, assumir que temos uma política de extermínio dos empobrecidos e agir para a superação dessa realidade”, expressou-se Alessandra Miranda, assessora nacional de Direitos Humanos da Cáritas Brasileira.
A Pastoral da Juventude deixou claro aos representantes do poder público, seu posicionamento contra a redução da maioridade penal, por entender que a redução trata o efeito e não a causa, e o sistema prisional não reinsere ninguém na sociedade.
Esse posicionamento é partilhado pela Igreja do Brasil, em nota emitida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, no dia 16 de maio de 2013. Vale destacar aqui um parágrafo desta Nota: “A campanha sistemática de vários meios de comunicação a favor da redução da maioridade penal violenta a imagem dos adolescentes, esquecendo-se de que eles são também vítimas da realidade injusta em que vivem. Eles não são os principais responsáveis pelo aumento da violência que nos assusta a todos, especialmente pelos crimes de homicídio. De acordo com a ONG Conectas Direitos Humanos, a maioria dos adolescentes internados na Fundação Casa, em São Paulo, foi detida por roubo (44,1%) e tráfico de drogas (41,8%). Já o crime de latrocínio atinge 0,9% e o de homicídio, 0,6%. É, portanto, imoral querer induzir a sociedade a olhar para o adolescente como se fosse o principal responsável pela onda de violência no país”.
Eu participei do Seminário representando a CRB-SC, assim como outras dez religiosas (os) vindas de diferentes regionais. A defesa da vida da juventude é, para nós, uma oportunidade desafiadora, porque a realidade é muito complexa, mas também esperançosa, porque está conosco o Deus que vence todo o mal e nos chama novamente à missão de Construtoras da Paz.