“A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente” (Kierkegaard).
No dia 11 de agosto, celebramos a memória de Clara de Assis! É tempo de acolher a luz, a claridade que sua vida irradia e nos alcança no hoje de nossa história.
Sua vida e suas palavras, continuam sendo inspiradoras, fazendo-nos descobrir a cada dia o frescor da novidade que ela experimentou e compartilhou com suas irmãs no seguimento a Jesus Cristo e na vivência de seu projeto de Vida.
Como escutar, hoje, a interpelação de Clara: “Não perca de vista seu ponto de partida, conserve o que você tem, faça o que está fazendo e não o deixe, mas, em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro, de modo que seus passos nem recolham a poeira, confiante e alegre, avance com cuidado pelo caminho da bem-aventurança” (2Ct 11-13)?
Considerando o contexto de rápidas mudanças, da interconectividade que vive a humanidade, da degradação da paisagem terrestre a e extinção da biodiversidade aceleradas pelas diversas atividades e ciclos econômicos; das florestas derrubadas, dos rios contaminados, das montanhas cortadas ao meio; do lixo, resíduos, poluição, calor insuportável, degelo; do desmatamento, mineração ilegal, destruição dos biomas, desertificação... somos chamadas a não perder de vista o ponto de partida, vivendo a fidelidade criativa! Queremos estar atentas aos grandes apelos missionários que daí emergem, à luz do nosso carisma, cuidando da nossa Casa Comum.
Mergulhadas numa realidade complexa, individualista, excludente, marcada por um processo de desumanização sistemática, pelo não acesso aos direitos mínimos de sobrevivência: água potável, alimentação, moradia, trabalho e renda; de aumento da população em situação de rua, de variadas formas de violência... Clara nos convida a avançar, confiantes e alegres, pelo caminho da bem-aventurança!
O Papa Francisco também nos oferece uma possível resposta. Ele nos desafia à personalização do pobre. Com isso, ele não está pedindo que se faça caridade, ou que se ajude alguém distante, de outro país, mas que se conviva e se estabeleça relação. É a partir da relação, do conhecimento dos contextos que marcam sua existência, do não julgamento moral, que a pessoa do pobre sai da invisibilidade, passa a ter um nome, um endereço, uma história. Ele está nos dizendo: saiam para as margens, para as periferias geográficas e existenciais para ver, escutar, conviver, e tirar a máscara da invisibilidade dos pobres!
Em fidelidade ao nosso carisma, ao seguimento de Jesus Cristo como Irmã Catequista Franciscana, somos convidadas a itinerar, sem medo das fragilidades da errância. Escutemos Deus no caminho!!!
Nesse tempo, temos usado muito a palavra reinventar. Clara também não estaria nos desafiando a reinventar a nossa própria vida, o modo de nos relacionar, amar, viver nossa entrega e serviço aos irmãos e irmãs? A mística de pertença, de comunhão, de relações de irmandade?
Que ao celebrar a festa de Santa Clara, nos deixemos iluminar por sua claridade! Que ela ilumine os caminhos que estamos trilhando no processo de reorganização da congregação, nossa busca por respostas para diferentes formas de vivência de nosso carisma! Que, na dinâmica da sinodalidade, sigamos animadas/os pela fé, capazes de testemunhar a beleza de quem caminha junto, na comunhão, na participação e na missão do reinado da justiça.
Nosso abraço a cada irmã, simpatizante, formanda e nossa comunhão especial com a Província Santa Clara de Assis, que celebra sua madroeira!
Paz e bem!!!!!
Comentários
Não perder de vista... Avançar, alegre pelo caminho da bem-aventurança . Escutar Deus, no caminho! ( gritos, clamores, lamentos...) Deus fala!
Itinerar, criar, reinventar.. Que Santa Clara nos guie, ensine e inspire. Paz e Bem!