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31 Agosto 2022
Tempo da criação

 

"Criador de todas as coisas, A partir de Tua comunhão de amor, Tua Palavra partiu para criar uma sinfonia de vida que canta Teus louvores."

No dia 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado com a Criação, que nos introduz na vivência do Tempo da Criação, a reflexão de Irmã Isabel Pereira nos faz perceber que, junto à oração, é preciso ações ousadas em defesa da Criação.

 

Salvar o planeta. Este é um dos maiores desafios do momento histórico, onde o contexto de degradação ambiental em grande escala ganha o disparado impulso por conta da flexibilização das leis de proteção ambiental, dos grandes projetos do agronegócio e da mineração. Todos deixam rastros de morte em meio à natureza, às comunidades originárias e aos ribeirinhos, formando assim uma cultura do descarte e confronto armado sobre a vida das pessoas. Requer, portanto, pensar ações corajosas de defesa e cuidado.

Olhar e acompanhar a degradação massiva e o desequilíbrio nos diferentes biomas, com as suas consequências presentes em nossas regiões territoriais, onde os mais afetados são os frágeis e pobres, nos faz perceber o quanto nos falta de consciência crítica sobre todo esse rolo compressor que deixa passar “a boiada”, segundo Ricardo Salles (ex-ministro do meio ambiente governo/Bolsonaro 2019 a 2021).

Esse mesmo olhar nos convoca a colocar nosso movimento à altura da participação das políticas públicas, na micro e na macro instância de decisões da máquina pública, que muitas vezes estão ausentes do nosso cotidiano e carentes dos nossos debates, decisões e enfrentamentos na busca de soluções efetivas. É necessário manter o foco para promovermos ações coletivas com as comunidades, através do cercamento de nascentes, do plantio de árvores, do processo seletivo e destinação correta do lixo. Gente simples construindo ações coletivas faz toda a diferença.

Por isso, há mais de dez anos escutamos as dores do córrego Lageadinho, próximo a nossa casa, poluído e cheio de pneus descartados. Começamos a limpá-lo e plantar árvores, envolvendo nessa tarefa formandas e amigos. Em seguida, criamos a Associação Amigos do Lageadinho e envolvemos outros grupos e organizações em nossos mutirões. Em nível de cidade, nos unimos com mais duas entidades que trabalharam os temas e ações envolvendo o meio ambiente. Juntas, elaboramos leis e as defendemos na prefeitura e na câmara de vereadores. Aconteceu um fórum de debate com o tema: LIXO É LUXO, que abrangeu o município e, diante das decisões tomadas, conseguimos dar andamento ao aterro sanitário, a grupos e associações populares de coletas seletivas de lixo, à usina de tratamento de esgoto. E agora, o nosso foco é o cercamento das nascentes por conta da escassez de água no cerrado, devido ao calor e às imensas queimadas que afetam também o Pantanal. Todos os anos é promovida a romaria do cerrado, onde toda essa vida é celebrada e o compromisso com essa causa é renovado.

Gostaria de concluir esses rabiscos de reflexão com as palavras de Makata Celinha (Coordenadora Nacional do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileira):

Vou falar de meio ambiente a partir da lógica de minha tradição, uma tradição/religião afro-ecológica, onde desde sempre aprendemos que "Pá We, Pá Orisá", ou seja, matou a folha, matou o Orisá. Nossas deidades são aspectos da natureza, que para nós é o todo. Não tem prática religiosa em nosso modo de viver, se não houver folha, se não houver rio, vento, sol, lua, chuva. Minha cabeça é meu templo, e esse é o todo. Da natureza tiramos todos os insumos para nossas rezas, nossos ebós, nossos banhos, nossas orações. Oxalá o telhado de nossos terreiros fosse as copas das árvores. Algo impossível numa arquitetura e engenharia que nos expulsa e não entende que o que grita em nós quer é vida!!!”

Escutemos a voz da Criação!!!

 

Acesse no anexo abaixo o Guia de Celebração  para o Tempo da Criação - 2022.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Isabel Pereira da Silva

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Isabel do Rocio Kuss, Ana Cláudia de Carvalho Rocha,
Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

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