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08 Fevereiro 2023
“...Trevas e Luz, Tudo é Graça...”

 

Que poderemos retribuir ao Senhor,

por tudo aquilo que Ele nos fez...?

Em meados de janeiro, depois de quase três anos de distanciamento, longe do aconchego de nossas vivências,  tivemos a graça de retomar momentos de reencontros, de alegria, do calor do abraço e do coração cheio de gratidão, no chão sagrado, da nossa Casa-Mãe.

Aos poucos este espaço se revestiu de um colorido de festa e alegria, com a chegada de cada irmã, das noviças, “os brotos da congregação”, familiares das jubilares e outras pessoas amigas que vieram completar nossa convivencia.

É dia de festa! Dia 14 celebramos os jubileus de 60 anos de Vida Religiosa das Irmãs Armide Tomelin, Cremilda Borghesan e Lourdes Tereza Crestani e os 108 anos de Vida Missão da congregação, percorridos com as sandálias da itinerância, da missionariedade, da sinodalidade e da profecia.

Celebrar 108 anos é celebrar a graça do grande Deus que continuamente nos envolve e faz com que cada irmã seja instrumento e sinal da Boa Nova da Palavra, do testemunho.

As “Irmãs são Mestras do Amor”, nos dizia Frei Samuel que presidiu a celebração eucarística deste dia. Irmã Ivonete recordou: “tirem as sandálias porque o chão onde pisam é sagrado”.

Nos dias 15 de 16 de janeiro, um grande grupo de irmãs participou do tão sonhado e esperado encontro provincial, que teve como objetivos: avaliar a caminhada do quadriênio, apresentar encaminhamentos do Conselho Plenário Geral e fortalecer-nos na caminhada.

A celebração de abertura foi um convite para, “com espírito sinodal, contemplar o caminho e fazer memória dos compromissos assumidos, como Irmãs do povo, nestes 108 anos da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas”.

Os encaminhamentos do Conselho Plenário Geral, foram um chamado a rever e repensar nossa organização missionária, reorganização canônica e jurídica.

O segundo dia iniciou com uma celebração retomando, percorrendo e contemplando a caminhada nos espaços da memória histórica da congregação, marcas das nossas origens, onde as terras férteis de Rodeio e o povo, acolheram a graça do carisma, da Irmã Catequista Franciscana.

Outros assuntos como: o cuidado com a vida, a formação, os simpatizantes do carisma e os encontros províncias, fizeram parte da agenda do dia.

Em continuidade à celebração e a festa do encontro, Vida-Missão, dia 17 de janeiro um grupo menor de irmãs, permaneceu na Casa-Mãe para o retiro, sob a assessoria de Frei Vanildo Luiz Zugno, OFMCap, com o tema Espiritualidade, Sinodalidade e Relações Interpessoais.

Este foi um dia especial, de profundo silêncio e reflexão em que Frei Vanildo com suas palavras sábias nos conduzia para escutar o/a outro/a e a Deus. No silencio, aprende-se escutar...

Depois de um saboroso jantar, num silêncio que acalentava nossos corações, na capela vivenciamos momentos de partilha, repetindo e rezando o refrão francisclariano que marcou o dia: meu Deus e meu Tudo, o amor não é amado, o amor não é amado. Desta forma, o retiro continuaria até o dia 19 de janeiro.

A oração na capela ocorreu ao som de uma chuva torrencial, relâmpagos e raios que nos faziam estremecer, mesmo repetindo o mantra “Meu Deus e Meu tudo...” Porém o barulho da chuva, nos convidava a permanecer ali e rezar.

Fomos pegas de surpresa. Jamais poderíamos imaginar que a irmã água nos surpreenderia pelo resto de nossas vidas e inundasse de tal forma a Casa Mãe, que sempre nos abriga carinhosamente. Ninguém pode conter a fúria das águas que foi invadindo todos os espaços e derrubando tudo que estava pela frente. Na correria, sem muita explicação, damos conta, de levar as irmãs para o segundo piso da Casa Mãe. Todas nos envolvemos num grande mutirão e esforço, para cuidar e proteger a vida, em especial das irmãs idosas e doentes. De súbito nos vimos invadidas, por todos os lados, pelas torrentes incontroláveis, derrubando muros, arrombando portas, tomando conta de tudo. Noite adentro fomos, sem muito saber do que acontecia no lado de fora, entre o barulho do vento impetuoso, trovões e sirenes, fomos “empeitando” com rodos e vassouras a  tamanha tragédia, jamais vista aqui em Rodeio.

 No dia seguinte, batemos à porta dos nossos irmãos franciscanos onde fomos fraternalmente acolhidas. Os Freis, ofereceram espaço para um grupo de irmãs idosas para permanecerem hospedadas no ambiente do noviciado. Nossas cozinheiras ocuparam a cozinha dos frades e junto com a funcionaria, passaram a preparar o alimento para eles, para as irmãs que lá estavam, e para as que permaneceram na limpeza.

Outro grupo de irmãs, foi generosamente acolhido, acalentado no colo afetuoso da província Santa Clara de Assis.

As irmãs retirantes que puderam, permanecer na casa, muniram-se de enxada, pás, vassouras e rodos, para remover a lama e destroços, socorrendo e trabalhando intensamente na limpeza e recuperação do que era possível.

Logo “a corrente do bem” começou a intensificar-se. O apoio, a solidariedade e a ajuda começaram a chegar de diversos lugares e pessoas: freis e noviços franciscanos, funcionários da casa, mesmo que alguns tiveram sua casa atingida, irmãs da sede geral, das demais províncias, simpatizantes de diversos lugares, todos e todas, contribuindo para a reconstrução, também da esperança. Muitas pessoas fizeram doações em alimentos, material de limpeza que foram partilhados com as demais famílias atingidas, e houve também, quem enviasse ajuda financeira.

Os rastros da destruição estão presentes em todas as áreas do município. As vias afetadas com danos estruturais, obstrução das ruas e tubulação, deslizamento de terras, entre outros danos. Segundo dados foi afetada 80% da área urbana e rural da cidade. As famílias que perderam suas residências estão sendo acolhidas no abrigo municipal instalado no Centro de Pastoral da paroquia de São Francisco, de Rodeio. Outras estão em casas de amigos e parentes.

Foram cinco as vítimas que perderam suas vidas. Nossa solidariedade e prece aos familiares que perderam seus entes queridos. O Deus da misericórdia conforte e console os corações.

Vale destacar a visita e presença solidaria de várias irmãs de outras congregações e Dom Onésimo Alberton, bispo da Diocese de Rio do Sul.

Desde o dia da celebração dos 108 anos de fundação da congregação, contamos com a presença amiga e ajuda solidária, da ministra geral, Irmã Ana Pereira de Macedo, que continuou colaborando em Rodeio alguns dias após o ocorrido.

Os trabalhos prosseguem. A Casa Mãe continua contando com a presença solidária de irmãs das diversas províncias. Destacamos aqui a presença ativa, dinâmica e significativa das jovens noviças e da formadora, que realizam aqui os passos iniciais deste ano de formação. Sem dúvida, tanto para as noviças como para nós irmãs, é um tempo eloquente de graça e manifestação de Deus. Coragem e Esperança!

“Nós somos parte da terra, a terra é parte de nós...” Resta-nos acolher a linguagem de Deus, nas montanhas rasgadas pela torrente da água irmã, e aprender a reverenciar cuidadosamente toda criação.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmãs Cleria Ferreira, Maria Adinete Azevedo