Na criação, Deus deu ao ser humano a missão de cuidar. Não é de poder a relação que Ele nos conferiu ao dizer “dominai a terra”: é de cuidado, de zelo para que a terra (com tudo o que ela encerra) cumpra sua missão, seja mãe e sustento da vida para todas as criaturas, cada uma no seu papel. Anda que mal interpretado por tantos, que exploram em lugar de cuidar, o cuidado com a criação e com todas as criaturas continua sendo missão e apelo.

A capacidade de cuidar, é um modo de ser no mundo. Nos faz ser verdadeira e plenamente humanos e tem a ver com desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato. Tudo a ser resgatado, com urgência, em nossos dias porque sem cuidado, o ser humano, se desumaniza, nega sua essência, não encontra a felicidade.

Francisco toma o cuidado da mãe com o filho, a filha por modelo do cuidado que os irmãos, devem ter um para o outro: “Aqueles que quiserem viver como religiosos em eremitérios não sejam mais de três ou, no máximo, quatro irmãos. Dois deles sejam as mães e tenham dois ou ao menos um por filho. Aqueles levem a vida de Marta e estes a de Maria Madalena.

Os filhos assumam de vez em quando o encargo das mães conforme os turnos que todos acharam conveniente estabelecer.

Empenhem-se com cuidado e solicitude em observar as disposições acima." (REr 1-7).

Clara era ela mesma chamada de mãe pelas Irmãs e era de mãe seu comportamento, sua relação com as Irmãs. No Processo de Canonização se nos oferece este simples e precioso testemunho:

“A testemunha afirmou que uma vez professa na religião a mãe Santa Clara levou uma vida de tanta humildade que até lavava os pés às irmãs. Uma vez, lavando os pés a uma irmã esmoler, inclinou-se para os beijar. Mas como a irmã retirasse o pé um tanto bruscamente, feriu a boca da bem-aventurada mãe com alguma gravidade. Além disso, a bem-aventurada Clara servia a água às irmãs para lavarem as mãos e durante a noite cobria-as, para as proteger do frio” (PC 2,3).

Cuidar e ser cuidada/o, modo de ser vividos pelo próprio Deus. Ele é cuidado que ensina a andar, que nos faz caminhar, que cuida de nossa segurança, ampara os que caem, cuida de nossos ferimentos, nos sustenta em nossa pobreza e tantos outros cuidados exaltados, agradecidos nos salmos, gritos dos pobres de todos os tempos.

Ele também aceitou ser cuidado na humildade de Nazaré, no cansaço de sua vida pública, no sofrimento de sua paixão. E sempre cuidou dos seus ensinando, alimentando, curando e sobretudo mantendo amorosa cercania.

Aprendamos de Jesus, de Clara e Francisco a cuidar com ternura e acolher agradecidas, agradecidos os cuidados que nos são oferecidos, dons do próprio Deus.