Como seria maravilhoso ouvir a árvore falar de seu objetivo,
de suas estratégias de sobrevivência, da felicidade de produzir flores,
fruto para saciar a fome da fauna da flora e da humana.
Como seria diferente se tivéssemos desenvolvido a capacidade de comunicação com todos os seres criados.
Como seria maravilhoso ouvir a árvore falar de seu objetivo, de suas estratégias de sobrevivência, da felicidade de produzir flores, fruto para saciar a fome da fauna da flora e da humana.
Também iríamos ouvir sua tristeza quando produzem e os frutos não são aproveitados pelos humanos. De sua tristeza em ser menosprezadas por não estar no enquadramento do mercado e consequentemente, por não ser matéria nobre, ser eliminada por ser estorvo, por trazer sujeira com suas folhas, galhos, raízes que atrapalham e põe em risco os pedestres. E a justificativa muitas vezes é por estar em lugar inadequado.
Aqui cabe perguntarmos: quem está em lugar inadequado, são elas, ou nós?
Também iriamos ouvir sua tristeza que para embelezar nosso jardins, praças muitas vezes não damos a liberdade de elas se desenvolverem e serem elas mesmas, expandindo seus braços/galhos formando suas copas frondosas, despoluindo o ar, espalhando beleza e a sombra, produzindo proteção a mãe terra, ar puro e fresco a todos os que buscam nela abrigo. Ela tem que se adequar ao formato de acordo com aquilo que a sociedade decreta como beleza. Elas são mutiladas com podas em formatos geométricos que não tem nada a ver com sua característica e beleza.
Por não sabermos, ouvir a vida em suas diversas formas, classificamos como sem sentimentos, sem inteligência, sem direito de espaço e vida. A prioridade de vida é para o ser humano dotado de inteligência, sabedoria. Buscamos nossa justificativa em sermos superiores a tudo o que foi criado, por termos sido criados a imagem e semelhança do Criador (Gn 1,27).
Nos empoderamos somente do mandato de Deus de dominar, isto é, em benefício próprio, e ainda justificando nossas atitudes com a frase: ‘instinto de sobrevivência” ou as formas erradas de progresso e economia, incentivo ao consumismo como forma e meio de garantir emprego e sustento as famílias. “O homem destrói a natureza na justificativa de sobreviver, a natureza luta para sobreviver, para garantir a sobrevivência do homem” (Martin Luther King Jr.).
Mas, não podemos generalizar. Na história humana e cristã encontramos muitas comunidades, pessoas que foram e são porta-vozes dos sem voz e sem vez.
Na atualidade, para nós cristãos, católicos, temos na pessoa do Cardeal Bergoglio, (Arcebispo de Argentina) ao ser eleito Papa, e ao aceitar este serviço, demonstrou em sua atitude ao assumir seu pontificado com o nome de FRANCISCO à ação do Espirito Santo. Ele empodera-se da espiritualidade e o modo de Francisco de Assis que, na sua época, viu dos descartados pela sociedade, os pobres, doentes, crianças, velhos, e a natureza, Cristo Sofredor e ouvindo seu clamor tornou-se porta voz destes.
Papa Francisco compreendeu tão bem o que significa isto que escreveu em sua encíclica, “Toda a pretensão de cuidar e melhorar o mundo requer mudanças profundas “nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades” (LS nº 5).
Sabe que estas mudanças deve atingir todos os segmentos da sociedade. Por isso estamos vendo os caminhos e as mudanças que ele, está propondo e fazendo acontecer. Ele tem pressa, porque entende que o mundo da tecnologia e ciência evoluíram muito. Trouxe muitas coisas boas, mas também despertou muitas não boas. Nós Igreja, e sociedade, que acreditamos e assumimos viver o projeto de Deus no modo de Jesus, Francisco e Clara de Assis, somos chamados pelo Papa Francisco a repensar nossos “hábitos, modelos e comportamentos prejudiciais aos pequeninos de Deus: as comunidades exploradas, as inúmeras pessoas e territórios afetados pela desigualdade e iniquidade dos próprios seres humanos” (Carta Do S. Padre para o evento Economia de Francisco).
BIBLIOGRAFIA
– Economia de Francisco e Clara: Princípios, conceitos e dicas para a ação. - SEFRAS - Carta Do S. Padre para o evento Economia de Francisco. Quais os chamados da Economia de Francisco e clara?