Como foi vivenciado
o seguimento
de Jesus Cristo,
ao longo da história da Congregação?
É nosso objetivo neste espaço, ir aprofundando os elementos mais significativos do Carisma da Congregação. As Irmãs Catequistas Franciscanas, assim expressam hoje, o Carisma: “Seguir Jesus Cristo, assumindo sua vida e missão profética como franciscanas, na simplicidade, disponibilidade e alegria, em pequenas fraternidades inseridas no meio dos pobres no serviço da educação e catequese, tendo em vista a construção do Reino de Deus!
Como foi vivenciado o seguimento de Jesus Cristo ao longo da história da Congregação?
Da mesma maneira que o ritmo da caminhada do povo de Israel, em busca da libertação, dependia dos movimentos da nuvem e do fogo (Ex 40, 34-38), os Carismas das diferentes congregações, surgidos como um caminho de resposta ao Seguimento de Jesus e à graça batismal, dependem dos acontecimentos da história e dos deslocamentos dos diferentes povos...
De maneira significativa, é a situação dos pobres, dos órfãos e das viúvas, são os gemidos e os sofrimentos da terra, que indicam e orientam as respostas missionárias que o Carisma pode oferecer. São os acontecimentos da história que continuamente indicam a releitura do Carisma a ser feita em termos de missão profética, ampla irmandade, estilo de vida simples, espiritualidade...
Olhando para a dinâmica do Carisma da Congregação, percebe-se que em todos os tempos, a resposta missionária brota do chão da vida e dos clamores do povo. A escuta de tal clamor, por parte das primeiras Irmãs foi tão atenta, que os apelos vindos dos pequeninos da região de Rodeio, serviram de elementos prioritários para concretizarem com fidelidade a missão que assumiram. Hoje, os nossos passos como Irmãs e Simpatizantes se inserem no caminho e na resposta dada por elas!
Qual é a motivação fundante que move a Congregação para colocar-se a serviço do Reino de Deus, na itinerância missionária, em tantas regiões e assumindo tantos serviços?
No caminho de resposta ao chamado para seguir Jesus, a Congregação tem como raiz e fonte de inspiração o Mistério do Verbo Encarnado que, em total despojamento, veio viver entre nós e cumpriu fielmente a vontade do Pai, até a morte de cruz (Fl 2,6-8). Essa motivação de vida, já está posta na primeira página da Forma de Vida da Congregação.
Quando Amábile, Maria e Liduína assumiram a missão deixando seu espaço familiar, deram continuidade ao Seguimento de Jesus que viviam na família e na comunidade como Filhas de Maria e membros da Ordem Terceira Franciscana, grupos católicos para leigos e leigas. Algo parecido com a caminhada que hoje fazemos como Irmãs e como Simpatizantes, quando partimos para uma experiência e colaboração missionária em outras realidades e países, ou quando nos inserimos em grupos com outros nomes, não é mesmo?
Vale lembrar que na época do surgimento da Congregação, o Brasil passava por mudanças. A dinâmica da economia até então sustentada pelo labor escravo, passava a se mover a partir do trabalho de agricultores, que migraram para as terras brasileiras tendo como meta povoar os territórios do interior.
Naquela realidade as primeiras Irmãs, deram testemunho de Jesus Cristo, indo além de si mesmas, mediante uma experiência de desapego dos laços familiares e dos poucos bens que possuíam para estarem mais livres para o serviço do Reino. Não foi decisão fácil partir, deixar a família, o cotidiano, as pessoas conhecidas e ir para os povoados mais do interior para abraçar a nova missão.
Elas não sabiam para onde este caminho as levaria... Certamente, como Clara, “olhavam dentro do espelho todos os dias” e na contemplação do amor solidário do “Deus sempre menor” - do presépio até a cruz- encontraram luz, motivação e graça para segui-lo!
Maria, Amábile e Liduína, pela fé que possuíam, transformaram os apelos que brotavam da realidade, em interpelações do Espírito. Firmadas nesta convicção assumiram e testemunharam o Seguimento de Jesus Cristo, sem reservas, podendo professar: “nós queremos seguir este caminho, sempre”!
Fruto da ação do Espírito na história e dom a serviço da vida, o Carisma continua abrindo caminhos de escuta, sensibilização e disponibilidade, atraindo pessoas e grupos, para dar uma resposta aos apelos e necessidades de cada época. Sentimos em nós que esta ação do Espírito, nos alcançou apontando espaços missionários?
Podemos dizer que a história é a parteira dos Carismas; eles se cruzam e ‘jogam’ com as histórias concretas de tantas pessoas e povos que buscam realizar sua utopia. Sustentar essa busca e o processo de concretização desse sonho, é parte essencial de nossa missão de seguir Jesus Cristo. “Sinto o desejo de colaborar”, respondeu Amábile Avosani, vendo as crianças da Comunidade de Apiúna, sem professor (a)!
Hoje, ao revisitar a caminhada da Congregação é possível perceber, que diante dos novos desafios e da fidelidade ao Seguimento, não sem sentir a saudade, os riscos da saúde, a distância, nos movemos para lugares desconhecidos, nas diferentes regiões do Brasil e outros países.
A inserção missionária alcançou as periferias do grande urbano, junto aos indígenas e migrantes. Na eloquência dos múltiplos gestos simples de cada dia, as irmãs refazem sua entrega ao Reino. É a liturgia do pão partilhado que não para, caminhando sempre para uma doação profética maior...
Entendemos assim que a partir do apelo dos pequeninos pedindo pão, vindo dos lugares também pequenos, onde era difícil chegar - até o murmúrio que em nosso tempo atravessa a aldeia global, misturado aos gemidos da terra, aos soluços entrecortados dos sobreviventes às constantes formas de violência, Irmãs e Simpatizantes – nos encontramos, salvo as proporções, diante de um leque de situações semelhantes àquelas que as primeiras Irmãs tinham diante de si.
Vamos com elas nos dispor para dar mais e mais a nossa resposta de fidelidade profética
ao compromisso de Seguir Jesus Cristo, nas pegadas de Francisco e Clara?