“A simplicidade
é um modo de ser no mundo!”
Partimos da convicção de que um caminho para compreender a experiência franciscana, é a minoridade, a simplicidade! Escolhemos nos aproximar da simplicidade através de um trecho de uma das poesias de Manoel de Barros. Considero, o poema ‘Árvore’ um elogio à simplicidade!
Assim começa o poema: “Um passarinho pediu a meu irmão para ser uma árvore. Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho!
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol, de céu e de lua mais do que na escola. (...) No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu com a natureza o perfume de Deus. Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul e descobriu (adivinhem,) que uma casca vazia de cigarra esquecida no tronco das árvores, só serve pra poesia! No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas e tem ciúme da brancura que os lírios deixam nos brejos... Enfim, meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas!”
Considero de verdade, este poema um elogio à simplicidade, à minoridade: “meu irmão aceitou ser árvore daquele passarinho!”
Com certeza, nunca chegamos a pensar em algo tão simples e tão belo! No entanto, o convite para ser a árvore daquele passarinho, permitiu-lhe um rico e belo aprendizado: sentir o perfume de Deus, deixar que os olhos se encham do azul, observar e contemplar as coisas simples deixadas na natureza e fazer amizade com passarinhos e borboletas!
Tais experiências nos desafiam a mergulhar na calidez da vida, daquilo que nos é dado em surpreendente gratuidade! Como é bom saborear e perceber a vida em seus mais sutis e graciosos movimentos! São revelações singulares portadoras de apelos e cumplicidades com as dinâmicas do cotidiano e das histórias excluídas! Em seu caminho de ser irmão menor, percebemos o quanto Francisco, estava familiarizado com a percepção daquilo que é tão simples e vital!
Com certeza, a experiencia de ser franciscano, ser franciscana traz consigo a possibilidade de mergulhar no frescor das coisas simples. Sob nossos olhos deslizam, todos os dias, simplicidades, gestos, passos silenciosos e leves, alegrias, verdadeiras alegrias e múltiplos gestos que se desenham no ar... A atenção a essas coisas permite ressignificar, apelos, buscas e fazer escolhas com sentido, em tempos de pressa e tanta aceleração... Tudo o que é realizado com ‘devotio’, com inteireza pode nos renovar continuamente.
Como Irmãs Catequistas e como Simpatizantes, no caminho Franciscano, somos constantemente convidadas e convidados a nos deter, nos demorar na revelação que brota do Deus sempre menor! É ali, neste espelho onde brilha a simplicidade que percebemos Deus de ‘outro modo’, possibilitando-nos dizer que a simplicidade tem sabor messiânico.
A partir do Mistério da Encarnação e do itinerário de Francisco e Clara compreendemos que a ‘simplicidade é um modo de ser no mundo’ de se aproximar das pessoas. Esta foi a ‘chama’ que norteou a vida das primeiras irmãs. Belém, a cruz, os leprosos, São Damião, as pessoas pobres, continuam a ungir nosso ser com o orvalho da simplicidade. Esta mesma chama, é que hoje nos desloca e faz com que nossos passos sejam mais desapegados e ligeiros.
O jeito simples de viver, e a minoridade abrem caminhos para a paz. Num mundo dilacerado por guerras e tantas formas de inclemência, a minoridade é óleo misericordioso que alenta tantos corpos sofridos.
Ser ‘irmã do povo,’ ir para o meio dos infiéis, ou estar com o povo pobre, os indígenas, os migrantes, a população de rua, o cuidado da Casa Comum, são escolhas que brotam da graça de ser menor, da simplicidade, são fonte de ‘verdadeira alegria’, tornando doce aquilo que é amargo, tesouros escondidos que Deus revela ao coração simples.
(...)“Enfim, meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas!”
Viver na simplicidade é apelo do Evangelho a ser abraçado por nós Irmãs e Simpatizantes! A simplicidade, a minoridade nos faz experimentar muito do perfume de Deus, do azul do céu e nos aproxima das borboletas de diferentes cores!
Comentários
Hoje precisamos desenvolver a inteligência emocional, a atitude contemplativa, o sentimento de compaixão e misericórdia e o seu texto nos exercita a isso.
Parabéns, pela inciativa!
Grande abraço