“Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou; como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro” (Francisco de Assis - 1223)
Há 800 anos, no penhasco de Greccio, no Vale Rieti-Itália, Francisco de Assis, com o profundo desejo de ver com os próprios olhos a cena do nascimento de Jesus em Belém, nos mostrou a importância do Presépio para mergulharmos no Mistério da Encarnação.
A celebração da chegada do Menino Deus em nossa Terra nos envolve num clima de esperança, num movimento harmonioso com toda a natureza, que transborda numa nova melodia, com tons e ritmos do amor, na diversidade de povos e culturas.
O céu se uniu à terra numa aliança de amor. A noite se iluminou, toda a criação se revestiu de luz e esplendor e a terra sagrada acolheu em seu seio a ternura de Deus que, na simplicidade, humildade e pobreza, se fez gente como a gente.
Para a humanidade nasceu a esperança! Chegou em nosso chão o príncipe da Paz, a luz do mundo está no caminho! Corramos ao seu encontro.
Como os pastores, fiquemos atentas aos sinais da sua presença no cotidiano, deixemo-nos conduzir pela estrela guia e aproximemo-nos de Belém, a casa do pão. Ali, a Palavra que se encarnou no ventre de Maria nasce como alimento, para dar vida à humanidade.
O Menino de Belém renasce nos cenários de pobreza e vulnerabilidade, nas situações de periferias e fronteiras, justamente lá, onde ninguém quer estar, e nos desafia a ser artesãs e artesãos do cuidado e da paz, numa relação fraterno-sororal.
Com o Menino Deus, renasce a esperança de paz e vida abundante para todos os povos. Com Ele, alimentamos o sonho da Terra sem males e de uma Igreja profética, samaritana e madalena que, na sinodalidade, vai tecendo um novo jeito de viver, amar e servir.
Em nossa História, começa um novo tempo, brilha o Sol da justiça para todos os povos, sua presença é sentida no cuidado e defesa da vida, na força da ancestralidade, na resistência dos povos, nas ações solidárias e no compromisso profético com a justiça, a paz e a integridade da criação.
Que a mística da encarnação nos envolva num movimento kenótico de descida e inserção no meio dos pobres, interlocutores da missão e reaviva em nós a força da comunhão, que nos irmana com todas as criaturas, em nossa Casa Comum.
Que nossas Irmandades/Fraternidades e o mundo todo sejam Belém, espaço aberto, tenda do encontro, altar sagrado, que acolhe os corpos frágeis, feridos e, com simplicidade, alegria e generosidade, se fazem pão partido e repartido. Que tal dialogar em irmandade sobre algum gesto concreto?
Com Francisco e Clara de Assis, testemunhemos que a paz é possível e, na ciranda da comunhão, como irmãs e irmãos, vivamos um Feliz Natal!