Tempo de Deserto - Escuta e discernimento
“Senhor quando nós te acolhemos trazes contigo nossas irmãs...”
“Aquele que nos chamou é fiel, é fiel, é fiel aquele que nos chamou”. Um dia para silenciar, escutar, discernir, olhar, refletir e contemplar; assim vivenciamos o quarto dia do capítulo (29/12). Um momento de recolher tudo o que ouvimos e vivemos nesses dias e adentrar-nos no tema e lema do capítulo.
No início da manhã, a Irmã Ana Macedo levou-nos a alargar os passos no caminho de encontro com o dom da vocação “que é como semente divina que germina no terreno da nossa vida, abre-nos a Deus e aos outros para partilhar com eles o tesouro encontrado” (Papa Francisco). Essa semente germina, floresce e produz frutos abundantes na vida da pessoa que permanece ligada à Fonte de água viva.
Irmã Ana lançou-nos a pergunta: quem foram as semeadoras dessa semente divina no nosso coração? Convidou-nos a mencionar o nome das pessoas que semearam em nós a semente da vocação. Foi um momento emocionante, concluído com o refrão: “Entoai ação de graças e cantai um canto novo, aclamai a Deus Javé, aclamai com amor e fé”.
Somos agradecidas a Deus pelas irmãs que nos deu, e nos sétimos interpeladas a cuidar do dom da vocação pessoal e comunitária. Pelos conselhos evangélicos assumimos o compromisso de viver a irmandade, uma irmandade que gera vida.
Seguimos esse momento vivencial, com a acolhida da imagem do Menino Jesus em nossas irmandades, com um abraço intenso de alegria, perdão e amor. Um rico instante de deixar os sorrisos e lágrimas falarem através do toque umas nas outras, enquanto cantávamos refrãos que nos motivavam à fraternidade e aconchego.
Continuamos rezando a nossa fraternidade, ventre gerador de vida, sendo convidadas a, como congregação, de forma sinodal, ressignificar o carisma e fortalecer a missão, atentas aos desafios contemporâneos e comprometidas com a transformação da realidade.
Na certeza de que a vida consagrada é artesã do cuidado, a ministra geral nos provocou a refletir sobre o alerta do Papa Francisco para o cuidado com as doenças da VRC, citando a Evangelli Gaudium. Algumas das doenças que afetam a vida consagrada são a amargura, anemia espiritual, aporofobia, a asfixia na irmandade e a hipotermia relacional. Para essas doenças precisamos de remédios naturais: perdão, leituras, humildade para buscar os remédios de urgência, quando for necessário. A equipe de coordenação pode nos ajudar a buscar os caminhos, mas cada uma pode contribuir para este caminhar.
Após esse momento orante reflexivo, a Irmã Valdira Giordani fez a leitura da ata com os nomes das irmãs indicadas para a equipe de coordenação. Como continuidade do discernimento, passamos de forma individual, a um silêncio profundo, contemplando o Mistério da Encarnação, interpeladas a considerar o olhar que fizemos para o mundo, a Igreja, a VRC, a congregação, a província e cada irmã, percebendo os sentimentos, disposições, medos, resistências, sonhos e perspectivas.
Alguns questionamentos nos acompanharam no tempo de deserto: diante do caminho que estamos percorrendo como província, no processo de reorganização da congregação, que dificuldades e possibilidades percebemos na perspectiva do EU - NÓS e as luzes que foram acesas e indicam o caminho a seguir nesse tempo de transição? O que o Espírito de Deus está nos dizendo? Para onde está nos guiando em relação à nossa vivência fraterna e missionária e à equipe de coordenação da província?
Ao final da partilha orante nos grupos, foram apresentadas as sínteses das resistências e luzes da caminhada nas irmandades, sendo convidadas a abraçar a vulnerabilidade no caminho sinodal.
Como continuidade da reflexão sobre a equipe de coordenação, discutindo sobre a modalidade de coordenação e eleição, retomamos as avaliações, as considerações, as propostas e a dinâmica da reorganização. Como conclusão do dia foi realizado um momento orante mariano e as prévias para eleição da equipe de coordenação.
Que Maria, Mãe Cuidadora, nos inspire a seguir sendo semente de vida nova!
