A formação que vamos recebendo vai nos ajudando a nos tornar capazes de sermos radicais em nossas opções e posicionamentos, sem abrir mão dos valores perenes...
Nós, noviças do 1º ano, Aline Kindama, Cleidiane Evangelista, Luteira Del Carmen, Maisa Soares, Maria Aquino, Mónica Gil, partilhamos aqui, com muito entusiasmo, o processo formativo que tivemos na Irmandade de São Lourenço de Fátima nos dias 08 a 25 de janeiro de 2024, com a Irmã Anita David. Durante as semanas de estudo, fomos desafiadas a ter cada vez mais um olhar meditativo e contemplativo sobre tudo o nos que rodeia, desde o nosso próprio corpo até o que estiver à grandes distâncias de nós.
A Teoria Evolutiva do cientista Teilhard de Chardin, nos trouxe uma visão ampla do universo.Refletimos sobre o poder do Criador no processo de formação do cosmos e de cada criatura, por meio do seu Filho (Jo 1,1-5.10; Col 1,15-20) a partir do Big-Bang, há aproximadamente 13.800 milhões de anos.
É muito fácil constatar quem é o Criador do universo. Se analisarmos a natureza de uma forma geral, quanto ao tempo, nos deparamos com: passado, presente e futuro, três em um; quanto ao espaço: largura, altura e profundidade, três em um; quanto à base da matéria: prótons, nêutrons e elétrons que formam o átomo, três em um; quanto à matéria: estado sólido, líquido e gasoso; quanto à música: melodia, harmonia e ritmo, três em um, e assim por diante. Então vem aí a pergunta: de onde vem três em um?
A Criação é três em um, assim como Ele é, um Deus Trinitário. Nesta ciranda da vida percebemos o quanto é importante cuidar o mundo em que vivemos e reconhecer o poder do Criador no processo de formação de cada criatura.
O tema da Consciência Crítica do Pe. J. B. Libânio, trouxe-nos uma análise filosófico-cultural do processo histórico, tendo como referência de análise três momentos: objeto, sujeito, e social dialético. Cada momento se compreende, numa relação consigo mesmo, com o semelhante, com o cosmos e com o transcendente.
A humanidade foi e vai fazendo história, tendo como principal impulsionador o sistema econômico, que por sua vez demanda o sistema político e gera o sistema social. Para entendermos a estrutura e a conjuntura em que vivemos, apresentada em grande parte pelos MCS, refletimos sobre os sistemas econômicos: Feudalismo, Capitalismo, Socialismo/Comunismo, Fascismo, Nazismo e Neoliberalismo.
Comentamos como são evidentes as consequências de morte do nosso sistema econômico. Uma das alternativas hoje é assumir o Bem Viver da visão quechua-aymara que acentua que todos somos iguais; que existe uma complementação em que cada parte é importante. Bem viver também significa estarmos em harmonia conosco mesmos e saber como coexistir com todas as formas de existência. Viver em comunidade, saindo do individualismo, vivendo na sociedade com equidade, respeito e sem exclusão, em equilíbrio com a Pachamama. O Papa Francisco também nos convoca a assumirmos a economia de Francisco e Clara.
A partir dos anos 60, através dos avanços tecnológicos da era digital, da expansão dos meios de comunicação e da indústria cultural esses sistemas foram gerando a modernidade, pós-modernidade e sociedade liquida, ocasionando mudanças significativas nas tendências artísticas, filosóficas, sociológicas, científicas e até religiosas. A sociedade líquida relativizou os valores perenes de nossa sociedade e hoje vivemos numa sociedade violenta como nunca houve.
A formação que vamos recebendo vai nos ajudando a nos tornar capazes de sermos radicais em nossas opções e posicionamentos, sem abrir mão dos valores perenes, como o de nossa capacidade de amar, da ética, do respeito à dignidade do outro e do cuidado com a Casa Comum. A natureza que nos cerca e da qual somos parte, não deve ser pensada como “máquina”, mas como um organismo vivo; não como constituída de partes estanques, mas como sistemas abertos, formando redes de relação, pois “tudo está interligado, como se fôssemos um...”